The Fall of the Stars: Capítulo 2 - A Classe Especial
- AngelDark

- 14 de jul.
- 36 min de leitura
Volume 3 : Sentido da Vida
Parte 1
Bastante tempo se passou enquanto todos continuavam a procurar, mas sem resultados. De repente, Dante acabou colidindo com alguém.
— É isso que você está procurando?
A garota em sua frente era Yuki. Dante sabia que ela e sua irmã estavam observando-o há um tempo, mas apenas agora resolveram aparecer para falar. Talvez não quisessem se atrasar ainda mais para a aula. Dante ainda não as conhecia muito para conseguir dizer, mas sabia que precisava se aproximar delas para conseguir as informações que queria. Assim, ele sorriu e respondeu:
— Sim, obrigado pela ajuda.
— … não foi nada.
Dante sabia que podia colocá-las contra a parede e perguntar por que o estavam seguindo, mas essa seria a pior ideia para ele conseguir as informações que queria. As garotas atualmente também pareciam querer ficar mais próximas dele, talvez para saber sobre o incidente da torre ou mais sobre ele ter se tornado um avatar. Ainda não dava para saber, mas Dante sabia que essa era sua arma: como elas queriam informações dele, também teriam que se aproximar dele para obter essas respostas. Dante aceitaria o desafio, assim começaria um jogo mental para decidir quem conseguiria as informações que queria primeiro. Mas Dante era quem estava correndo mais riscos, pois não sabia o que elas queriam exatamente e, se entregasse essa resposta antes de obter a sua, poderia acabar perdendo a única arma que tinha. Assim, ele tinha que ser cuidadoso com as palavras a partir de agora e com o que falaria com elas. Ainda assim, não podia ser fechado demais, se ele simplesmente não contasse nada, elas responderam fazendo o mesmo, percebendo que ele estava na defensiva.
"O segredo é saber até onde posso falar e prestar atenção nas reações delas para saber o que elas querem."
Assim, Dante se afastou, indo na direção do outro garoto, enquanto notava a presença de Yuki seguindo-o. O estranho é que agora ela não estava nem escondendo sua presença, ao invés disso, estava abertamente o seguindo.
"Acho que faz sentido, ela que achou o livro, deve ser normal querer ver eu devolvendo."
Assim, Dante chegou até o garoto.
— Aqui, Shimura, é esse mangá que você estava procurando?
— SIIIIIIMMMMM, obrigado, companheiro Dante! Finalmente consegui recuperá-lo, estava achando que havia perdido definitivamente. Agora, mais uma vez, minha coleção dos encadernados de Go Romance Ru está completa. Se eu perdesse, minha Black-san jamais me perdoaria.
— Oh, então a Black é sua favorita?
De repente, Shimura parou, percebendo que havia falado aquilo em voz alta, e, com vergonha, começou a limpar seus óculos, suando frio, tentando pensar em uma desculpa, quando percebeu a garota bonita ao lado de Dante e, assim, começou a ficar ainda mais desesperado, pensando em fugir.
— Ah, digo, obrigado por sua ajuda, mestre Dante, eu me despeço por aqui.
— Peraí, calma, me diz aí, o mangá já acabou? Com quem o Yuno terminou? Eu estava torcendo tanto para Nana, mas não teve muito desenvolvimento dos dois depois do arco do homem digno.
Dante começou a encarar a capa, vendo que aquele já era o volume 30, então muita coisa devia ter mudado. Assim, Shimura começou a colocar e olhar para Dante, vendo que ele não estava brincando, ele realmente conhecia aquele mangá e estava falando como um fã.
— Não vai me dizer que…
— O que? Eu não disse? Eu também adoro esse mangá. Sinceramente, Mono e Kote são as mais bonitas de todo o mangá. Como eu queria garotas assim na minha vida, são perfeitas e com coxas que fazem inveja, óbvio que são "areia demais" para Yuno, embora estejam apaixonadas por ele, mas no meu coração elas são minhas esposas.
— Ohhhhhh, então o mestre Dante realmente entende disso. Eu não imaginava encontrar um companheiro fã dos clássicos e antigos.
— Antigos?!… Faz sentido, isso era publicado 20 anos atrás, né…
— Mas, se é assim, se você é realmente um fã, preciso saber qual dos dois tipos de leitores você é: os realmente apaixonados por obras assim ou apenas uma das crianças que vêm para passar o tempo!
— Oh, um desafio? Manda, o que vai ser? Vai perguntar a ordem com quem o Yuno se encontrou ou se apaixonou por ele?
— Claro que não seria algo tão simples e superficial.
— Hum…
— Após o décimo volume, o autor teve que se mudar para outra revista, com outro selo. Antigamente, sua obra era publicada por uma revista adolescente, mas atualmente por uma mais adulta, embora sua obra não tenha conteúdo explícito. Sabe explicar?
— Essa foi boa, é realmente difícil.
"Até porque eu, na minha época, só tinha doze volumes, o que dificulta para o meu lado. Ainda assim, eu só tenho que rever tudo, já que essa decisão não tinha sido algo que mudou exatamente a partir do décimo."
Dante fez uma expressão séria e se concentrou. Nesse momento, suas memórias passaram por sua cabeça.
"Droga, tem vários buracos na minha memória, sério, até de coisas simples como um mangá…."
Mais e mais Dante percebia como sua memória estava fragmentada, mas, ainda assim, usando tudo que se lembrava, chegou em uma resposta.
— Ah, a obra era sim explícita, mas explícita de um jeito censurado. O autor desenvolveu um jeito de vencer a censura necessária para poder publicar sua obra, já que ele não podia fazer as partes íntimas do personagem, ele fazia isso de forma secreta, censurando no corpo, mas sempre desenhando em algum local que tinha reflexo, como espelhos ou vidro, e até mesmo nos olhos do protagonista ou de outros personagens que estivessem olhando para as partes.
— BINGO!!!! Realmente você é um dos companheiros de guerra, desculpa por desconfiar de você, mestre Dante!
— Ah! Relaxa, mano, confesso que gostei de pensar nisso também.
Os dois apertaram as mãos como se tivessem se reconhecendo como bons lutadores após uma batalha acirrada, enquanto isso, Yuki, Anna e Vivian, que estavam lá, apenas observavam tudo sem entender nada.
— Ah, parece que o que me disseram não estava tão errado, pobre maninho, é realmente só um otaku perdido.
Vivian falou, escondendo o rosto com seu chapéu.
Assim, Yuki se aproximou e falou:
— Então isso é uma espécie de livro de romance?
— O que foi, Yuki, nunca leu um mangá?
Dante respondeu com outra pergunta.
— Nunca vi um, mas já ouvi falar.
Shimura, voltando a ficar vermelho, começou a se afastar de Yuki e falou:
— Bom, mestre Dante, vou adorar conversar com você sobre "GRR", mas, por agora, vamos para nossa aula.
— Verdade, tamo atrasado.
Mas, antes de começar a caminhar para a sala, Shimura se virou, fazendo uma pose foda, e assim falou:
— Além disso, tem algo que preciso falar, mestre Dante, saiba que esse seu favor não será esquecido, prometo que uma hora irei retribuir seu auxílio ou minha honra nunca me permitiu ficar tranquilo, nos veremos em guerras futuras.
Dante via tudo aquilo e fazia um sinal de V com os dedos, assim Shimura saía, mas Dante ficava com uma expressão branca e suando frio.
— Ei, você tá bem?
Anna, indo até ele, perguntou, enquanto Vivian e Yuki prestavam atenção nele.
— Eu não sei… ver ele agindo daquela maneira é como se eu estivesse lembrando de algo, mas, quando estou perto de lembrar, minha cabeça dói.
— É melhor não se forçar demais por enquanto, vamos para a aula.
Assim, o grupo foi até a sala de aula apenas para encontrar Ryunosuke extremamente irritado os esperando, e dizendo que a aula seria atras da escola.
