The Fall of the Stars: Capítulo 5 - Coração Partido
- AngelDark

- 14 de jul.
- 33 min de leitura
Volume 3 : Sentido da Vida
Parte 1
Sala de Vigilância Laboratório Nova Vida
Dante recuperou a consciência. A dor dos seus machucados havia sumido e ele sentia o corpo estranhamente inteiro. Assim ele piscou, acostumando os olhos à penumbra da sala onde estava, começando a observar o local com o olhar, procurando por Velvet. Foi quando notou a luz azulada que pulsava de um monitor no canto da sala.
Lá estava ela, de costas para ele, encolhida diante do brilho da tela. Seus braços se apertaram em torno do próprio corpo, e soluços baixos e contidos chegavam aos ouvidos de Dante. Ele se concentrou, tentando discernir a voz masculina que emanava do monitor:
— Infelizmente, eu não pude ser o que nenhum de vocês precisava. Quando Rover morreu, eu deveria, mais do que nunca, ter ficado ao lado de vocês, mas, no fim, eu só consegui arruinar tudo e me afundar. Mas, ainda assim, eu acredito, minha filha, que exista uma forma de salvar a todos. Como eu disse sobre aquele homem, ele é a resposta. A resposta para mudar este mundo. Se seguirmos seu roteiro, poderemos criar um mundo sem dor. Por isso eu te peço, minha filha, sei que talvez seja tarde, e que eu nem tenha mais o direito de te pedir algo assim, mas se você algum dia me considerou como alguém digno de se chamar de pai, como um último pedido de pai: conserte este mundo.
O som agudo do disparo ecoou pela sala, seguido pelo silêncio pesado. A imagem no monitor congelou.
— Velvet! — Dante se levantou, correndo até ela no exato momento em que as pernas de Velvet cederam, e ela desabou no chão, chorando em desespero sacudindo seus ombros. Dante a envolveu em um abraço apertado, sentindo o tremor do seu corpo contra o peito.
— Por quê? Por quê? Por quê? Por quê?! — A pergunta era um lamento rouco.
Suas mãos foram aos cabelos, puxando os fios com força, até Dante segurar seus pulsos com mais firmeza, trazendo-a para mais perto no abraço. Ele a embalou por um instante, esperando que ela parasse de se machucar. Finalmente, exausta, ela relaxou minimamente o corpo, encostando a testa no ombro dele, as lágrimas molhando o tecido da roupa de Dante. Sua voz saiu em forma de uma frase cheia de sofrimento:
— Por que... eu estou sozinha no inferno?...
Dante não sabia o que dizer; ele não entendia completamente a sequência dos eventos. Juntando as peças que conseguia reunir – a conversa com Kamuz, a história do passado de Velvet –, ele só conseguia ligar os pontos: o pai dela, foi quem de alguma forma, a salvou
Causando a fuga das quimeras ou até transformando kamuz naquele monstro que eles enfrentaram, libertando-a. Mas logo depois, por uma razão ainda obscura, Ele tirou a própria vida, deixando Velvet devastada e, agora sim, verdadeiramente sozinha.
Dante apertou o abraço por um instante antes de afastá-la o suficiente para olhar em seus olhos marejados.
— Escuta, Velvet. Não importa o que aquele vídeo disse, não importa o que Kamuz diga, você não está sozinha. E não está amaldiçoada. Você me fez ver... me ajudou a perceber quem eu quero ser. Que posso mudar. Então, por favor, — sua voz baixou, tornando-se mais íntima, — fica comigo. Eu prometo, nunca mais vou te deixar sozinha.
Velvet balançou a cabeça, afastando o rosto.
— Não... Você não pode. Não pode ficar comigo nesse inferno. É perigoso demais. Eu vou te perder... ou eu vou te matar. — Sua voz tremeu na última frase.
— Você também viu, eu sou um monstro, Dante. Este maldito mundo me tornou isso e tirou tudo com que eu me importei.
— Você não é um monstro. Se eu explicar para o Sanemi e os outros, eu consigo te tirar daqui e te mostrar um mundo que você nunca viu.
Ela encontrou o olhar dele novamente, a dor profunda turvando seus olhos.
— Você não entende... Não existe felicidade duradoura num mundo assim. Quando você pensa que pode baixar a guarda, é aí que ele te arranca tudo. E eu não posso... eu não posso te perder também, Dante. — Sua voz falhou. — Não posso. Senão, não vai me sobrar absolutamente nada.
— Então fica comigo! Se não quer me perder, fica comigo! — A urgência na voz de Dante aumentou.
— Eu já não disse que te entregava uma parte de mim? Hein?
Seus punhos se fecharam ao lado do corpo.
— Eu não vou deixar! Não vou deixar o mundo tirar mais nada de mim! Não vou deixar esse inferno continuar destruindo tudo que eu amo!
— Então vamos fazer isso juntos! Se você quer se vingar ou destruir este mundo, para mim não importa mais. Eu vou junto com você!
— Isso não é verdade... — Velvet sussurrou, desviando o olhar. — Tem muita coisa neste mundo que é importante para você, mesmo que você finja para si mesmo que não é.
— Não importa mais. — Ele deu um passo à frente, a voz baixando novamente, mas carregada de uma intensidade diferente.
— Aquele Dante antigo... ele morreu. Quando fui atacado por aquele lobo, quando caí. O veneno anti-imortalidade dele... teria me matado. — Ele fez uma pausa, observando a reação dela.
— Mas você... você fez algo. Você comeu... comeu aquela criatura, não foi? Para absorver o poder dela... para tirar o veneno de mim.
— Você... você estava consciente? — O pânico lampejo nos olhos de Velvet.
Ela recuou um passo, depois outro, o medo estampado no rosto. Ele tinha visto. Visto o ato horrendo, a forma como ela devorava as entranhas do lobo,
Ela sabia que tinha que impedir ele de ver aquilo, pois uma vez que ele visse, ele a veria apenas como um monstro agora. O impulso de fugir a dominou, mas antes que pudesse virar, Dante avançou e segurou seu braço, gentilmente, mas sem deixá-la escapar.
— Eu te amo, Velvet. — As palavras saíram diretas, sem hesitação.
— É verdade. Eu... eu achei que nunca sentiria algo assim, mas é a verdade. Com você... não importa onde eu esteja, não importa quem eu seja. Eu só... — Ele apertou levemente o braço dela.
— Por favor, fica comigo...
Um soluço escapou de Velvet, mas desta vez não era apenas de dor. Lágrimas de genuína emoção escorreram por seu rosto enquanto um pequeno, frágil sorriso surgia. Ele sentia o mesmo. Por um instante fugaz, a escuridão pareceu recuar. Ela não estava sozinha. Uma família... Alguém ao seu lado.
Naquele momento, memórias de um passado distante a invadiram – risadas, jantares em família, a sensação de pertencimento, um sentimento que ela só conseguia sentir ao lado de sua família.
Assim ela imaginou-se partindo com Dante, construindo algo novo, longe daquele laboratório, longe da dor... a possibilidade de um sonho alcançado.
