The Fall of the Stars: Capítulo 2 - Frenesi
- AngelDark

- 14 de jul.
- 43 min de leitura
Volume 2 : Enigma
Parte 1
Presente:
Em algum lugar desconhecido do Titanic, a família Salazar iniciava sua reunião em volta de um comunicador. Todos se posicionavam, mantendo-se quietos o máximo possível para não incomodar os três que andavam entre eles, aproximando-se do comunicador. Ao chegarem, esperavam a resposta da pessoa do outro lado. As três figuras eram únicas, destacando-se muito dos demais. Uma era uma garota de cabelos rosas com detalhes laranja, usando terno e gravata, assim como uma saia preta. O outro era um homem alto e grande, usando terno e casaco. A última era uma garota com um loiro desbotado, olhos azuis e orelhas de lobo no topo da cabeça.
— Ei... isso é realmente verdade? O Barone realmente morreu?
— Sim, ele morreu, como já havíamos previsto, na verdade. Mesmo tendo acabado de conseguir o posto de oficial, ele insistiu tanto para liderar o início dessa missão. Eu já havia dito que acabaria assim.
A garota de terno e saia respondia à voz do comunicador, parecendo não se importar tanto com o destino de seu companheiro. Todos à sua volta trataram aquilo normalmente, parecendo estar mais incomodados com a voz no comunicador, não que ele estivesse agindo de maneira fora do normal, mas como se eles já esperassem pelo que iria acontecer e, por isso, estivessem com medo dela.
— Hinata, chega disso. Mesmo que tenha sido culpa dele, não esqueça que você era a responsável pelo plano dessa vez, por isso a responsabilidade recai sobre você.
O homem de terno parado ao lado da garota de terno e saia falou, revelando o nome dela, e agindo com muita preocupação sobre como a voz no comunicador iria reagir à postura de Hinata.
— Eu sei que é minha responsabilidade e planejo pagar por esse erro trazendo uma vitória absoluta aqui, mas ainda assim é melhor deixar claro quem arruinou a vitória absoluta.
Enquanto ambos discutiam, eles pararam repentinamente, viraram-se para o comunicador e se ajoelharam. Todos ficaram alarmados ao verem que a terceira mulher também havia feito o mesmo.
— Hinata, Lucian e Sofia, escutem bem o que eu vou dizer, não me importa quem tenha sido o erro, ou o que causou isso, não faz diferença nenhuma. O que eu quero que entendam é que alguém matou um dos membros da nossa família, conseguem entender isso?
De volta ao planeta, o homem estava no meio de um tiroteio em uma cidade devastada, falando pelo telefone, sem nem ligar para os tiros que vinham em sua direção, como se tivesse certeza absoluta de que nenhum o atingiria.
— Esses vermes mexeram com a minha família, então não vai ter perdão. Encontrem o desgraçado e o matem, nem que tenham que afundar esse navio no meio do sol.
— Mas Stefan, achei que o plano era continuar viagem para a previsão da Benedetta acontecer, não iríamos usar o Astreus que despertaria aqui como barganha contra o trono de Deus?
O homem segurando o celular do outro lado da linha ficou mais sério, enquanto uma veia em sua testa inchada parecia perto de explodir. Usando um casaco com gola de pele e um tapa-olho, falou calmamente:
— Hinata, eles mataram um membro da minha família... será que eu vou precisar mesmo repetir?
Nessa hora, o Ether do homem expandiu e tudo à sua volta congelou: a cidade, as pessoas, as balas no meio do ar que vinham em sua direção, tudo congelou instantaneamente, enquanto ele continuava segurando seu celular, esperando por uma resposta.
— Não... pode considerar o responsável um homem morto.
— Todos os oficiais do navio têm minha permissão para entrar no combate. O resto da família vai se movimentar e, se até eu retornar à cidade de metal essa bagunça não tiver acabado, eu mesmo vou até lá para matar todos.
O homem falou, congelando e quebrando o celular em sua mão, e então o campo de visão volta para o navio, com todos os soldados da família encarando os oficiais e suando frio, enquanto cochichavam entre si:
"Isso é sério? Mais de um dos oficiais ganhou permissão para lutar? Isso é péssimo! Desse jeito será novamente como na cidade de Ronove, mais uma catástrofe vai acontecer."
Hinata sorriu e caminhou até a porta, enquanto Lucian e Sofia olhavam para os homens à sua volta e falavam simultaneamente:
— Vamos começar.