Naquele momento, todos pensaram: agora deu ruim.
Parte 2
Nos fundos do colégio, havia um terreno amplo que antigamente servia como um campo esportivo vibrante, mas agora exibe as marcas do tempo e de batalhas passadas. A grama, antes bem cuidada e impecável, agora cresce em trechos irregulares, salpicada por pedras desgastadas. Árvores cercam o perímetro do campo, formando uma barreira verde que emoldura o espaço aberto. O chão, ainda relativamente plano, guarda memórias de jogos e competições passadas.
A distância do castelo até o campo era de uma caminhada de 40 minutos, para que o silêncio necessário para as aulas não fosse perturbado pelos sons dos antigos jogos. Agora que o campo principal foi movido para uma das outras ilhas que acompanham a ilha principal, o campo espaçoso e isolado torna-se um palco perfeito para duelos entre os alunos.
As marcas de batalhas anteriores são visíveis por toda parte: sulcos na terra, pedras lascadas e até mesmo queimaduras nas árvores. Esses vestígios contam a história de inúmeras batalhas que ali ocorreram, transformando-o em um campo de provas para os jovens guerreiros da escola.
Assim, Ryunosuke levou o grupo até o campo. Quando todos estavam reunidos, Ryunosuke não revelou qual seria a punição para os atrasados, o que só aumentou o medo e a ansiedade daqueles que seriam punidos.
Dante, caminhando até onde estavam os outros, notou que Mirai já estava lá, junto dos outros alunos na arquibancada, mas ele não percebeu em que momento exatamente ela e Yuki haviam se separado. Dante observou com atenção um dos alunos e começou a refletir:
"... Eu já vi aquele rosto em algum lugar."
Ele continuava a encará-lo, sem nem mesmo piscar, com a certeza absoluta de já ter tido a impressão de ter visto aquele rosto.
— Até quando você vai ficar me encarando? Perdeu alguma coisa aqui por acaso?
O garoto que Dante encarava respondeu com um tom cheio de agressividade. Foi então que Dante notou os dentes serrilhados. Ele percebeu que o rosto do garoto era idêntico ao seu. Seu cabelo possuía uma coloração diferente, um branco com detalhes vermelhos, além de ser longo e bem mais liso, mas a altura, o corpo, os dentes e o rosto eram idênticos aos dele.
— Mas que brincadeira é essa? Por que tem um "shiny" meu ali?
As pessoas ao redor começaram a rir, quando, de repente, o garoto saltou na direção de Dante, chutando-o. Dante bloqueou o chute com outro chute. Vivian correu e começou a falar:
— Calma aí, vocês dois! Deixem essa animação para depois. Dante e Kai, agora é hora da aula.
— Kai?...
Dante refletiu.
— Não quero ocupar muito a aula do professor, já que ele já parece muito nervoso com a gente, então serei breve: esse garoto é Kai, seu clone, por assim dizer.
— CLONE!?...
Dante se chocou com a informação.
Kai, observando-o, parecendo incomodado, cuspiu no chão e estalou a língua, voltando para onde estava, mas ainda emanando um ar de agressividade, como se, no menor dos deslizes, ele não hesitou em atacá-lo novamente, deixando mais uma coisa para Dante se preocupar.
— Será que já acabaram com isso? — Ryunosuke falou, encarando a confusão.
Os atrasados se moveram, indo para as arquibancadas junto dos demais.
— Não acredito que criaram clones meus enquanto eu estava morto. Vou cobrar direitos de imagem dos Scarlune — Dante falou, resmungando.
— Qual é, esqueça isso. Foi só um clone, e eles não parecem ter gostado do resultado.
— Não gostaram do resultado...
"Deve ser por isso que o albino ali é tão esquentadinho e parece não gostar de mim."
Quando chegaram às arquibancadas, Luck e Kurokawa foram até ele.
— Dante, você está bem? Nem imagino o que está passando na sua cabeça depois de descobrir que foi clonado — Kurokawa falou, preocupada.
— ... Na verdade, não estou tão abalado quanto você imagina — respondeu Dante.
— O quê? Mas você foi clonado!
— Vindo dos Scarlune, vai precisar de mais que isso para me impressionar.
De repente, Luck os interrompeu.
— Deixando essa história de clone de lado, nossa sala parece bem mais animada do que eu esperava. Parece ter um pessoal bem forte nela.
Luck falou, animado.
— Eu também estava percebendo. Tem muita gente que não dá para...
De repente, Dante parou de falar, enquanto observava todos os alunos novamente, reconhecendo alguém no meio de todos.
— Aquela é...
Mas antes que pudesse terminar de falar, Ryunosuke o interrompeu.
— Agora que todos estão aqui, podemos começar. Como sabem, este é tecnicamente o primeiro ano de vocês, mas, por terem entrado na classe -13, já não dá para considerá-los meros novatos. Todos nessa classe tem coisas únicas e estranhas que permitiram que se reunissem aqui, o que quer dizer que treiná-los será um desafio, já que não há uma única maneira de treiná-los corretamente. Mas, por sorte, vocês têm a mim. Se aceitarem ser treinados por mim, independentemente de quais sejam suas habilidades, do que vocês sejam ou do porquê vieram parar aqui, eu os tornarei mais fortes. Mas, claro, não será simples. Como professor de Babylon, eu tenho duas metodologias de ensino, e em ambas eu prometo que vocês alcançarão resultados.
Essas metodologias são: o energético de morango ou o café extra forte.
Na metodologia do energético de morango, eu começarei devagar, ensinando o básico e recolhendo seus resultados. A partir daí, formular treinos específicos, onde vocês melhoraram os pontos fracos de suas habilidades, tanto na forma prática quanto teórica. Tudo o que falta para vocês se tornarem caçadores de Rank S. O problema aqui será apenas o tempo. Nessa metodologia, precisaremos de um tempo para entender o esperado e depois saber o que desenvolver, para, por fim, desenvolver e só após tudo isso começar a ver os resultados.
Já na metodologia do café extra forte, eu os farei passar por um inferno amargo. Vocês farão treinamentos que colocam suas vidas em jogo, vão para a beira do precipício, e somente os loucos conseguirão continuar avançando. Não teremos a brincadeira de analisar os pontos negativos, iremos melhorar tudo e continuar a melhorar. Sempre que eu vi que vocês evoluíram, colocarei obstáculos ainda mais difíceis, para que nunca fiquem estagnados, sempre em um estado de sobrecarga progressiva, e enquanto estão assim, eu também farei as análises do que precisa ser melhorado.
Em ambos os casos, vocês terão um aumento de força e conseguiram melhorar os pontos negativos de cada um. A diferença será a ordem, o tempo e o sofrimento que cada método oferece, mas, independentemente disso, uma coisa eu prometo: aqueles que ficarem até o fim se tornarão monstros completos, alcançando todo o poder que desejam.
Quando Ryunosuke terminou de falar, todos continuaram quietos. A pressão que suas palavras transmitiam ainda podia ser sentida na alma. Ele não estava blefando, ele não estava exagerando. Mesmo que aquele homem não tivesse um poder gigantesco como o próprio Aleister, dava para saber, só pelo tom de voz, o perigo que ele transmitia.
— Por isso eu pergunto a vocês, meus alunos… Escolham o caminho rápido pelo inferno ou o caminho demorado pelo céu. Qual vocês vão escolher?
Todos continuaram quietos, refletindo internamente sobre o que deveriam fazer.
— Bom, claro que vocês não precisam dizer agora. Esta é nossa primeira aula, hoje prefiro apenas dar uma aula normal, fora dos dois métodos, apenas para conhecer melhor a sala. Sendo assim, para ter uma ideia do nível de poder, decidi fazer um total de 4 testes que vocês terão que passar.