O sorriso vacilou, desaparecendo tão rápido quanto surgiu. A realidade fria a atingiu como um golpe. Ela balançou a cabeça lentamente, as lágrimas agora amargas.
— Não dá, Dante. — Sua voz estava embargada, mas firme.
— Eu não posso... não posso simplesmente ir embora e perdoar este mundo por tirar tudo que eu amava. Não posso perdoar todos que vivem nele, felizes, ignorantes, enquanto todos que eu amei... tiveram seus sonhos destruídos.
Enquanto falava, as imagens em sua mente se distorceram, o passado feliz sendo substituído pela visão torturante do que poderia ter sido, do mundo ideal que lhe fora roubado: pais orgulhosos, irmãs reunidas, ela e Dante chegando em casa com os primos de Dante, todos rindo... Assim lentamente a dor tornou-se raiva.
— Eu odeio este mundo! — O grito foi baixo, mas carregado de fúria contida.
— Eu não o aceito! Por que nós tivemos que sofrer tanto? O que fizemos para merecer isso?!
— Eu não sei a resposta — Dante disse, estendendo a mão.
— Mas eu vou com você. Juntos, nós podemos achar uma resposta. Eu prometo. Só... por favor, não solte a minha mão...
Velvet olhou para a mão estendida, depois para o rosto dele. Um sorriso triste, cheio de uma ternura dolorosa, curvou seus lábios. Ela deu um passo à frente, ignorando a mão dele, e o beijou suavemente.
No entanto, aquele foi um beijo de despedida, carregado de amor e arrependimento, mas, por um instante, eles puderam só ficar ali, com suas testas coladas.
"Dante, eu realmente sinto muito," velvet começou a pensar enquanto o beijava,
"mas eu não posso perdoar este mundo. Eu não posso aceitar isso, sabendo que posso mudá-lo. Mas você é diferente. Você ainda pode ter uma vida feliz ao lado daqueles que ainda estão ao seu lado. Mesmo brigando, seus primos foram até lá no subterrâneo atrás de você e, mesmo agora, vêm atrás de mim para te proteger. Mesmo que você não veja agora, eu sei que, se for comigo, vai se arrepender de não ter estado ao lado deles."
Então, rápido como um raio, antes que Dante pudesse processar a tristeza no olhar dela, a mão de Velvet subiu e atingiu a lateral do pescoço dele. Os olhos de Dante se arregalaram em surpresa por uma fração de segundo antes de virarem, e seu corpo amoleceu. Velvet o segurou antes que caísse com força, amparando-o gentilmente até o chão frio do laboratório, enquanto suas lágrimas escorriam sem controle.
— Eu vou até a Horizon e, assim como meu pai pediu, eu vou queimar este mundo e criar um em que realmente possamos ser felizes.
Velvet beijou a testa de Dante.
— Mas eu te prometo: eu sempre estarei te observando. E prometo que, se um dia este mundo também te tirar algo que doa tanto ao ponto de você não suportar, eu voltarei, mesmo que seja para ser o alvo do seu ódio. Por isso, Dante... não se esqueça de mim.
Parte 2
Após aquilo, Dante acabou sendo encontrado na sala de vigia do laboratório. Ele foi encontrado pelo fato de a sala ter um dos monitores tocando um certo assobio constantemente, como se alguém quisesse que aquele local fosse encontrado, mas todas as gravações da sala foram apagadas, impossibilitando que qualquer um descobrisse o que realmente aconteceu. Após acordar, Dante, com uma cara apática e vazia, apenas relatou que havia conseguido matar a quimera.
Ninguém conseguia aceitar muito a ideia, mas todos notaram a expressão vazia que Dante tinha em seu semblante, o que fez com que ninguém quisesse muito se aprofundar em qualquer coisa que tivesse acontecido. Quando voltaram de sua missão e relataram o que havia acontecido, Dante acabou anunciando que abandonaria sua família. Assim, saiu de casa por vontade própria, sem ser parado por ninguém.
Foi quando a verdade sobre a geração anormal foi revelada: nunca se tratou de forçar crianças a continuar em missões até que uma delas morresse, e sim de fazê-las continuar até que alguém tivesse coragem de se recusar a obedecer ordens, ir em busca de seus próprios objetivos, ter autonomia. Ainda assim, aquela geração foi a que mais demorou para que isso acontecesse, o que concedeu a ela seu título de "anormal".
Nero, Sanemi, Lin e Saito nem conseguiam acreditar ao ouvirem aquilo, mas nenhum dos Scarlune parecia se importar com o que quer que isso tivesse causado em suas mentes, ficando mais curiosos com Dante, uma vez que ele foi o primeiro Scarlune que, após ter passado por suas missões, escolheu abandonar sua família: uma irregularidade, algo especial entre os especiais, fazendo com que os Scarlune quisessem entendê-lo e analisá-lo ainda mais. Só que, ao mesmo tempo, decidiram não interagir com ele contra sua vontade, para ver até onde essa sua individualidade – e, quem sabe, seu objetivo – o levaria.
Dante passou vários anos tendo aventuras por todo o continente Elysium, onde cresceu, até o dia em que finalmente se encontrou com Luck e se reencontrou com Nero no colégio onde passaria seus dias, até o incidente na Torre Dates. Sempre alegre e feliz, vivendo no máximo, ao limite, como se quisesse preencher algo.
Parte 3
Presente:
Ao acordar, Ludmilla sentiu uma ausência de dor que era quase mais alarmante que a memória do golpe, Quando seus olhos terminam de abrir ela se depara com Dante ao seu lado, perto de uma fogueira, enquanto do outro lado das chamas, estava Layla – a mulher que a atacou – observando-a com um leve sorriso. Instintivamente, Ludmilla recuou, re-invocando sua espada.
— Calma, Milla, relaxa aí. — A voz de Dante era cansada, mas firme.
— Ela não vai te atacar de novo.
— Depois do que ela fez? Difícil acreditar. — Ludmilla respondeu, a desconfiança evidente em sua voz, enquanto discretamente checava o local onde foi atingida.
— Como...? Eu estava ferida.
Layla riu, baixo se divertindo com a confusão da garota, assim ela, fez um corte minúsculo no próprio dedo com a unha; uma gota de sangue escuro surgiu e a ferida fechou-se instantaneamente diante dos olhos de Ludmilla.
— Ao invés de apontar essa lâmina para mim, que tal me dar os meus agradecimentos ? — disse Layla, mostrando o dedo agora perfeito.
— Meu sangue tem propriedades interessantes, tanto que consertou você direitinho.
Ludmilla franziu a testa sem saber se podia confiar nela.
— Ela não está mentindo, — interveio Dante.
— E... nós nos conhecemos. Há muito tempo atrás. O ataque de agora pouco foi... Um jeito dela chamar atenção, eu acho.
Ludmilla observou Layla por um momento. Havia algo na maneira como ela olhava para Dante, uma intensidade que parecia excluir o resto do mundo. E a facilidade com que falava de violência e cura era desconcertante.