Parte 2
No Quarto Principal dos Passageiros afiliados ao Trono de Deus, acontecia uma reunião com os membros presentes no navio e com os demais espalhados em diversas sedes do globo, através da habilidade de Helena, que permitia que ela se conecta a várias outras garotas espalhadas pelo mundo, como um satélite e várias antenas.
— Como já foi decidido, eu, Helena, irei presidir esta reunião. Se desejarem falar, basta falar com sua antena, e ela repassará as informações para as demais através de mim.
Explicou ela calmamente, demonstrando mais um lado de sua habilidade e emanando um ar de ternura e passividade.
— Hoje estamos aqui para decidir o que faremos em relação aos Astreus e seus avatares, um problema com o qual lidamos desde o incidente na Torre Dates. Embora a informação esteja sendo mantida em segredo, quanto mais o tempo passa, mais difícil tem sido ocultar a verdade. Tivemos sorte que os Astreus que apareceram até agora não buscaram holofotes e preferiram se manter no anonimato, mas não dá para saber até quando isso se manterá. Como sabem, é nosso dever e obrigação fazer com que o mundo e seus habitantes continuem desfrutando da paz. No entanto, quando a verdade for exposta, será impossível manter tanto controle, já que uma verdadeira corrida atrás das armas supremas de destruição, os Astreus, começaria.
Em um dos lados do mundo, na cidade de Ignea, um homem de óculos e cabelo preto, com olhos vermelhos como os de um vampiro, falava:
— Eu entendo seu ponto, Helena, mas ainda acho ele superficial. A questão aqui não deveria ser só sobre como faremos para impedir que a verdade venha a público, nem o que faremos caso ela venha, e sim se devemos tratar esses "Astreus" e seus avatares como inimigos ou não.
A mensagem do homem era repassada a todo o globo através das garotas chamadas de antena, inclusive para a sala onde Helena estava, por outra garota igual às antenas à sua frente, para que aqueles além de Helena soubessem o que estava acontecendo.
— Eu entendo o seu ponto de vista, Bedivere, mas tem um grande problema nele... Mesmo que classificamos os Astreus como inimigos, você teria poder para lutar contra eles?
Ao ouvir isso, todos permaneceram em silêncio, com um ar de concordância. Até agora, houve poucos casos de Astreus aparecendo no mundo, e menos ainda casos que envolveram combate. Nesses poucos casos específicos, ficou claro que os avatares de Astreus eram, sem dúvida, fortes. Mesmo que não fossem onipotentes como os Astreus das lendas, vencê-los exigiria uma força descomunal e um exército enorme, e no fim, poucos sobreviveriam. Em outras palavras, era uma guerra que não parecia ter qualquer benefício.
— Então, de que adianta ficarmos fazendo essas reuniões, Helena, se os Astreus quiserem se revelar, eles o farão, e, de acordo com você mesma, não há nada que possamos fazer.
— Eu não disse isso. Eu perguntei se você, que parecia querer tanto adiantar esse tópico, tinha uma maneira de fazer isso. Como previsto, não tinha. Então, mantenha-se em seu lugar e seja paciente, pois aqueles que têm os métodos para isso são os únicos que podem decidir como e quando iremos falar sobre isso.
O clima na sala ficou tenso e pesado enquanto Helena mudava sua expressão, abrindo seus olhos com símbolos de quatro quadrados, fazendo com que Bedivere congelasse e se sentasse, escutando tudo. Do outro lado do mundo, outro homem falava:
— Helena, eu entendo seu lado também, mas enquanto a filial do Vaticano não for totalmente honesta, esse tipo de coisa continuará a acontecer. Já imaginávamos que vocês teriam uma forma de matar um Astreus desde o incidente da Lua Escarlate, e não seremos capazes de confiar uns nos outros até sabermos com que cartas estamos jogando.
— Que bonito da sua parte, Ivan, pedir para eu revelar minhas cartas quando você nem diz o que esse seu grande laboratório está pesquisando há tanto tempo. Para consegui-lo, você precisou da colaboração daquela organização mercenária, não foi? A Horizon.
O clima continuava hostil, como se todos estivessem receosos de falar, já que também não queriam revelar suas cartas, mesmo que quisessem ver as outras na mesa.
— Bom... mas você tem razão em um ponto: as coisas não irão para frente enquanto alguém não der o primeiro passo e revelar um pouco de si mesmo... Certo, eu irei entrar nesse assunto, então. No entanto, não irei revelar sobre o incidente da Lua Escarlate, e sim duas das armas que temos nesse combate.