Parte 3
Ao terminar de falar, Ryunosuke caminhou até o centro velho e acabado do campo e, de repente, juntando as mãos, ele falou:
— Abre-te, Sésamo!
Black Box: Caixa dos Mil e Um Segredos.
E assim, de repente, o mundo em volta de todos começou a mudar, sendo engolidos por um éter descomunal. Todos tiveram que fechar os olhos por alguns minutos e, quando os abriram, a realidade havia se estilhaçado e remontado de forma caótica e vertiginosa. O céu não era céu, mas um vórtice lento de névoa púrpura e cinzenta de onde emanava uma luz difusa e incerta, que banhava tudo num tom crepuscular permanente. Erguendo-se em ângulos impossíveis que desafiavam a física conhecida, estruturas bizarras que lembravam esculturas e brinquedos estranhos pairavam sobre ruínas góticas, que por sua vez se conectam Ampulhetas Espalhadas por toda parte, algumas do tamanho de edifícios; a areia dentro delas brilhava com uma luz própria fantasmagórica, fluindo para cima em algumas, congelada em outras, ou escorrendo lateralmente em padrões hipnóticos que causavam náuseas. Um tique-taque onipresente e dessincronizado parecia emanar do próprio tecido daquele lugar, misturando-se ao zumbido baixo do éter que permeia o ar, carregado com um cheiro metálico de ozônio e poeira antiga.
Já o centro daquela dimensão distorcida era dominado pela carcaça de um gigantesco e decrépito parque de diversões. Ferrugem e decadência cobriam tudo como uma mortalha: montanhas-russas retorcidas como serpentes de metal mortas, cujos trilhos terminavam abruptamente no vazio; cavalos de carrossel com sorrisos lascados e olhos vazios jazendo na poeira multicolorida e cintilante que cobria o chão; barracas de jogos desmoronadas expondo prêmios mofados e esquecidos. Ao longe, uma roda-gigante gemia espectralmente na quietude opressora, girando sem motivo aparente, suas cabines vazias balançando ao ritmo de uma brisa fantasma. Era um lugar vibrante com energia arcana, mas assustadoramente morta em sua essência.
— Sejam bem-vindos à minha Black Box!
Ryunosuke falava calmamente, em cima da estrutura que parecia ser um antigo carrossel.
Aquilo era difícil de acreditar. Para muitos daqueles alunos, era a primeira vez que se depararam com uma Black Box de verdade. Ainda por cima, o professor a havia criado com extrema tranquilidade, colocando-os lá sem que nem mesmo percebessem. Uma “Black Box” é a técnica final de um shaper, conhecida como a "forma definitiva" neste mundo.
Os shapers que têm a capacidade de alterar a realidade para distorcer as leis da física, e assim usar seus poderes, normalmente ainda são limitados, pois só podem distorcer a parte da realidade que seu éter alcança. Mas, dentro de uma Black Box, esses limites são quebrados.
É um universo de bolso que usa as leis da superposição quântica – a capacidade de uma partícula estar em vários estados ao mesmo tempo quando não observada. Dentro de uma Black Box, é como estar na caixa de Schrödinger, onde as leis do mundo real não podem enxergar lá dentro; assim, dentro desse universo, o impossível pode ser possível.
Enquanto a caixa estiver fechada, as habilidades dos shapers ganham força total, tornando-se as leis regentes daquele mini universo, perdendo assim suas limitações sem precisar de uma quantidade absurda de éter.
No entanto, além de ser necessária uma quantidade enorme de treino para conseguir criar sua Black Box e aperfeiçoá-la, é senso comum que, quanto mais perigosa e poderosa uma Black Box for, menos frequentemente se consegue usá-la. Assim, muitos lutadores a evitam usar, preferindo deixá-la como uma carta na manga, ou simplesmente não podem por conta do longo tempo de recarga da habilidade. Ainda assim, Ryunosuke a usou sem nenhuma hesitação.
— O primeiro desafio de vocês é simples: uma corrida de obstáculos. Passem pelo parque de diversões. Eu estarei observando tudo de cima da roda gigante, anotando suas habilidades. Também saberei quem foram os primeiros e os últimos a chegar.
Ah, esqueci de comentar: para os primeiros colocados, eu pessoalmente vou atender a um pedido que o aluno faça, como escapar do castigo, bolar um treinamento especial... e, claro, aceitar qualquer desculpa que deram para faltar às aulas, caso queiram isso.
No entanto, os 4 últimos lugares, que se saírem pior em todos os testes, preparem-se para o inferno! Além de seus treinamentos começarem a durar bem mais do que apenas o tempo de aula, passaram duas semanas sendo meus empregados particulares.
— QuÊ?! Que ideia é essa?!
Todos os alunos responderam em uníssono.
— O que foi? A poderosa Classe -13 está com medo de uma corridinha?
Todos ali sabiam que era uma provocação; Ryunosuke nem havia se disfarçado. Ainda assim, algo passou pela mente de todos, o que fez com que simplesmente não pudessem hesitar em aceitar. "Esse pervertido não está me subestimando!" Assim, todos ficaram sérios e começaram a se alinhar. Ryunosuke, vendo isso, começou a saltar, dizendo que daria a largada.
— 5...
Conforme ele saltitava, ele contava, e todos pareciam saber exatamente o que deveriam fazer quando a largada fosse dada.
— 4...
Mio começou a se aquecer. Observando ao redor, ela olhou para Dante. "Aquele garoto parece diferente de antes mesmo... Será que aconteceu algo?"
— 3...
Kai observava Dante também, com uma expressão irritada. "Finalmente vou mostrar que eu não sou uma cópia desse maldito! Eu sou o upgrade!"
— 2...
— Sophi, você acha que a gente consegue escapar dos piores colocados?
Kurokawa falou, extremamente desanimada.
— Não fala assim, Kuro... Desse jeito fica ainda pior pra nós.
Sophi respondeu.
— 1...
Todos se prepararam, olhando para o parque de diversões em ruínas. Dante começou a rir e, no segundo seguinte:
— VAI!!!
Todos começaram a correr, indo o mais rápido que podiam. Mas, nesse mesmo segundo, Kaiser saltou para trás, criou um arco de eletricidade e assim disparou uma flecha contra o carrossel à frente deles.
— Abençoe com o trovão, Raijin!
Ao falar aquilo e disparar sua flecha, assim que ela acertou o carrossel, um enorme trovão desceu dos céus e explodiu a estrutura, erguendo uma enorme cortina de fumaça.
— Foi mal, galera, mas a Capitã Levy não ia gostar de saber que eu perdi no primeiro dia para um monte de novatos.
Após dissipar a cortina de fumaça e avançar à frente de todos com um sorriso, Kaiser avistou o próximo obstáculo quando, de repente, saindo da fumaça atrás dele e o ultrapassando em um skate de fumaça, estava Chuya.
— Obrigado pela ajuda! Não estava mesmo querendo gastar um cigarro tão cedo.
Chuya disse, olhando para Kaiser antes de ultrapassá-lo.
— Está de brincadeira? Tão rápido assim?
Ryunosuke, observando do alto da roda gigante, começou a anotar.
Chuya Lindell
Habilidade: Reino de Cinzas
Reino de Cinzas é a Habilidade shaper inata e característica de Chuya Lindell, um Gifted cujo poder está intrinsecamente ligado à manipulação de fumaça, cinzas e fogo, frequentemente catalisada ou focada pelo ato de fumar (mas, pelo visto, não é um requisito?). A habilidade concede a ele um domínio versátil sobre esses elementos, permitindo-lhe controlar o campo de batalha com cortinas de fumaça, liberar explosões devastadoras, criar armas de cinzas e manifestar chamas cortantes.
— Uma habilidade interessante, e ele parece ter um bom domínio dela.