— Certo... cura pelo sangue. Entendi. — Ludmilla levantou-se devagar, ainda mantendo distância.
— Mas... ainda preciso de um momento. Processar... tudo isso, então Vou ficar naquele prédio ali. — Apontou para uma estrutura semi-intacta nas proximidades.
— Prefiro ter meu próprio espaço por enquanto.
— Ei, tem certeza que vai se afastar tanto? Você pode ser atacada! — Dante alertou.
— Sei dos riscos. — Ludmilla respondeu, seu olhar passando de Dante para Layla e de volta.
— Mas a dinâmica aqui... — Ela fez uma pausa, escolhendo as palavras. — ...é algo que prefiro observar de uma distância segura por agora. Me chamem se precisarem de algo, Buona Notte.
Dizendo isso, Ludmilla se virou, ofereceu um aceno rápido e caminhou decidida até o prédio escolhido, deixando Dante e Layla sozinhos na luz bruxuleante da fogueira.
— Sinceramente, com tantas candidatas para me trair, tinha que escolher logo alguém tão irritante? — Layla falou, o sorriso zombeteiro voltando, embora Dante mantivesse a expressão séria.
— Eu sei que você não deve querer me perdoar.
— Se sabe disso, por que veio atrás de mim? Logo agora!, E como você ainda está... assim? Viva e... igual?
Layla esperou um momento, o olhar varrendo as sombras ao redor, confirmando que Ludmilla estava fora de alcance auditivo.
— Digamos que minha dieta foi... peculiar.
— Então, você comeu algo que te ajudou a chegar até aqui, Velvet.
Layla assentiu com a cabeça, satisfeita por ele usar o nome antigo.
— Uma das... aquisições... teve um efeito colateral interessante na minha longevidade. E quanto ao nome 'Layla'... — Assim ela deu de ombros levemente. — Achei que seria prudente deixar 'Velvet' para trás, considerando quem poderia estar procurando por ela depois de tanto tempo. Mas o importante é que você sabe quem eu sou. Isso basta.
— Tá, mas por que decidiu aparecer logo agora? Achei que estava ocupada... com a sua vingança.
As palavras de Dante pareceram atingir um ponto sensível. A postura de Layla vacilou por um instante antes de se recompor.
— Ouvi sobre o que aconteceu na torre. E soube do incidente no navio. Não foi difícil ligar os pontos, imaginar como você estaria lidando... ou não lidando... por isso eu sabia que precisava vir.
Dante desviou o olhar.
— Se for só por isso, você já pode ir embora…
— Eu sei que você ainda não deve ser capaz de me perdoar, mas...
— Não é só sobre isso… Não é simples assim. Eu não sei dizer o porquê, mas embora eu saiba como deveria doer, como algumas coisas deveriam machucar, às vezes só parece que estou observando minha vida e meu passado como um espectador… Meus sentimentos parecem não me atingir.
— Isso é…
— Eu achei que esses sentimentos haviam sido tirados de mim, mas eu recuperei meu ódio por Niklaus, percebi que ainda gosto de mangás, mesmo que não seja na mesma intensidade. Só que, às vezes, esses sentimentos flutuam.
"Dante ainda não deve ter percebido o quanto aquilo o impactou. Adam havia dito que isso foi por conta da fusão dos dois, mas esses sintomas... não é só isso", Layla pensou.
Layla caminhou até Dante e o abraçou novamente, deixando-o desconfortável mais uma vez. — Eu sei que deve ser estranho agora, mas esse desconforto ainda é prova dos seus sentimentos. Você precisa se agarrar a eles, ou então vai viver uma vida desconectada deles.
Novamente, Dante se afastou.
Layla não queria dizer aquilo, pois sabia que, se falasse e dependesse dos sentimentos dele por ela, isso significaria que o relacionamento deles era mais importante do que ela admitia. Mas, juntando suas forças, ela aceitou, uma vez que já havia decidido intimamente que faria de tudo para salvar Dante, antes que ele quebrasse.
— E os seus sentimentos por Nero?
Ao ouvir aquilo, Dante se virou bruscamente para Layla.
— Como você sabe?
— Eu disse que procurei informações.
— Não faz diferença. Eu vou trazê-la de volta. Mesmo que não sinta mais o que deveria, eu prometi para mim mesmo.
— É isso que você anda dizendo para si mesmo? É justamente isso que está te freando!
— Do que você está falando?
— O seu ódio, seu desejo de vingança, seu desejo por poder... tudo isso não é por causa dela? Vai dizer que não percebeu? Você está dizendo que parou de sentir por ela só porque começou a afastar esses sentimentos, mas no fundo eles ainda estão aí, não estão?
— Eu já disse que não sinto nada!
— Mentira.
— Eu não sinto dor…
— Mentira!
Dante se levantou e começou a se afastar, enquanto Layla se levantava e ia atrás dele.
— Para de me seguir!
— Não até você aceitar a verdade!
— Por que você continua com isso, afinal?
— Por que você continua negando?
— Isso não é da sua conta!
Dante continuava se afastando, mas Layla o segurou. Dante se virou, chutando a garota, que deslizou para trás, mas rapidamente deu um chute na perna dele, derrubando-o. Ela subiu em cima dele, encarando-o nos olhos.
— Admita que dói! Vamos, admita para si mesmo!
— Não importa o quanto você diga, eu…
Enquanto isso, do outro lado do labirinto, no campo de visão do grupo de Chuya, Mio e Anna, que se aproximavam da Montanha:
— Tem algo errado… — Anna falou, tropeçando e caindo, sentindo uma dor no coração.
— Ei, você tá bem? — Mio perguntou, enquanto Chuya a encarava.
— Não… Por quê? Alguém está tentando recordar os sentimentos do Dante.
De volta a Layla e Dante:
— Vamos lá, admita logo…
— Por quê?...
— Meu outro motivo para ter vindo é te ajudar a ficar mais forte. Eu vi o seu potencial no Titanic, mas você ainda pode ficar muito mais forte. Só que esse poder... você não vai conseguir acessá-lo até começar a aceitar suas dores e aprender a superá-las.
— Droga! — Dante exclamou, empurrando-a para cima e saindo debaixo dela.
— Bom, talvez você não aceite tão fácil só com uma conversa, né? Você sempre foi cabeça dura.
Dante saltou na direção dela com um chute, que Layla bloqueou com a mão. Ele se afastou e, novamente, avançou em alta velocidade.
— Liberar Arquivo: Segundo Modo: Deus da Velocidade!
Ele ficou tão rápido que Layla mal podia vê-lo. Ela começou a dar vários tiros em todas as direções, como se quisesse acertá-lo por coincidência. Mas, quando Dante, que havia saltado para esperar a chuva de balas acabar, voltou a correr na direção dela, foi atingido por uma rajada de balas vinda de suas costas.
— Já esqueceu? Achei que tinha aprendido observando. Se calcular bem, pode prever os movimentos de qualquer um, controlar suas balas e assim atingi-lo.