Helena estalou os dedos e duas garotas se aproximaram. As duas se pareciam, era óbvio que tinham relação. Se olhasse apenas para o rosto, poderiam até confundi-las, mas ao olhar para o resto, a diferença era descomunal, seja nas vestimentas, atitude ou até no ar que ambas emanavam. Então, Helena falou:
— As duas vieram do "Jardim", e têm a capacidade de usar as relíquias do Apocalipse.
Todos na sala se alarmaram e começaram a cochichar:
"Isso é real? Usuárias das armas do Apocalipse? Quer dizer que existem outros além de Niklaus? Idiota, não fale o nome dele aqui. Qual delas elas conseguem usar? Espera, quer dizer que a organização conseguiu tomar posse de uma ou duas das armas do Apocalipse?"
Então, Helena bateu o dedo contra a mesa duas vezes, como um juiz batendo o martelo pedindo silêncio, e essa pequena ação fez com que todos se calassem, enquanto Bedivere voltava a falar:
— Então é isso, vai usar os poderes das armas do Apocalipse? Eu não quero saber como vocês fizeram para conseguir usuários compatíveis com aquelas coisas, e sei que, se elas vieram do Jardim, não devem nos trair, mas sinto que as coisas não serão simples assim, não é, Helena? Deve haver um motivo para você ter aceitado nos contar uma informação que poderia gerar até mesmo uma guerra em busca dessas garotas, e um motivo bem maior para você ter decidido levá-las até o Titanic, o lugar onde, de acordo com as previsões da Santa Martha, um novo Astreus iria aparecer.
— Hum, então voltou a tentar se impor mesmo depois do que eu falei, não é, Bedivere? Pois bem, eu vou contar o meu objetivo. Como eu disse antes, mesmo que sejamos capazes de matar um Astreus, o número de mortos e recursos perdidos continuaria enorme, sendo um esforço quase infundado. Por isso, decidi que, em vez de atacar, eu deixaria essas duas vigiando o Astreus, servindo como vigias constantes para monitorá-lo.
—...
Um silêncio se instaurou no local, e então uma nova voz, não ouvida até então, ecoou. Nesse momento, um campo sem som foi instaurado, e o mundo à volta parou, deixando apenas as antenas e os líderes de cada filial se moverem e ouvirem a voz, que então falou:
— Sem mais rodeios, Helena. Você não teria feito todo esse esforço, indo pessoalmente até o Titanic, apenas para isso. Se não me engano, você foi pessoalmente até Martha antes de decidir que iria até o navio com seus homens, não foi? Por acaso, não foi confirmar algo com ela? Conte a verdade, o que você deseja conseguir nessa viagem.
Helena sorriu, enquanto Ivan e Bedivere começavam a suar frio.
— Então o senhor decidiu se manifestar... Sim, o senhor está certo. Muito mais do que apenas vigiar o Astreus que aparecerá aqui, eu desejo tê-lo a nossos serviços. Se as previsões de Martha estiverem certas, esse Avatar especial que aparecerá será justamente o que precisamos para lidarmos com todos os problemas dos outros Astreus, assim como com o próprio Niklaus, e também com o Reino de Sakura, que está criando a criança da destruição. Para salvar o mundo do seu fim, precisamos fazer o possível para ter esse novo Astreus em nossas mãos, e é por isso que eu decidi usar as duas garotas.
—... Espero que saiba que esse seu plano pode tornar a arma que você tanto deseja em nosso inimigo mais problemático, e caso ele seja do tipo que só cause destruição desgovernada, assim como a criança do Reino de Sakura, você e os demais que estão no navio terão que pará-lo, mesmo que em troca de suas vidas.
— Eu entendo.
— Pois bem, Helena, você tem a minha permissão. Faça o que achar melhor e conquiste nossa arma, para que possamos usá-la para preservar a paz deste mundo.
O tempo à volta de todos voltou a fluir. Enquanto essa conversa havia acontecido, para os demais, nem 1 segundo havia se passado. Todos olhavam para as feições pálidas dos líderes de cada filial, e Helena suava frio.
"Agora não tem mais volta, eu ficarei com esse avatar de qualquer maneira."
Helena pensava enquanto suava frio, olhando para a antena à sua frente.
— Bom, agora continuaremos decidindo o que faremos sobre quando o mundo descobrir sobre os Astreus, e também sobre o que faremos em relação ao Terminal Cinza e ao Festival do Rei Dragão que se aproxima.