Kaiser Ragna
Magia: Arco da Caça
Arco da Caça não é uma habilidade inata, mas sim o sistema de magia pessoal e altamente especializado desenvolvido por Kaiser através de intenso estudo, treinamento e prática. Seu sistema foca na criação e manipulação de um arco elétrico e flechas feitos de Éter, combinando arquearia de precisão com uma vasta gama de efeitos mágicos elementais e especiais. O segredo de um dos seus grandes poderes está em seu arco. Ao disparar, o arco elétrico funciona sob um princípio similar ao de uma "railgun" (canhão eletromagnético): uma corrente elétrica intensa percorre o arco e interage com a flecha etérea (possivelmente com um componente condutor imbuído), acelerando-a a velocidades hipersônicas ao longo do eixo do arco antes de ser liberada, garantindo um alcance e poder de impacto imensos. Além disso, ele parece ser capaz de criar e disparar uma vasta gama de flechas com efeitos distintos.
— Bom, já esperava algo assim de um dos novatos que foram recrutados pessoalmente para participar do Comitê Disciplinar pela Levy. Mas se ele acha que vai ser fácil assim roubar a liderança...
De repente, de trás da fumaça, mais cinco pessoas saltam em alta velocidade.
— ACHA MESMO QUE ISSO IA FUNCIONAR?!
Dante, Beatrice, Mio, Kintoki e Kai gritaram, saindo de dentro dela e avançando à frente de Kaiser.
"Droga! O tiro saiu pela culatra. Parece até que eles ficaram ainda mais motivados..."
Kaiser pensou, observando-os.
De repente, Kai se lançou para frente e, em questão de segundos, apareceu na frente de Chuya também.
— Que merda! Ei, eu quero aquela licença para faltar às aulas do professor, então dá pra colaborar? Chuya falou, observando Kai à sua frente.
— Calado, seu lixo! Está atrapalhando minha disputa com aquele merda...
Kai respondeu, sem nem o encarar, olhando para trás, esperando Dante o acompanhar. E então, Dante apareceu do outro lado, na frente de Chuya também.
— Estava me esperando, é? Dante disse, observando Kai.
— Hm, estava demorando tanto que achei que já tinha morrido.
Kai respondeu.
"Esse cara vai ser irritante, pelo visto. Não sei o que os Scarlune o fizeram acreditar, mas não é de hoje que eles alimentam brigas e rivalidades apenas para forçar alguém a ficar mais forte... Eu não tenho nada contra um clone meu, mas também não estou a fim de perder pra mim mesmo."
Dante pensava, voltando a encarar Kai.
De repente, Dante toma um susto enorme, ficando completamente pálido sem saber o que estava acontecendo. Ele então grita e aponta para o outro lado de Kai:
— Que merda é essa?! Quantos clones meus eles fizeram, afinal?!!!
Dante gritava sem entender. Kai, virando-se para ver, suspeitando que poderia ser uma armadilha, também toma um susto.
— QUE MERDA É ESSA???
Ao lado de Kai estava “Dante” mais uma vez??? Aquele Dante, ou melhor, alguém igual a ele, deixou Kai e o Dante original completamente sem reação quando, de repente, o sósia girou, chutando Kai com força até mandá-lo de volta para perto da linha de largada.
— Droga! Eu não sei o que é você, mas eu também não estou a fim de perder pra um cara com o meu rosto!
Dante concentrou seu éter na ponta do dedo, formando um cristal. Em seguida, fazendo um símbolo de arma com a mão, criou vários anéis de mana em volta do braço e disparou a energia, que atravessou mais anéis à sua frente, acelerando.
— Eu digo o mesmo pra você.
O outro Dante respondeu.
Enquanto respondia, ele fez o mesmo e também disparou um tiro mágico acelerado. Ambos se chocaram, causando uma enorme explosão. Dante, confuso e sem entender, não viu a tempo: aparecendo na sua frente, o outro Dante o atingiu com um chute no estômago, lançando-o para trás.
— Hum. 'Tô' na frente. Empolgante.
Depois disso, o misterioso Dante que venceu o confronto continuou a correr, usando seu éter elétrico para ganhar ainda mais velocidade e correr ainda mais rápido. Chuya, que estava atrás e viu tudo, não fazia ideia do que havia acabado de acontecer.
Já Ryunosuke, observando tudo, voltou a anotar.
Dante Scarlune
Habilidade: Chronos
Chronos é uma habilidade shaper inata que lhe concede a capacidade de manipular o fluxo do tempo em alvos específicos – sejam objetos inanimados, seres vivos ou até mesmo seus próprios processos fisiológicos e mentais – através da infusão e controle de seu Éter pessoal. A base de Chronos reside na capacidade de Dante de imbuir um alvo com seu Éter. Ao estabelecer essa conexão etérea através do toque ou proximidade (no caso de sua aura), ele pode então modular o "tempo" intrínseco daquele alvo, acelerando-o, desacelerando-o, revertendo-o ou até mesmo parando-o momentaneamente em relação ao fluxo temporal normal.
— Interessante. Considerando que é um Gifted, era óbvio que ele teria um bom controle dela, mas me surpreende ele a usando de forma tão indireta.
Kai Scarlune
Habilidade: Caos
Caos é a habilidade shaper inata de Kai, um clone de Dante e, como tal, um poderoso Gifted. Em contraste direto com o domínio temporal de Dante (Chronos), Caos concede a Kai a capacidade de manipular o tecido do próprio espaço. Ele pode distorcer, comprimir, expandir, conectar e desconectar pontos no espaço através da infusão de seu Éter. A essência de Caos reside na habilidade de Kai de imbuir alvos (objetos, seres) ou regiões do espaço com seu Éter pessoal. Uma vez estabelecida essa conexão etérea, ele pode modular ativamente as propriedades métricas e topológicas do espaço naquele local, alterando distâncias percebidas e modificando coordenadas espaciais.
— Além de clones com habilidades tão opostas, dá facilmente pra imaginar de onde surgiu essa rivalidade que Kai parece alimentar. Mas se eu descobrisse que tinha um clone... nossa, acho que iria enlouquecer...
De repente, Chuya e o outro “Dante” chegam a um enorme paredão: uma pilha de brinquedos enormes havia quebrado, formando uma montanha de destroços que eles teriam que escalar para passar.
— Droga, não posso usar meu skate pra voar... Se ao menos ele fosse uma nuvem voadora...
Chuya falou, olhando para cima.
— Bom, então acho que sou eu quem vai continuar na liderança, hein!
“Dante” falou enquanto saltava sobre a pilha de destroços. Assim, usava seu éter elétrico para se conectar às estruturas de metal dos brinquedos e subia tranquilamente, atravessando os destroços.
— Que trapaceiro... Droga, queria conseguir fazer igual.
Chuya então começou a se preparar, subindo os obstáculos, quando ouviu os outros se aproximando atrás.
— Droga, vou perder toda a minha vantagem...
Mas, enquanto Chuya pensava isso, ele viu algo.
Ao fundo, vindo logo em seguida, estava Beatrice, que de repente colocou as mãos para trás.
— Acho que já está na hora.
Beatrice falou bem baixinho.
De repente, ela lançou uma enorme carga de éter cinético em forma de espirais de suas mãos, que a impulsionam para frente como o impacto de uma explosão, percorrendo assim toda a distância até a pilha de escombros em segundos.
— Ela enlouqueceu! Vai bater de cara nos destroços!
Chuya falou para si mesmo.
Beatrice então, ao chegar nos destroços, puxou as mãos para frente com toda a força e falou:
— Exploda e Perfure: Espiral do Dragão!
De repente, Beatrice concentrou uma quantidade massiva de Éter cinético em ambas as mãos e as disparou simultaneamente, criando duas ondas de choque espirais gigantescas que avançaram lado a lado, explodindo a pilha de destroços e abrindo uma enorme fenda pela qual ela continuou avançando.