Novamente, Dante começou a correr enquanto Layla apontava as balas em sua direção, acertando-o mais uma vez. Dante se escondeu atrás do corpo gigantesco do urso que haviam derrotado. Mas Layla, mesmo sem vê-lo, começou a atirar, e os disparos iam em sua direção. Dante continuava a se mover por trás do corpo do urso, quando, de repente, estacas de metal ergueram o animal no ar, que começou a pegar fogo.
— Droga! O que mais você comeu, afinal? — Dante gritou, embora tenha notado Layla vacilar por alguns segundos.
"Essa habilidade dela… É claro, toda habilidade tem um limite, um desgaste, como capacidades físicas normais. Usar tantas habilidades ou abrigar tantas no corpo deve desgastá-la de algum jeito", Dante pensou rapidamente.
Ele saltou e deslizou pelo lado, aproximando-se de Layla para, no momento em que ela vacilasse, tocar nela e ativar a paralisia. Mas, antes disso, Layla o pegou de guarda baixa com um tentáculo saindo do chão, lançando-o para o alto e acertando-o com vários tiros que o derrubaram.
— Droga! Droga! — Dante socava o chão.
— Já acabou?
— Para você deve ser fácil, sendo tão forte assim!
— Não é questão de eu ser forte, você é quem está sendo fraco!
Dante saltou com raiva na direção dela e chutou, mas dessa vez Layla bloqueou com o braço, socou-o e começou a disparar vários tiros no estômago dele, finalizando com uma cabeçada forte que o lançou para trás.
Dante levantou mais uma vez, tentando chutá-la. Ela desviou. Ele pegou uma pedra e a lançou em alta velocidade, mas, enquanto ainda estava no ar após o salto, Layla atirou. A bala passou por dentro da pedra, quebrando-a, e ainda atingiu o ombro de Dante.
— Aghh! Acha que eu não sei?! Que eu sou fraco? Que eu deveria ficar mais forte?! Por que acha que estou me esforçando tanto nesse teste?!
— Ainda não é o suficiente! Por acaso vai dar essa desculpa quando estiver na frente do inimigo?
Layla e ele correram um na direção do outro. Layla novamente chutou as pernas dele, desequilibrando-o, e encheu seu estômago de tiros, lançando-o contra o chão. Logo, os tentáculos voaram até ele, mas Dante rolou para o lado, afastando-se.
— E o que eu deveria fazer?! Me responde, o quê?!
— Deixe de ser tão fraco! Pare de fugir dos seus sentimentos!
— Mas eu faria isso se pudesse!
— Você está mentindo de novo!
Dante rolava, esquivando dos ataques, enquanto Layla avançava. Ele saltou para trás, mas uma estaca de ferro o bloqueou, impedindo-o de se afastar. Dante concentrou seu éter no olho direito e abaixou a cabeça, desviando do tiro de Layla, que respondeu girando e acertando-o com um chute no estômago, fazendo Dante vomitar.
— Admita que dói! Que é insuportável!
— É… eu não…
— Eu já disse que você consegue! Seus sentimentos estão aí, deixe eles fluírem!
— Eu... eu… — Dante repetia isso de novo e de novo, mas agora se perguntava se ela não tinha razão alguma. Assim como havia ignorado propositalmente a presença de Layla antes, ele poderia estar ignorando seus sentimentos. — Está doendo…
— Diga…
— Está doendo tanto que eu não consigo respirar… Está doendo tanto que eu não quero respirar…
Layla o chutou para trás e começou a atirar nele novamente.
— Você sente isso? Tem vontade de abandonar esses sentimentos porque eles doem? Prefere parar de respirar porque não quer enfrentá-los? Mas enquanto você não o fizer, não vai poder ficar mais forte!
Dante continuava se sentindo pior, a cabeça voltando ao seu turbilhão. Esses sentimentos, essa desconexão que ele tinha com eles... mas o fato era que eles ainda estavam lá, assim como seu ódio por Niklaus. Podiam ser alcançados. E se ele conseguisse aceitar os fragmentos que havia tirado de si?
Naquele momento, chifres apareceram na cabeça de Dante. Ele enfiou a mão em sua própria sombra, sacando uma lâmina escura, e avançou na direção de Layla.
Layla começou a atirar na direção dele, mas Dante respondia cortando cada uma das balas que vinham em sua direção em alta velocidade. Enquanto lágrimas escorriam de seus olhos, ele passou pelas costas de Layla, ficando de costas para ela. Ambos se viraram e atacaram ao mesmo tempo, saltando para trás.
"É isso, Dante! Aceite sua dor, aceite seu ódio! Mesmo que tenha que direcioná-los a mim, não deixei isso preso dentro de você!" Layla pensou, percebendo que uma de suas pistolas havia sido roubada por Dante.
Ele agora corria com a katana em uma mão e a pistola na outra. Layla bloqueou o caminho dele com várias estacas grandes como pilastras, mas, realizando um corte imbuído de chamas vermelhas e raios, Dante destruiu todas elas.
Então, ele disparou na direção de Layla. A bala atravessou vários anéis de energia, acelerando e percorrendo a velocidade do som. Layla usou toda a sua força para esquivar para o lado direito, exatamente onde Dante havia saltado, mostrando que havia previsto onde ela estaria.
“Isso! Continue! Cresça ainda mais, Dante!” Layla incentivou mentalmente.
Mas, no momento em que ia atacar, Dante enfiou sua katana no chão e largou a arma, chorando como se não aguentasse mais. Layla se aproximou e o abraçou, percebendo que havia exigido demais por agora. Tentou acalmá-lo, até que ele adormeceu ali mesmo.
Naquele momento, apesar de ninguém no campo de batalha ter notado, toda a batalha foi assistida, pela criatura no alto da montanha que observava tudo enquanto tinha ao seu lado kagura e kurokawa caídas no chão.
Parte 4
Algumas Horas Atrás, no Labirinto Vivo
Após colocar todos os estudantes no labirinto, Ryunosuke acabou indo para um local de onde monitorava todos os acontecimentos, analisando seus estudantes. Esse era o plano. No entanto, algo que ele não esperava aconteceu: por cerca de horas, seu cérebro simplesmente desligou. Seus instintos de sobrevivência ou desejo de fuga, tudo isso foi suprimido. Como uma criança abraçada por sua mãe, todas as defesas de Ryunosuke sumiram, e ele apenas ficou parado, recebendo esse amor quente e acolhedor.
Demorou horas até que ele percebesse que algo estava estranho. Somente quando a vida de Abel foi completamente ceifada, ele percebeu o que estava acontecendo. Ainda assim, seu cérebro não voltou à plena capacidade. Como alguém que havia sido abraçado por um sono pesado e profundo, mesmo que seus sentidos estivessem voltando e ele tivesse despertado, a confusão era tamanha a ponto de ele não ter certeza sobre o que devia saber. Mas uma coisa fez com que, mesmo que seu cérebro não soubesse, seu corpo agisse: o sentimento de proteção. Ryunosuke sempre foi extremamente apegado à sua irmã, ao ponto de colocar a vida dela à frente da sua. Isso se tornou um instinto protetor que supera até o instinto de autopreservação e sobrevivência. Por isso, naquele momento, mesmo que ele não fosse capaz de agir para se salvar, seu corpo o moveu para proteger sua irmã.