Parte 3
De volta ao cassino, onde Dante e Adam bebiam e riam, Dante experimentava várias coisas diferentes para descobrir o quanto seu paladar havia mudado, enquanto Adam se divertia com as reações do garoto. Então, um homem alto, usando casaco, aproximou-se dos dois e começou a cutucar o ombro de Adam.
— O que foi? Não está vendo que estou me divertindo com meu novo amigo? Se quer um autógrafo, tente de novo mais tarde.
— Você é Adam da Horizon, não é?
— Sim, e você?...
— Lucian da família Salazar. Estou procurando um homem que matou um dos membros da minha família e, curiosamente, senti rastros de Ether do responsável vindo direto para este cassino.
— E acha que eu o matei? Que bobagem! Por que eu perderia meu tempo matando uns idiotas que acham que saíram de algum filme italiano?
— Hum, não, eu não acho que tenha sido você, mas se está aqui é porque veio em busca da mesma coisa que nosso chefe deseja. Afinal, nós sabemos a verdade por trás da Horizon.
— Hum, pirralho, e por que exatamente está me contando isso?
— Não quero que, enquanto estivermos procurando o idiota que matou nosso companheiro, vocês da Horizon fiquem se esgueirando em meio ao frenesi e aproveitem para levar nosso troféu para o chefe.
— Chefe, é? Quem diria que aquele bastardo subiria tanto na vida.1’”
Dante observava tudo aquilo sem entender o que estava acontecendo, mas quando Adam terminou de falar, recebeu um soco tão forte de Lucian que o impacto jogou todos os móveis do cassino contra as paredes. Adam, que recebeu o soco rindo, aumentou seu Ether, que era quente a ponto de fazer os frascos de bebida atrás dele estourarem e o metal aquecer.
— Foi mal, Dante, mas parece que vou ter que limpar o lixo antes de podermos conversar mais.
Dante começou a ver a colisão de Ether dos dois, mas ao mesmo tempo sentiu algo do lado de fora. Correu para observar e, do lado de fora, um frenesi sem precedentes começava. Usando carros de entrega dos trabalhadores, homens armados começaram a atirar com rifles e metralhadoras, destruindo tudo. Dante conseguia sentir que aquilo não estava acontecendo apenas ali, mas em vários locais diferentes do navio. Um alarme começou a ecoar, e assim os guardas armados do Titanic começaram a se mover. Vários confrontos armados começaram enquanto a confusão aumentava, até que uma garota passou correndo por Dante, abalada, suando e cansada.
— Eu não consegui impedir de novo... Droga, desse jeito vai tudo se repetir mais uma vez. Se eu não parar as coisas logo, todo mundo vai morrer.
Assim, ela começou a correr em direção às escadas que levavam aos andares inferiores, enquanto Dante, parado observando tudo, colocou a mão no rosto em desespero, já que tudo o que queria era um momento para refletir e pensar, mas como se isso tivesse sido tirado dele outra vez, voltou a encarar um dos picos de Ether mais altos que sentiu no navio, caminhando em direção ao cassino. Notou a garota usando terno e saia, puxando de sua sombra uma enorme foice, estourando um chiclete e cortando todos à sua volta, aliados e inimigos, e então disse:
— Lá vamos nós de novo.
Assim, Dante começou a correr em direção às escadas.
"Tá, até parece que sou burro. Quantas vezes eu vi isso em jogos ou animes? Aquela garota de antes que estava falando sobre impedir alguma coisa era uma puta red flag ambulante. Certeza que ela vai ser um evento importante em toda essa bagunça."
Mas enquanto corria, notou a garota de terno o perseguindo.
— Merda, ela me viu mesmo. Esquece isso, não tenho tempo para você, demônio. Tenho um evento obrigatório me esperando à frente.
Dante corria enquanto a garota ria.
— Eu senti, esse seu Ether, garoto. Você está escondendo sua força, não é? Finalmente posso ter achado um entretenimento, então volta aqui.
Ela balançou sua foice e uma rajada de energia cortou tudo à sua frente. Ele saltou para evitar o ataque, e ao atingir o fim da escada, bateu no chão e rolou, tentando se afastar do inimigo, mas ao se levantar e tentar correr mais uma vez, bateu de frente com alguém. Ao olhar para frente, notou que estava de cara com um par de montanhas macias e fofas que acalmavam seu coração disparado e acelerado.
— Ei, o que você acha que está fazendo?