Chuya, que viu o golpe, prendeu-se com todas as forças a um dos brinquedos para não ser arremessado para longe. Mas a explosão massiva o fazia parecer uma bandeira em um poste; se ele vacilasse e relaxasse um dos dedos, voaria para longe. Já o “Dante”, que estava atravessando os destroços, foi simplesmente jogado como uma boneca de pano em meio a um tornado, voando para os céus com o impacto e rodopiando no ar. De trás, todos viam o enorme vórtice horizontal à frente, arremessando todos aqueles brinquedos enormes – velhas rodas-gigantes, carrosséis, montanhas-russas, entre outros – para os céus e os despedaçando. E, no centro de tudo, ainda avançando, lançando-se e voando em meio aos escombros, estava Beatrice, que assumia a liderança.
— Que merda! Será que vocês não podem ser um pouco mais justos?!
Chuya gritou, ainda se prendendo a um dos brinquedos fixos no chão.
E, no alto da roda gigante, atrás, Ryunosuke voltou a anotar.
Beatrice Dragonroad
Habilidade: Motor C
Motor C é a habilidade shaper inata de Beatrice, que lhe concede a capacidade excepcional de converter sua própria energia vital em uma forma única e potente de Éter cinético, que ela pode então manipular e projetar. A manifestação mais característica deste Éter são as avassaladoras ondas de choque com trajetórias espirais.
— Uma habilidade tão simples comparada às demais... Mas parece que a princesa dos dragões deu seu jeito para deixá-la bem destrutiva.
Assim, Ryunosuke fechou seu caderno.
— Bem, acho que isso é o fim da primeira prova. Parece que alguns dos demais que eu sabia que podiam vencer optaram por não ir atrás dessa vitória. Será que queriam evitar revelar suas habilidades ou queriam ver as dos outros?
Assim, Ryunosuke começou a desaparecer, indo direto para a linha de chegada.
— Bom, ainda assim, os primeiros lugares já foram definidos... Ahá! Há quanto tempo você estava aqui?
Ryunosuke tomou um susto na linha de chegada ao olhar para o lado e ver que Miguel já havia chegado.
— Desde o "Vai"...
Miguel respondeu, encarando-o.
Suando, olhando para a garota, Ryunosuke deu uma pequena tossidinha, como se quisesse mostrar que já tinha previsto isso, e então começou a anotar.
Miguel T. Witchcraft
Magia: Caminhar dos Anjos (Magia Espacial)
Caminhar dos Anjos é o nome associado à Magia Espacial praticada por Miguel, uma figura enigmática e Maga de habilidade notável, apesar de sua relutância em demonstrar todo o seu potencial. Seu poder foca na manipulação do espaço para fins de translocação e posicionamento tático. O aspecto mais intrigante e definidor de sua magia é a aparente capacidade de contornar contramedidas que normalmente impediriam ou bloqueariam o teletransporte, um feito que a diferencia de outros praticantes de magia espacial.
Após anotar, Ryunosuke continuou encarando-a, como se quisesse descobrir alguma coisa, mas o rosto sem reação e enigmático de Miguel não deixava nada escapar.
Assim, Beatrice chegou até o local, seguida por Chuya e, logo após, Kintoki, Kaiser e o “Dante” que estava voando nos céus.
— Espera, é verdade! Eu devia ter pedido pra Miguel me trazer até aqui... Droga! Por que você não me lembrou?
Chuya gritou, olhando para Miguel, que apenas respondeu com a mesma expressão impassível de sempre, mas também fazendo um sinal de V com as mãos, como se estivesse se vangloriando da vitória.
— Bea! Não dava pra ter feito isso depois de eu ter vencido? Por causa daquela sua explosão, eu fiquei rodando no espaço e o Kin ainda me ultrapassou!
Aquele “Dante” falou, olhando para Beatrice.
— A culpa é sua! Com tanta gente pra se transformar, foi logo assumir a forma do cara mais idiota da sala?
Beatrice respondeu.
— Droga, vou ter que vencer a próxima...
Aquele “Dante” falou enquanto seu corpo era coberto por um líquido vermelho, como um slime de éter, e, após começar a se desmanchar, revelava sua verdadeira face: Mio.
Assim, Ryunosuke anotou, pensando: "Como eu imaginei".
Mio Mortifer
Habilidade: Not Equal
Not Equal é a Habilidade shaper inata e profoundly versátil de Mio, uma Gifted cujo poder reside na metamorfose e mimetismo. Esta habilidade permite que Mio altere sua própria forma física, composição e até mesmo suas capacidades para replicar quase qualquer ser, objeto ou substância que ela tenha previamente analisado através do toque.
— Como eu imaginei. Ela devia ter tocado em Dante antes da aula começar.
Assim, os últimos alunos chegaram, e os quatro últimos acabaram sendo:
Sophi, Shimura, Kai e Dante.
— Hahahaha!
Luck e Anna riam, apontando para Kai e Dante.
— Estavam lá bem confiantes, assumiram a liderança, mas acabaram em último lugar! Hahahaha!
Anna falava, enquanto continuava rindo junto de Luck, sem misericórdia.
Já Sophi puxava Kurokawa pelo braço e falava:
— Kuro, achei que você era igual a mim! Como assim você não foi uma das últimas?! Isso é trapaça!
— Bom, eu não esperava que o Dante e o Kai fossem voltar para a linha de chegada e ficar lutando entre si antes de voltarem a correr.
Kurokawa falou, ainda sem acreditar que havia conseguido não terminar em último.
— Chega! Reúnam-se! Vamos logo pro próximo teste!
E assim Ryunosuke falou e estalou os dedos. Novamente, todo o local mudou.
Parte 4
Agora, havia um enorme campo aberto coberto por grama verde. Enormes blocos de terra e água flutuavam no meio do céu. Construtos, parecidos com a antiga arquitetura grega, espalhavam-se pelo local. As ampulhetas anteriores foram trocadas por várias bolhas de água dispersas, e o céu parecia cercado por um domo, como se eles também estivessem dentro de uma grande bolha de água.
— Mas o que está rolando? Até onde eu sabia, o interior de uma black box é único e não é algo que dê para mudar assim tão fácil
Kai falava, olhando ao redor.
— A menos que sua black box seja de diversos locais diferentes... Não lembra como ele a chamou? "Caixa dos Mil e Um Segredos"
Dante respondia.
— Bom, o segundo desafio será o seguinte: Rei da Colina. Ou seja, você só tem que ficar no centro daquela plataforma.
Ryunosuke apontava para uma plataforma flutuante que parecia uma enorme mesa, como as que se usam para jogar xadrez, e no centro dela havia um trono e três cadeiras.
— Os quatro que ficarem em cima dela até o final da contagem vencerão. Eu também irei contar aqueles que ficaram menos tempo, para saber quem serão os quatro piores no desafio. Explicado tudo, podem começar!
Assim, ele invoca uma ampulheta menor e a coloca perto de si, fazendo com que todos entendessem que já havia começado.
— Dessa vez ele não quis dar nem uma contagem regressiva, hein...
Luck falava, olhando para os outros, vendo quem tomaria a dianteira.
De repente, antes de todos, um homem salta em alta velocidade, posando na frente do trono com tanta força que abre uma cratera. Virando-se estilosamente enquanto a luz reflete em seus óculos, ele calmamente se senta e então fala:
— Este desafio é para saber quem será aquele que ficará superior aos outros e se sentará no trono, não é? Sendo assim, não há porquê hesitar. A resposta é clara: o único que pode ficar superior a todos sou eu!
Sakata Kintoki, sentado no trono agora com as pernas cruzadas, falava enquanto encarava todos lá embaixo.
Todos, ao observarem, ficaram furiosos.
— Está se achando demais, não acha?
Kai salta até Kintoki, caindo sobre ele com um chute, mas na hora em que iria atingi-lo, Kintoki sorri e devolve o golpe com um soco violento.
“Esse cara...”, pensou Kai, virando e encarando-o antes de voltar para cima.