"Algo está errado. Esse labirinto já não é mais meu domínio."
Essas frases passaram rapidamente pela cabeça de Ryunosuke e, impelido a proteger sua irmã, seu corpo começou a forçá-lo a desativar sua Black Box. No entanto, o que ele não esperava é que o novo dominante daquele lugar também fosse capaz de sentir isso. Dada a profunda conexão dela com o Ether, no segundo em que Ryunosuke começou a desativar sua Black Box, o corpo da mulher também se moveu.
Quando uma Black Box está sendo desfeita, é o momento em que ela fica mais instável. Normalmente, isso não representa nenhum risco, pois ela só é desfeita quando o usuário vence o adversário ou quando o adversário acha uma forma de quebrá-la. Logo, essa fraqueza, em uma batalha normal, torna-se completamente irrelevante. No entanto, o que estava acontecendo não podia estar mais longe possível do que seria considerado normal. Como se o próprio Ether falasse para a mulher no topo da montanha, ela descobriu exatamente como se aproveitar dessa instabilidade. Ao imbuir seu próprio Ether para completar as partes da caixa que começaram a se desfazer, a mulher conseguiu forçar a continuidade da Black Box de Ryunosuke e, em uma tacada só, ele havia perdido seu domínio daquele lugar. Agora, todo aquele labirinto era um lugar fixo, que continuaria a existir enquanto a mulher e Ryunosuke estivessem lá vivos, alimentando a caixa com seu Ether.
Não demorou um segundo sequer após isso para que Ryunosuke percebesse o tamanho do erro que havia cometido. Agora, muito pior que antes, ele já não podia mais controlar aquele lugar nem retirar os alunos dali. Sua tentativa de salvar a todos acabou por colocá-los em uma situação diversas vezes pior.
Percebendo a nova situação urgente, seus sentidos ainda letárgicos demoraram cerca de dez décimos de segundo para agir, novamente atrasados, em uma batalha de movimentos contra seus instintos de proteção, os quais, para ajudar sua irmã, ativaram as capacidades sensoriais de Ryunosuke ao máximo. Ele expandiu seu Ether, cobrindo uma enorme parte do labirinto para encontrar Megumi. Mas foi então, quando seu Ether cobriu por completo a montanha onde a misteriosa mulher estava, que Ryunosuke pôde finalmente sentir de verdade a presença dela; mais do que isso, pôde ver de verdade por dentro dela, o mais profundo de seu Ether — uma ação da qual ele se arrependeria amargamente. Pois, ao visualizar o Ether de sua oponente, nada além de desistência e aceitação surgiram na mente de Ryunosuke, que imediatamente desativou seu Ether, caindo de joelhos, sem conseguir pensar direito novamente.
Naquele momento, por conta de seu embate com Ryunosuke, mesmo estando a quilômetros de distância, a mulher não percebeu a nova invasão de seu território. Quando as duas companheiras de Abel terminaram de subir a montanha em sua busca, ainda que a mulher não as encarasse ou notasse sua presença, Kurokawa e Kagura a viram. Ela estava parada perto de um rastro de sangue e uma pilha de ossos que pareciam humanos. Ambas perceberam o que deveria ter acontecido naquele lugar. Ainda assim, seus corpos se recusaram a se mover; mais do que seus corpos, suas mentes não desejavam intervir.
Para ambas, ver aquele jardim era como testemunhar uma obra de arte. Mesmo que não fossem capazes de entender, podiam sentir seu poder (ou impacto). Ambas caíram no chão, ajoelhadas, e começaram a chorar. No entanto, enquanto Kurokawa continuou parada, apenas chorando, Kagura começou a se coçar violentamente, arranhando o rosto e o corpo.
Com isso, a mulher se virou, seus olhos se estreitaram em desconforto. Parecia uma mãe com dó de suas crianças, mas, ao mesmo tempo, decepcionada ao vê-las se machucando por causa de alguma artimanha que ela mesma tivesse cometido. A mulher caminhou até as duas e, com um sorriso, estendeu a mão a elas, como se as chamasse para brincar.
Sem hesitar, ambas aceitaram a mão e se levantaram. Em um momento de extrema felicidade e delírio, as duas começaram a brincar e dançar como crianças, aproveitando sua infância pura e inocente junto daquela figura materna. As criaturas e os animais ao redor observavam com aparente (ou estranha) felicidade. Naquele momento, as mentes de Kagura e Kurokawa estavam completamente em branco, preenchidas apenas por diversão. Elas apenas brincaram e dançaram até o anoitecer.
Quando a noite chegou, nenhuma delas percebeu nada anormal. Nem mesmo Kurokawa achou estranho quando se deu conta de que estava deitada ao lado da mulher sobre uma enorme poça de sangue, enquanto comia algo. A mulher mantinha sua visão focada no horizonte, assistindo ao longe à batalha de Dante e Layla, como se estivesse vendo um filme e aprendendo alguma lição importante, mesmo que sem perceber.
Parte 5
Na manhã seguinte
Todos despertavam no labirinto sem qualquer receio ou preocupação, prontos para continuar sua jornada em busca da saída, exceto por Kurokawa, que acordou ainda deitada sobre a poça de sangue, levantando-se devagar apenas para ver a mulher andando até a ponte da montanha enquanto os animais a seguiam; assim, ela os acariciava e olhava para o horizonte.
Naquele momento, Kurokawa notou algo estranho, embora seu corpo estivesse letárgico demais para reagir ao que notou. Ainda assim, seus olhos perceberam que havia algo diferente em todos os animais, insetos e monstros que estavam ao seu redor, embora ela pudesse sentir que eram os mesmos, todos estavam diferentes: maiores, mais fortes, como se durante a noite algo tivesse acontecido e todos eles tivessem evoluído. Apesar disso, nenhuma gota de preocupação surgiu em Kurokawa; ao invés disso, ela apenas se sentiu verdadeiramente feliz por eles, como se, enquanto estivesse junto da mulher, ela soubesse que não havia mais motivos tolos para se preocupar.
Foi quando, então, Kurokawa começou a andar até a mulher parada na beirada da montanha. Mas, ao chegar perto, a mulher se virou e a encarou, e novamente sua feição estava diferente. A nova feição da mulher, a encarando, fez com que Kurokawa se sentisse mal a ponto de voltar a cair em lágrimas. Mesmo não sabendo o porquê exatamente, ela conseguia sentir que a mulher iria falar algo; assim, ela tapou sua boca para que os soluços e o choro não a atrapalhasse enquanto esperava por sua voz. Naquele momento, por todo o labirinto, a voz fraca e angelical da mulher foi ouvida como se ela não apenas estivesse se comunicando por sua voz, mas também através de seu coração.
— Ódio.
— Essa é a palavra que aprendi muito antes de nascer.