Assim, ambos começam uma troca de socos rápidos e pesados. Todos ficaram surpresos, mas sabiam que não tinham tempo a perder. No entanto, assim que se distraíram por um instante, Kai voou de cima do local, sendo lançado contra a parte profunda da arena. Ao colidir com uma bolha, um raio caiu sobre sua cabeça, igual ao raio que havia atingido o carrossel. Todos começaram a encarar Kintoki, mas este não moveu um único músculo facial; assim como os demais, ele estava em choque, sem entender.
— Eu não estou com tempo!
Uma outra garota, então, se lança contra a mesa gigante flutuante, parando na frente de Kintoki.
— Vamos começar, eu estou atrasada!
Kagura então falava, apontando para Kintoki.
Ambos começaram a lutar. Kintoki, inicialmente, não sabia como deveria reagir. À medida que ambos trocavam golpes, Kintoki se perguntava:
“Garoto? Garota? Mas o que é você?”
Quando, de repente, ele é acertado por um soco bem no estômago e um chute no queixo, que o mandam para cima da arena.
— E isso importa?
Kagura respondia.
Já do céu, Kintoki se jogava de volta na arena e novamente ambos entravam em posição. De repente, no meio da troca de golpes, Kintoki fala:
— Aprendi! A sua técnica é de fortificação. Você está aumentando a força conforme a luta avança, por isso estava sentindo seus socos ficarem mais pesados!
Kintoki gritava enquanto lutava.
— Acertou, embora saber meu poder não vá ajudar em nada
Kagura respondia.
— Eu me pergunto sobre isso!
Ambos continuavam a troca de golpes enquanto todos embaixo continuavam a assistir. Kintoki finalmente estava se afastando... Mas, de repente, Kintoki deixa seus óculos deslizarem um pouco, levantando-os para cima, olhando para a garota, e assim, baixando-os de volta. Novamente, ambos começaram a trocar socos, mas não era mais Kintoki quem estava recebendo os golpes, e sim Kagura.
“Mas o que está acontecendo? Agora é a força dele que está aumentando?”, Kagura pensava, enquanto continuava com a chuva de socos, quando de repente...
— E para completar o golpe...
Perfure os Céus: Furadeira das Estrelas!
De repente, Kintoki canaliza uma quantidade imensa de Éter cinético em um único ponto de seu punho, fazendo com que múltiplas espirais de energia visível envolvam seu braço. O soco resultante possui um poder de impacto e perfuração colossal, que simplesmente joga Kagura para fora da mesa, dando a sensação de que ela não seria capaz de se levantar facilmente depois dessa.
Todos, observando Kintoki novamente se sentando em seu trono, instintivamente perceberam qual devia ser o poder dele. E assim, Ryunosuke começa a escrever:
Kintoki Sakata
Habilidade: Superior a Deus
Superior a Deus é a Habilidade Shaper inata de Kintoki Sakata, um Gifted cujo poder reside na capacidade extraordinária de observar, compreender e replicar as Habilidades Shaper de outros indivíduos, utilizando-as como se fossem suas próprias.
— Uma habilidade que combina com alguém tão arrogante.
Kagura Yumaemon
Habilidade: Maximização
Maximização é a Habilidade Shaper inata de Kagura, uma Gifted cujo poder se manifesta como o epítome da auto-fortificação. Através de sua conexão intrínseca com o Éter, Kagura pode amplificar drasticamente suas próprias capacidades físicas, elevando sua força, durabilidade e vigor a níveis sobre-humanos.
— Mas parece que alguma coisa está impedindo-a de usar seu poder... O que será que forçou o freio desse caminhão?
Enquanto Ryunosuke anotava, outra pessoa parava na frente de Kintoki.
Os dois se encaram. A face branca e os olhos vermelhos do garoto refletem nos óculos de Kintoki. Mesmo sem nenhum movimento, a tensão entre os dois é óbvia; parece que qualquer motivo poderia fazer com que a briga entre eles estoure. Mas, mesmo assim, ignorando Kintoki, o outro garoto caminha e se senta em uma das outras cadeiras.
— Que isso? Não vamos enlouquecer um pouco?
Kintoki falava, mas enquanto isso Daemon só o ignorava, continuava a olhar para os demais.
— Huh... Não vou dizer que a decisão dele não faz sentido. Ele não ficou entre os últimos na partida anterior, então não corre riscos de perder, mesmo que não pegue o posto de número um. Mas, ainda assim, uma personalidade racional nesta sala?... Talvez ele seja o mais quebrado dela, exatamente por isso.
Daemon Hakurei
Habilidade: Vazio
Vazio é a Habilidade Shaper inata de Daemon Hakurei, um domínio fundamental sobre a gravidade e uma forma única de Éter com propriedades de escuridão. Seu controle sobre a força gravitacional permite-lhe manipular o campo de batalha de maneiras drásticas.
— Ele parece ser do time que está escondendo o jogo, pelo visto.
Mas, quando um Éter gigantesco se move, mesmo Dante, que tem uma capacidade sensorial aguçada, só pode ver quando já é tarde demais: Abel está chutando a cabeça de Kintoki, quebrando todo o piso flutuante.
— Ah!... Acho que exagerei.
Abel fala enquanto cai, mas, movendo as mãos, Ryunosuke reconstrói a plataforma.
— Ah, valeu, professor.
Enquanto ele fala, Kintoki chega por trás do garoto, dando um soco extremamente forte que o lança contra o chão como um meteoro. Mas o que surpreende a todos é o fato de a cabeça de Kintoki estar sangrando, mostrando que ele realmente sofreu algum dano. Quando olham para baixo, um gigantesco esqueleto segura Abel na palma da mão.
— Até que você não é nada mal, hein
Abel fala, limpando o pó de sua roupa.
Kintoki salta de volta para a plataforma, olhando Abel de cima.
— Muita ousadia sua tentar derrubar o Superior a Deus!
O esqueleto lança Abel até Kintoki, enquanto Kintoki libera seu Éter cinético para trás, indo direto em Abel no meio do ar. Os dois se chocam, acertando socos e chutes. Eles começam a rir enquanto Kintoki segura a cabeça de Abel, lançando-o contra o chão e, mais uma vez, se impulsiona para cair por cima dele. Mas, ao chegar próximo ao chão, Abel faz um estranho símbolo com a mão e assim fala:
— Venha devorar sua presa, Raijū!
Assim, um enorme lobo envolto em relâmpagos aparece, mordendo Kintoki e liberando uma descarga fulminante que começa a queimar o gramado.
— Hahaha! Acho que exagerei de novo
Abel fala, rindo, enquanto os raios cortam e destroem a terra ao redor.
— Está brincando? Mas que poder desgovernado e estranho é esse? Ele fez um esqueleto e agora um lobo?
Dante fala, tentando entender.
— Ele deve ser um Anômalo
Yuki, ao seu lado, responde.
De repente, atrás de Abel, uma garota retira de sua sombra um rifle e assim aponta para Abel, parado no meio do ar.
— Droga! Não dá para desviar agora!
Abel fala.
Mas, de repente, de dentro da boca do lobo à sua frente, com as roupas meio queimadas e rindo enlouquecidamente, sai Kintoki, como se nada tivesse acontecido, descendo para dar um soco em Abel.
— Porcaria! Dos dois lados?
Abel fala, ainda rindo.
— O erro de vocês é achar que isto é um duelo. Uma caçadora não vai perder a chance se ela aparecer assim!
Anna, a misteriosa garota que se moveu durante a confusão para ir atrás de Abel no solo, fala enquanto dispara. A bala, ao tocar em Abel, causa uma explosão enorme que até mesmo faz todos se afastarem. Saindo da fumaça, está Abel no chão, rindo, mas sem indícios de que irá se levantar, e Kintoki, que coloca seus óculos no lugar (mesmo que uma das lentes escuras tivesse quebrado) e assim olhar para Anna.