— Neste único labirinto, existe uma quantidade quase infinita ou incalculável de grãos de areia. Mas, mesmo que em cada grão de areia deste labirinto estivesse escrita a palavra "ódio", ainda assim não serviria para representar nem uma centelha do ódio com o qual nasci por todos vocês.
Naquele momento, um profundo repúdio dominou a mente de todos que ouviram aquelas palavras. Todos relembraram seus próprios defeitos, tudo aquilo que consideravam imperfeições e falhas. Não se tratava apenas das vezes em que mataram, mas de tudo que, em seu íntimo, sabiam que os tornava impuros ou que viam como erros. Até mesmo Layla, que não via suas ações como erradas e acreditava estar certa em tudo que fez, caiu em lágrimas.
Mas, naquele momento, observando todo o labirinto, a voz da mulher continuou:
— O motivo para eu odiar cada ser humano, com cada célula do meu corpo, é porque eu os amo.
— Eu nasci amando cada minúsculo ser deste universo. Para mim, mesmo com todas as suas imperfeições, cada um de vocês é especial, a ponto de eu querer deixar de existir para protegê-los.
— Mas eu não posso mais perdoá-los. Os seres vivos estão agora se repudiando, se matando em um ciclo sem fim e desnecessário. Eles sofrem, choram e lamentam. Essa agonia, esse desespero, me machuca como se meu corpo estivesse nessa dor. Por isso eu vim salvá-los. Por isso eu vim protegê-los. Para que a vida continue e ninguém nunca mais tenha que sofrer, vou recriar a vida neste planeta e conceder misericórdia a todos que já não aguentam mais viver.
— Eu os odeio. Odeio-os por completo, justamente por amá-los. Tendo um corpo humano, pude confirmar. Não existe espécie viva que odeie e mate sua própria gente como vocês mesmos.
— É justamente por machucarem e fazerem sofrer aqueles que eu mais amo que eu os odeio e jamais serei capaz de perdoá-los.
Quando a mulher parou de falar, todos conseguiram voltar a respirar, quase como se a pressão das palavras dela tivesse sufocado todos os seres vivos presentes ali. Ninguém sabia dizer exatamente o que havia acabado de acontecer, mas sabiam o perigo que as palavras da mulher representavam; ainda assim, todos estavam em lágrimas contínuas.
De repente, Ryunosuke se levanta enfurecido e começa a gritar para todos:
— Todos vocês escutem com atenção! Eu já não estou mais no controle da situação e também não sei o que está acontecendo, mas a coisa que vocês acabaram de ouvir, ela não vai hesitar em os matar. Considerem isso o desafio mais difícil que já enfrentaram. Sendo a classe dos loucos, não pedirei que sejam espertos e achem um jeito de fugir, ou que desistam.
Ele então eleva seu Ether novamente, como se mais uma vez a confrontar se, como se dissesse:
"Dessa vez eu não vou desistir!"
— Por isso, ao invés de pedir isso, eu peço: trabalhem juntos, lutem sem medo e voltem vivos, mesmo que morram!
Parte 6
O pedido ilógico e irracional de Ryunosuke ressoou na alma dos alunos. Assim, os grupos de alunos sabiam exatamente o que fazer. Esse já não era mais um simples teste escolar ou uma brincadeira, eles estavam apostando sua vida e, comparando os dois discursos, de seu professor e da misteriosa mulher, a resposta para vencer ou perder era óbvia: se eles conseguissem escapar e sobreviver, junto de seus companheiros, eles venceriam; caso eles morressem ou apenas alguns sobrevivessem, eles perderiam.
— Sendo assim, a resposta é óbvia! Se alguma deusa acha que vai me vencer, mostrarei que ela está errada!
Kai, que estava acompanhado de Kaiser e Shimura, começa a correr em alta velocidade.
"Eu sei que eles estavam aqui!"
Correndo em alta velocidade, ele começava a percorrer o caminho do labirinto até achar Sophi e Miguel; assim, ele os pegava e começava a correr de volta.
— O que você tá fazendo?
Sophi perguntava enquanto era arrastada por Kai em alta velocidade.
— Isso não é óbvio? Eu já falei! Eu serei aquele que ficará no topo e olhará todos de cima! Se aquela deusa acha que vai vencer matando os humanos, eu irei superá-la e ficar acima dela, protegendo esses fracos e destruindo o sonho dela!
Kai gargalhava, enquanto voltava até Shimura e Kaiser.
— Escuta, Gordo! Use seus poderes e crie em um lugar afastado uma fortaleza de algum mangá para ser o abrigo dos fracos que eu vou trazer. E você, arqueiro de merda, vá até um local alto e vigie os movimentos do inimigo!
Ele jogava um comunicador para Kaiser.
— Se ela for até eles, me avise! Eu irei distraí-la e afastá-la deles!
Todos ficaram de boca aberta. Ninguém conseguia raciocinar completamente ao ver aquilo, ao verem Kai nos últimos testes, achavam que ele era apenas um delinquente que só sabia brigar contra Dante. No entanto, em pouquíssimos segundos, ele mostrou uma capacidade de liderança, além de ter analisado os poderes dos outros e montado um plano rápido e eficaz para proteger os mais fracos.
Sophi, que o encarava, percebia a verdade sobre ele:
"Eu entendi... Então esse é o tipo de pessoa que ele é. Não é que ele odiasse o Dante, ele odeia estar abaixo de alguém, pois ele, mais que todos, odeia perder."
— Vamos atrás daquela baixinha laranja, do merda do Dante e da ruiva! Se eles concentrarem ataques com força máxima, poderão criar um buraco nessa Black Box e poderemos escapar. Aproveitamos a arrogância daquela mulher que acha que está acima de mim. Escapar com vida e impedir que ela mate qualquer um! E quando escaparem vivos, eu irei pisar na arrogância dela com os meus pés e provar que ela está abaixo de mim!
Assim, um sorriso feroz e confiante como o de um demônio se espalhou pelo rosto de Kai. Aquela coragem e determinação fora de série era tão grande que contagiou todos à sua volta, fazendo com que Kaiser e Shimura voltassem a se mover antes que percebessem que estavam o obedecendo.
Kai então joga Miguel para Shimura.
— Seu gordo, já disse! Leve-a até o abrigo!
— Espera, e eu?
Sophi perguntava.
— Você vai conversar com o Dante e pedir para ele colaborar.
— Espera, e por que você não pede?
— E ficar devendo um favor para aquele merda? Nem no inferno!
"Tá, ele até pode ser um cara legal no fundo, mas realmente tem sérios problemas com o Dante."
Parte 7
Já bem à frente do labirinto, perto de sua saída, o grupo que mais havia avançado e que agora estava quase concluindo o desafio era o grupo de Kintoki, Luck, Yuki e Daemon. Eles estavam a poucos metros da saída quando escutaram o discurso da mulher misteriosa e de Ryunosuke. Quando, de repente, após a conclusão de ambos, Kintoki saltou com toda a força de volta para dentro do labirinto.