— Acho que é a nossa vez de dançar
Kintoki fala, encarando-a.
— É o que está parecendo
e assim ela responde.
Quando ambos começam a ir na direção um do outro, Anna deixa seu rifle cair, trocando-o por dois pares de pistolas. Ao chegar até ele, Kintoki começa com um soco direto, mas Anna desvia, deslizando o pescoço um pouco e movendo seu braço, colocando a pistola embaixo do queixo de Kintoki e atirando. Ele vai para trás, sentindo que algo o atravessou, mas percebe que foi uma bala de Éter. Quando tenta se levantar para reclamar, é recebido por um chute de Anna que o manda para trás. Depois, ela se aproxima e começa a dar vários tiros seguidos no abdômen de Kintoki, jogando-o mais longe ainda. Ele usa suas mãos para se firmar e assim se lança de volta até ela com um chute, e novamente ela desvia, rodando para o lado.
— Você não é nada mau, garotinha.
— Eu digo o mesmo para você, gorila.
Assim, Kintoki muda sua expressão, como se estivesse ficando sério. Então, usa a habilidade para saltar para o lado e cria um arco elétrico, disparando uma flecha no chão em alta velocidade, cobrindo o local com uma cortina de fumaça.
“Ele quer dificultar para me desviar?”
“Espera! Isso é...?!” Chuya gritava, assistindo tudo ao longe.
De repente, Kintoki aparece ao lado de Anna, socando-a no lado direito do abdômen. A mesma começa a pensar enquanto voa:
“Ele está usando outra habilidade?”
De repente, Kintoki está em um skate de fumaça, já a alcançando com o braço coberto por várias espirais.
— E, mais uma vez, lá vamos nós!
— Concordo... Lá vamos nós!
Perfure os Céus: Furadeira das Estrelas!
Caia Sobre Todos: Chuva de Cinzas Perene!
O soco de Kintoki libera uma energia concentrada como um projétil espiral coeso que mantém seu poder rotacional.
Já no braço de Anna se forma o cano de uma minigun que começa a disparar uma rajada carmesim de balas que se aquecem, liberando labaredas de fogo.
No momento em que os dois ataques colidem, uma explosão de Éter acontece novamente, jogando todos para longe. O barulho dos disparos da minigun não parava, assim como os raios de Éter cinético que destruíram tudo ao redor. As bolhas de água em volta evaporaram e explodiram, e o chão se enchia de água enquanto várias fissuras eram abertas.
Alguns minutos se passam e tudo está em silêncio, coberto pelo vapor da água aquecida.
— Mas o que aconteceu?
Mio fala, tentando observar à frente, fazendo a pergunta que todos querem fazer.
Assim, sem perder mais tempo, Chuya salta para cima da mesa.
— Bom, eu podia participar da brincadeira, mas prefiro evitar.
Assim, Chuya se senta em outra das três cadeiras.
É quando todos se lembram de que o tempo estava passando, pensando em saltar para cima também. De repente, eles notam que Anna e Kintoki voltaram e assim se sentaram também.
— Hahahaha! Você foi a mais divertida até hoje! É sério, case comigo! Eu prometo que te farei feliz!
— Quantas vezes mais eu preciso dizer 'Não'?
Ambos agora conversam tranquilamente. Anna se senta no trono, enquanto Kintoki senta em outra das cadeiras, como se aceitasse a derrota.
É quando os demais percebem, pela areia que falta na ampulheta de Ryunosuke, que não dá tempo de outra batalha acontecer. Antes disso, o tempo com certeza irá acabar.
— Droga! Quer dizer que a gente perdeu mesmo?!
Dante falava.
— Acho que o pior é para vocês, que acabaram chegando por último na corrida
Luck falava, zombando.
— Dessa vez você nem ganhou e ainda vai rir de mim, Luck?
É quando Mio fala: — É verdade! Aquilo ainda pode funcionar!
Assim, Mio corre na direção de uma das garotas, a menor e mais baixinha. Assim, ela começa a cochichar algo no ouvido dela.
— Ah! Por que eu faria isso? Ficou idiota?!
— Acredita em mim! Essa é a única maneira!
Um silêncio se estabeleceu por um tempo, enquanto a garota observava a ampulheta de areia.
— Saiba que aquela cadeira é minha!
— Tanto faz! Eu só não quero perder duas vezes pro Kin! Isso vai subir à cabeça dele!
Assim, a garota começa a correr como se fosse tentar lutar, mas antes de saltar, ela tropeça, cai e começa a chorar. Todos ficam sem entender a situação, sem saber se aquilo havia sido planejado. Mas é quando a garota se levanta, lacrimejando e chorando, mostrando o joelho ralado e sangrando.
— Onii-chan... está doendo...
Naquela hora, Kintoki salta com tudo, indo na direção da garota.
— NOOOOOOO! SEU IRMÃOZÃO ESTÁ INDOOOO!!!!
Mas quando ele se aproxima da garota, Ryunosuke o chuta com tudo, lançando-o contra o chão como um meteoro.
— Tira as mãos da minha irmã, seu idiota!
Todos, vendo aquilo, começavam a raciocinar e a entender o plano de Mio.
“CRUEL!!!!”
Foi a única coisa que passou pela cabeça deles. Mas quando todos lembram do que deveriam ter percebido, notam que a garota já havia tomado a frente e agora estava sentada em outra das cadeiras.
— Viva! Banzai! Viva! Megumi-chan é a número 1! Ela está acima de todos!
Mas, enquanto Ryunosuke comemorava, todos o encaravam. Assim, ele percebe que estava deixando os alunos verem aquilo. Ele mexe um pouco seu cabelo e começa a voltar para onde estava, enquanto anota em seu caderno, como se nada de especial tivesse acontecido.
— Então, os vencedores dessa vez foram: Anna, Daemon, Chuya e Megumi. Bom, podemos ir para o próximo teste…. Ugh
Assim ele casualmente ia escrevendo enquanto todos o observavam com julgamento.
Abel Kyuubei
Habilidade: Contrato de Alma
O poder de Abel Kyuubei, classificado como uma Habilidade Anômala, desafia a compreensão sistemática da magia e dos dons inatos. Sua capacidade reside em encontrar, "domar" e estabelecer pactos ou contratos com entidades sobrenaturais, entre outros tipos de manifestações etéreas equivalentes. Através desses pactos, Kyuubei ganha a capacidade de invocar ou canalizar os poderes únicos dessas criaturas, tornando-se um combatente extremamente versátil e imprevisível.
— Um anomalo esse aqui vai ter um futuro interessante.
Anna Lighthart
Habilidade: Jardim da Criação
Jardim da Criação é a habilidade Shaper inata de Anna, o poder extraordinário de criar e transmutar matéria em nível molecular. Sua habilidade funciona como uma forma avançada de alquimia pessoal, permitindo-lhe gerar virtualmente qualquer material ou objeto não-vivo, desde que compreenda sua estrutura molecular fundamental. Ela utiliza seu próprio Éter e reservas biológicas como matéria-prima ou catalisador, e pode até mesmo reestruturar a matéria existente através do toque.
— Que Habilidade Rara não lembro de já ter visto algo assim.
Megumi Azazel
Habilidade: Kerubiel
A habilidade de Megumi é classificada como Anômala pois não se trata de um poder que ela própria manifesta nos moldes Gifted ou Mago, mas sim da presença constante de uma entidade senciente chamada Kerubiel, que reside em sua sombra. As origens e a natureza exata de Kerubiel são desconhecidas – uma maldição, uma bênção, um anjo caído, um gremory, ou algo completamente diferente. Kerubiel coexiste com Megumi, possuindo vontade própria, poderes únicos, e uma relação simbiótica peculiar com sua "hospedeira". Esta ligação inexplicável e as capacidades de Kerubiel fogem às classificações e ao entendimento da ciência Shaper e da magia tradicional.