— Aquele idiota saiu sem falar nada. — Luck falava, olhando para o horizonte por onde Kintoki foi.
— Acho que deveríamos voltar também. De qualquer forma, pelo que o professor disse, não há benefícios em chegar à saída agora. Ao menos podemos ver no que podemos ajudar. — Yuki acrescentava.
— Façam o que quiserem. Eu não estou a fim de dar a mãozinha e trabalhar com as crianças que não sabem se virar. — Daemon rebatia, sem hesitar.
— Então o que você planeja? Por acaso vai lutar também? — Luck questionava.
— Eu não sei, mas, seja lá o que for, vai ser o que eu decidir sozinho.
E assim, indo embora e se separando, Daemon desapareceu nos corredores do labirinto.
Já enquanto isso, Kintoki, que saiu a toda velocidade sem se restringir, começava a vislumbrar a montanha.
“Aquela idiota me fez ajoelhar? E agiu como se estivesse superior a mim, não é? Então, beleza! Vamos lá, divino! Já passou da hora de eu mostrar quem está acima de todos os seres vivos!”
Enquanto começava a correr pela montanha, subindo com o brilho do sol refletido nos óculos, Kintoki traçava facilmente seu plano, entendendo a principal habilidade do inimigo. E assim, ele chegou ao alto da montanha e então, sem hesitar, atacou.
“Identificando o poder do inimigo: aula pessoal do grande Kintoki.”
“Quando aquela mulher falou com todos por seus corações, ela os deixou imóveis e sem reação, o que dava para presumir que sua capacidade seja o desarmamento dos inimigos. Agora, a pergunta: como ela poderia fazer isso? Dada a forma como seu ataque se propagou, chegamos a três possibilidades:
Ela consegue imobilizar e desarmar os alvos através de seu Ether como uma propriedade única dele; assim, todos que interagem com o mesmo acabam sob os efeitos da autorreflexão.
Ela consegue aplicar uma área a sua volta onde faz com que todos passem por uma autorreflexão.
Ela é simplesmente um ser divino capaz de alterar as leis do mundo à sua vontade e fazer feitos impossíveis.”
“Todos os casos acima parecem prováveis. No entanto, se analisarmos como o ataque foi feito: quando estávamos sob a habilidade, alguns estavam a dezenas de distância do alvo, o que dificulta a segunda opção. Claro, ela poderia ter um alcance ridículo, capaz de preencher todo o labirinto com sua área; no entanto, se esse fosse o caso, não seria necessário desativar essa barreira como ela fez quando parou de conversar e retomamos o controle do corpo, o que invalida a segunda opção. A terceira cai pelo mesmo motivo: se ela é um ser ilógico e divino capaz de tudo, não haveria motivo para ela ativar e desativar seus poderes. Ela poderia ter feito todos continuarem assim e os matado sem qualquer esforço. Logo, a terceira também está invalidada, sobrando apenas a primeira. Isso pode ser confirmado, já que quando todos a ouvimos, podemos sentir seu Ether, mas, uma vez que ela para, paramos de senti-lo. Sendo assim…”
Exploda e Perfure: Espiral do Dragão!
Ao gritar aquilo, Kintoki concentrou uma quantidade massiva de Éter cinético em ambas as mãos e o disparou simultaneamente, resultando em duas ondas de choque espirais gigantescas que avançaram lado a lado, criando uma explosão massiva que foi vista por todo o labirinto.
“A sua fraqueza é a capacidade sensorial! Todos os Shapers possuem uma capacidade sensorial... não, todos os seres vivos são capazes de sentir a presença de outros desde o nascimento, mas nós, Shapers, que treinamos isso, temos uma capacidade mais aguçada e sensitiva. Por isso acabamos caindo facilmente na sua habilidade, já que só de nos aproximarmos nossos instintos farão com que tentemos sentir o que está à nossa volta e, ao sentir sua presença, somos pegos pelo seu poder. Mas, sabendo disso, a resposta é simples: assim como, graças ao treinamento, somos capazes de sentir mais facilmente as coisas, também ganhamos a capacidade de não sentir. Se desligarmos isso e pararmos de tentar sentir as coisas, o seu poder é anulado e podemos voltar a atacar!”
— Arrependa-se de ter tentado ficar em cima de mim no inferno!!!
Kintoki gritava em meio às chamas e à destruição. Sim, o Demônio da Violência, Sakata Kintoki, foi o primeiro a conseguir se impor diretamente à força daquele ser divino e realizar um ataque direto. Assim, enquanto caía, se afastando um pouco, já se preparava para o contra-ataque.
Enquanto isso, ao longe, observando tudo...
— Tá zoando? Aquele monstro realmente conseguiu? — Kaiser, com seu arco, obedecendo a Kai, prestava atenção à mulher, tendo sido capaz de ver toda a ação de Kintoki. Mas é quando, de repente, ele sente uma sensação apavorante e gigantesca.
Naquele momento, no meio das chamas e da fumaça, um homem com cabelos azuis espetados havia aparecido, segurando uma katana, com uma máscara estranha de Ether na boca. Kintoki, que havia se forçado para não sentir Ether, conseguirá achar uma brecha para invadir o território do inimigo; no entanto, foi justamente essa ação que o impossibilitou de perceber que havia mais pessoas naquele momento em cima da montanha, acreditando que seu inimigo era apenas um. Assim, ele não viu até ser tarde demais, quando o misterioso homem mascarado apareceu atrás de Kintoki, após ter cortado seu braço, e assim, à queima-roupa, falou:
— Venha devorar sua presa, Raijū!
Assim, um lobo trovejante apareceu de sua mão, mordendo o abdômen de Kintoki e o jogando com toda a força contra o chão.
Liberação Contratual: Raijū Céu Violento!
Assim, um raio de escala absurda caiu sobre o chão junto de um uivo de lobo. O Ether era tão grande que tudo ao redor brilhou e ressoou, enquanto nuvens de chuva apareceram e começaram a despejar água por todo o labirinto, como se o próprio céu chorasse pelo que estava para acontecer.
Enquanto isso, em cima da montanha intocada, a mulher caminhava na direção de Kurokawa, ainda em lágrimas. Assim, ela pegava seu rosto e secava suas lágrimas, novamente a acalmando e tranquilizando, enquanto dizia:
— Agora me conte tudo sobre Scarlune Dante.
E assim, a misteriosa mulher beijava profundamente Kurokawa.
Parte 8
Enquanto tudo isso acontecia dentro da Black Box de Ryunosuke, ao redor do mundo, outras engrenagens continuavam em constante movimento, mudando o cenário global longe dos olhos das pessoas. No Terminal Cinza, Zefar, o atual monarca, arrastava-se pelo chão com um enorme buraco no estômago, como se fugisse apavorado de algo. Naquele salão amplo, escuro e silencioso, sons de passos ressoavam por toda parte.
— Você é louco? Sabe quem eu sou? Sabe o que vai acontecer se me matar? Sou eu quem controla as sombras e o submundo destes reinos! Se eu morrer, não haverá ninguém controlando as coleiras deles, e eles começarão a espalhar caos e conflito por toda parte. O mundo vai virar um verdadeiro inferno!
Ele continuava a se arrastar pelo chão em direção ao seu trono, desesperado, enquanto a pessoa que o seguia, sem mudar de ritmo, continuava a persegui-lo e começou a falar:
— Mas é justamente isso que eu quero. Nesse ritmo, irá demorar demais para que os outros deuses começam a aparecer pelo mundo. Eu preciso de mais caos, conflito e confusão para fazer com que todos comecem a elevar seus sentimentos ao limite. E o que é melhor para isso do que o caos? Pois é no inferno onde os sentimentos mais fortes são gerados.
Ele continuava andando, passando a mão pelas antiguidades e relíquias na sala de Zefar.
— É somente no inferno que o verdadeiro amor nasce para proteger o seu amado. É no medo que os corajosos se erguem para enfrentar esse temor. E é na tristeza que a felicidade surge, buscando esperança em um futuro melhor.
O homem continuava falando enquanto caminhava lentamente atrás de Zefar.
— Você é louco? Acredita mesmo em bobagens como coragem, esperança e amor?
— Nunca te contaram, meu pobre Zefar? Com coragem, esperança e amor, não existe nada que os humanos não possam superar.
— Então prova e supera isso!
Zefar, finalmente alcançando seu trono, pega sua pistola escondida em um compartimento secreto da cadeira e atira contra o homem. Este, porém, toca em sua espada, transformando-a em líquido que para a bala e viaja na direção de Zefar, ficando sólida novamente e decapitando-o.
Agora, banhado pela luz da lua, o misterioso homem caminhava até o trono, sentando-se nele, enquanto outras figuras apareciam em meio às sombras e se ajoelharam perante ele.
— Como ordenado, toda a organização de Zefar foi eliminada, Mestre Niklaus.
— Muito bem feito, Kali. Com isso, não haverá mais ninguém controlando os movimentos daqueles que se escondem nas sombras. Um novo epílogo está para começar, com as piores organizações do mundo revelando-se à luz para alcançar o trono que Zefar deixou e espalhando chamas pelo mundo em sua trajetória.
Diante dele estavam ajoelhados: Kali, Adam, Lúcia, Ceto, Maicon, Grigori e mais quatro outros membros.
— Alegrem-se, Horizon! Finalmente começaremos a ver este falso mundo sendo mergulhado em chamas, que usaremos para forjar o novo mundo. Agora vão, demônios! Criem todo o caos e destruição que seus corações desejam! Ajam com todas as forças pelos seus sonhos, pois todos sabemos que não existem limites para onde um homem sonhador pode chegar!
Enquanto isso acontecia, em vários locais pelo mundo, movimentos eram feitos por pessoas no poder, agindo e mudando o cenário global. Na Mansão Winchester, a data para a reunião da família foi finalmente marcada, e uma mensagem de aviso foi enviada a todos os membros vivos. No Reino Congelado de Invel, Eirlys chegou oficialmente ao posto de mediador, como representante eleito pelo povo. No Reino do Dragão, os preparativos finais para o grande festival, que aconteceria em um mês, foram concluídos, e os convites aos líderes de diferentes reinos foram enviados; foi a primeira vez na história em que o Rei de Gaia anunciou publicamente que participaria pessoalmente do evento. E no Reino dos Demônios, as batalhas por territórios, lideradas pelo Imperador Qin Shi Huang, tiveram uma pausa após a descoberta de que a Besta da Fome, Behemoth, desapareceu sem deixar rastros.
Alguns dias após a morte de Zefar e o início do incidente na Black Box de Ryunosuke, no Reino de Sakura:
— Como todos sabemos, hoje estamos presentes aqui para julgar dois criminosos que invadiram a Ilha de Sakura com objetivos nefastos. Um deles é o infame líder da família mafiosa Salazar, Stephan, que invadiu ilegalmente a Ilha de Sakura com o objetivo de criar uma base em nossa cidade e recriar um submundo como o antigo Terminal das Cinzas.
O homem falava do assento de juiz em um enorme salão. O aroma sutil de madeira polida e tatami flutuava no ar entre os espectadores, cujos olhos se acostumaram à penumbra elegante. As luzes ficaram com o criminoso mencionado. A quietude reverente da plateia, concentrada no réu ferido e enfraquecido, era tão tênue que podia ser cortada com uma faca. Uma melodia delicada de um instrumento tradicional ecoava, envolvendo todos numa atmosfera de contemplação, enquanto o juiz prosseguia:
— O criminoso foi declarado culpado. Como pena, os quatro Generais Divinos executaram os membros de sua família criminosa.
E assim, as cortinas do fundo do palco subiram, revelando a pilha de corpos diante dos olhos de Stephan, que gritava furioso e em desespero.
— Quanto ao seu líder, será forçado a trabalhar para o reino por toda a sua vida.
Assim, ele era puxado por uma coleira, enquanto encarava o juiz com os olhos cheios de ódio.
— Já nossa segunda criminosa é ninguém menos que Akame, uma das membros da organização extremista e rebelde chamada Horizon, que se infiltrou em nossa ilha com o pretexto de executar nossa líder.
Enquanto falava, a mulher de cabelos negros e olhos vermelhos era escoltada pelo meio da plateia por vários guardas. Tinha diversas correntes pelo corpo, vestia uma camisa de força feita de um material negro que aparentava ser extremamente resistente e tinha a boca coberta por uma máscara de ferro.
— E o resultado de seu julgamento foi a pena de execução!
Todos começaram a falar, atônitos com o resultado, enquanto a garota permanecia com um olhar calmo e tranquilo frente à morte inevitável.
De volta ao dia da morte de Zefar. Na sala do trono onde estava Niklaus, ele olhava a lua através da janela e pensava consigo mesmo:
“Neste jogo de xadrez, quem será que fará o último movimento?”
E assim, as sombras se erguem no horizonte.
Parte 9
Quem poderia imaginar, naquele tempo? Vivíamos envoltos numa névoa desconhecida, incapazes de medir a força titânica do monstro que, tolamente, provocamos. A resposta àquele desafio... foi um erro que nos custaria caro, de uma forma inimaginavelmente dolorosa. Nossa ingenuidade teve um preço exorbitante. Nem Ryunosuke, em suas mais terríveis projeções, antecipou o abismo em que cairíamos. E agora, chegados a este presente sombrio, como resgatar a leveza daquele início de aulas? Impossível. Não, enquanto o fantasma de cada um que ficou pelo caminho assombra nossos pensamentos. O começo das aulas da Classe Menos Treze... ah, esse dia se tornou uma lenda sombria, um sussurro eterno nos corredores daquele colégio.
Historia Escrita e revisada por AngelDarkCanal do Youtube : @AngelDarkAMV
Aviso
Esta obra é uma ficção e não deve ser interpretada como uma representação da realidade. A obra contém cenas pesadas, que podem ser perturbadoras para alguns leitores. Se você se sentir desconfortável com esses temas, sugerimos que não leia a obra.



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