— O único erro é não detalhar mais como ela é a coisa mais fofa de toda a existência!
Assim, Ryunosuke estalava os dedos mais uma vez, e tudo mudava.
Parte 5
Agora, eles se encontravam no que parecia ser o interior de um quarto de hotel, porém distorcido em um labirinto infinito que desafiava completamente a lógica e os limites espaciais. A arquitetura era paradoxal: escadas ascendiam para encontrar tetos que, de alguma forma, também serviam como pisos, enquanto portas flutuavam no vazio ou se incrustavam nas paredes, conectadas a outras rampas e passarelas dispostas em ângulos impossíveis. Espelhos cobriam superfícies, multiplicando ao infinito a estrutura caótica de corredores sinuosos, pontes suspensas e plataformas flutuantes. Perdia-se totalmente a noção de 'cima' e 'baixo', tornando a orientação um luxo inexistente. A própria percepção era agredida por aquela geometria impossível, induzindo uma vertigem constante e profundamente nauseante.
— O próximo teste, de certa forma, será mais fácil, pois agora, nesta sala impossível, faremos um jogo de tiro ao alvo.
Ryunosuke falava com um sorriso no rosto, mas seus alunos ouviam aquilo com uma expressão de desconforto. Já era difícil conseguir se manter naquele lugar, por conta da extrema vertigem que tudo causava, e agora ele queria que eles brincassem de tiro ao alvo! Assim, alguns foram para o lado e se sentaram, como se estivessem dizendo: “Não estou a fim”. Eram, obviamente, aqueles que tiveram bons resultados nas competições anteriores e sabiam que não precisavam mais participar. Mas, enquanto isso, os demais pareciam se preparar, e aqueles que tiveram os piores resultados agora estavam com chamas nos olhos, decididos a obter um bom resultado desta vez.
— Eu me recuso a perder de novo! Dessa vez eu vou vencer!
Dizia Dante, pensando consigo mesmo.
— Então quem vai primeiro ?
Ryunosuke encarando seus alunos perguntava.
...
Um silêncio pairava no ar, quando, de repente...
— Bom, já que ninguém está falando nada, acho que eu posso começar.
Vivian caminha para a frente e então se curva um pouco, levantando a saia de leve.
Todos a observam com atenção, querendo saber o que aconteceu. Assim, Ryunosuke coloca um pouco de Éter no dedo, que parece uma chama.
— Existem quatro dessas pequenas chamas espalhadas por este lugar. As azuis se quebram ao contato com qualquer coisa; as verdes só quebram em contato com algo sólido. Vencem aqueles que quebrarem três. No entanto, os que conseguirem quebrar as quatro serão os melhores, e os piores serão aqueles que não atingirem o mínimo ou fizerem pior ainda.
Assim, ele desfaz a chama, e todos demoram um pouco para perceber.
— Não vai me dizer que...
Dante falava, encarando-o.
— Simples assim. Só lembrando que não podem deixar o local. Façam o melhor agora!
Todos perceberam que essa seria mais uma tarefa ridícula: naquela sala confusa e infinita, eles deviam achar quatro chamas minúsculas e acertá-las. O ambiente em si era um labirinto de percepções distorcidas, onde ecos visuais e sombras dançantes dificultavam a localização de qualquer coisa, quanto mais de focos de Éter tão sutis.
— Pelo menos não teremos tempo de novo...
Kai falava.
— Ah, verdade! Esqueci.
Assim, Ryunosuke mais uma vez cria sua ampulheta, e o tempo começa a rodar, enquanto todos os outros começam a reclamar com Kai.
“IDIOTA!!!” “TINHA QUE ABRIR A BOCA!!”
Assim, Vivian estala o dedo.
— Não faz diferença.
Então, sua tesoura aparece, saindo de sua sombra com um brilho metálico frio. Controlando-a remotamente, Vivian a mantém flutuando à sua frente. Ela então fecha os olhos, sua respiração torna-se quase imperceptível. A concentração era a chave. O espaço infinito e confuso não era apenas uma descrição visual; parecia distorcer ativamente as emanações de Éter, criando falsos sinais e camuflagens energéticas que poderiam enganar até os mais atentos. Vivian precisava filtrar esse ruído caótico, localizar as quatro assinaturas distintas das chamas – duas delicadas e instáveis, duas mais densas e resilientes.
Sua concentração se aprofundou, mapeando mentalmente o ambiente através das ondas de Éter. O primeiro sinal azul foi localizado, escondido atrás de uma ilusão óptica que fazia uma parede parecer muito mais distante. Com um comando mental, a tesoura disparou. Não em linha reta, mas numa trajetória curva e precisa, desviando de fragmentos flutuantes de energia residual e atravessando a miragem sem perturbá-la. A ponta da lâmina tocou a chama azul com a delicadeza calculada de uma pena, e a primeira explosão de Éter ressoou suavemente no ambiente.
Quase sem pausa, Vivian direcionou sua atenção para a assinatura verde mais próxima. Esta estava alojada numa reentrância de uma estrutura geométrica que mudava de forma lentamente, ameaçando ocultá-la ou esmagá-la. A tesoura precisou acelerar, sincronizando seu movimento com a pulsação da estrutura. No instante exato em que a reentrância se expôs minimamente, a tesoura golpeou a chama verde com um impacto seco e preciso, como um cirurgião quebrando um osso com um único toque. A segunda explosão de Éter foi mais contida, porém nítida.
As duas últimas eram o verdadeiro teste. Uma azul e uma verde estavam perigosamente próximas, numa área onde o espaço parecia se dobrar sobre si mesmo, criando correntes de energia que poderiam desviar a tesoura ou quebrar a chama azul prematuramente. Localizá-las exigiu um esforço ainda maior de concentração; atacá-las simultaneamente ou em rápida sucessão sem erro era o desafio. Uma fina gota de suor escorreu pela têmpora de Vivian, apesar da aparente calma em seu rosto.
Ela optou por uma manobra complexa. A tesoura avançou, navegando pelas correntes distorcidas. Num movimento rápido e fluido, quase impossível de acompanhar a olho nu, uma lâmina girou para dar um toque etéreo na chama azul, enquanto a ponta da outra lâmina, no mesmo instante, atingiu a base sólida da chama verde. A precisão era milimétrica; qualquer erro, qualquer hesitação, e a delicada chama azul teria sido destruída pelo impacto destinado à verde, ou a verde não seria quebrada. Duas explosões de Éter, quase sobrepostas, ecoaram, confirmando o sucesso.
A tesoura, agora imóvel no ar por um momento, retornou velozmente para a mão estendida de Vivian, que abriu os olhos. Um brilho de satisfação contida estava neles, mas seu rosto permaneceu neutro quando disse, com simplicidade:
— Fácil.
As quatro explosões de Éter, ocorridas em tão curto espaço de tempo e com tamanha precisão em meio às dificuldades do ambiente e da tarefa, deixaram os outros observadores momentaneamente em silêncio, processando a demonstração de controle e habilidade.
— Vivian Scarlune, né...
Ryunosuke fala, encarando a garota.
Quando então outra garota caminha até o centro, ao passar por Vivian, está encarando com uma feição meio irritada.
— Acho que agora é minha vez
A garota fala com uma voz calma e suave.
Ryunosuke a encara. Novamente, Dante sente aquele choque: aquela é a mesma garota que ele esteve observando antes. Ele tinha a impressão, mas agora aquela sensação parece ainda mais forte. Vendo-a de perto, mais certeza ele tem. Aquela garota tinha que ser ela, só podia ser ela, mesmo que a lógica diga que é impossível por conta da diferença de tempo. Mas é quando Ryunosuke a chama pelo nome que a dúvida volta a crescer nele:
— Layla Azael.
Deixando Dante ainda mais confuso.



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