A garota com quem havia se chocado falou, enquanto ao seu lado uma baixinha com um olhar irritado dizia:
— Esse idiota, pelo visto, adora se chocar de frente com as pessoas. Aproveita esse seu acúmulo de carne e sufoca ele até a morte, Mio.
— Bea, o que você acha que está falando, afinal!
Então, Dante recobrou seus pensamentos, finalmente saindo da doce e forte tentação que aquelas montanhas ofereciam, para avisar as duas para correrem agora que sentia a louca da foice se aproximando. Ela também terminou de descer as escadas e foi na direção de Dante.
— Merda, eu queria ir atrás da outra garota, mas pelo visto não vai dar até eu resolver as coisas com essa. Droga... Mas não posso envolver outros nisso.
Então, a garota com quem Dante havia colidido começou a encará-lo com atenção e então falou:
— Espera, esse garoto é o garoto que a comandante Levy havia nos pedido para proteger.
— O QUE??
— O QUE??
Dante e Beatrice responderam ao mesmo tempo, com confusão e um pouco de desgosto no olhar.
— Se é assim, já sabe, Bea, sem fazer bobagem até a missão acabar, senão a gente pode realmente ser suspensa dessa vez.
Enquanto conversavam, a garota da foice chegou bem em cima de Dante, em posição de ataque, movendo a foice mais rápido do que eles podiam se esquivar, mas nesse momento, Beatrice se colocou na frente do ataque, bloqueando a foice com o braço.
— Ela... não está sendo cortada?
Hinata ficou em choque vendo a garota à sua frente, enquanto Beatrice a encarava com raiva, e dizia:
— Foi mal, eu odeio isso, mas se for para evitar a suspensão, não vai haver outra maneira. Vou quebrar todos os dentes da sua cara, mas prometo que depois que a missão acabar, farei o mesmo com aquele garoto, por isso, vá para o inferno sem arrependimentos.
O Ether das duas tremeu o chão. Enquanto via aquilo sem entender, Dante começou a correr, aproveitando o momento.
— Tanto faz, não tenho tempo para isso agora. Preciso encontrar a red flag ambulante para ontem.
— Droga, ele está fugindo para algum lugar. Se ele acabar morto, vamos fracassar na missão. Bea, cuida dessa garota que eu vou atrás dele. Depois volto até onde você estiver. Boa sorte e tenta não dividir esse navio no meio, lembre-se que eu vou morrer se cair no espaço.
Mio correu na direção de Dante, deixando as outras duas para trás. Hinata riu, vendo que havia encontrado outro monstro. Trouxe sua foice para trás de volta e começou a despejar seu Ether nela.
— Aquela garota parecia ter confiança de que você iria vencer, não é?
— Sem conversa, vamos resolver isso logo.
As duas avançaram na mesma direção e o confronto começou.
Parte 4
Enquanto isso, Kurokawa e Luck, que haviam ido na direção de onde a confusão havia começado, encontram um homem carregando uma garota manchada de sangue.
— Ei, o que aconteceu? Ela está machucada? — Kurokawa fala, correndo na direção do homem.
— Ah, eu também não sei. Achei que ela tivesse se machucado, mas quando notei, percebi que o sangue cobrindo o corpo da garota não era dela. Mesmo assim, eu estava a caminho da ala médica, já que ela estava inconsciente.
— O que?
Luck se aproxima em silêncio, observando-a.
— Mas ela é sua conhecida ou algo assim?
— Não, eu nunca a vi antes, mas fiquei preocupado quando a vi caída no chão.
— O que deveríamos fazer, então, Luck Senpai?
— ... Se não me engano, Nyan tem alguma habilidade que ajuda na recuperação de feridas e ainda permite que ela descubra o que está infligindo machucados e que tipo de machucados uma pessoa possui. Podemos descobrir com ela se ela está bem e, se possível, ela até consiga dizer se esse sangue no corpo dela é da própria garota ou não.
— Mas eu já disse, não pode ser dela, ela não tem um único arranhão.
— Isso não descarta a possibilidade de ser dela, afinal, ela pode ter uma regeneração forte que a tenha curado.
Nesse momento, eles começam a escutar alguns alarmes e tiros.
— O que é isso?
— Eu não sei, mas não temos tempo para investigar, vamos logo na direção de Nyan e dos outros.
— Mas nem sabemos onde ela está.
— Se ela escutou os alarmes e tiros, há uma chance de ela ter voltado para o quarto para se reagrupar e discutir o que fazer. Então, precisamos levá-la até lá.
— Ah... então, garoto, vou deixá-la em suas mãos. Já que vocês são experts, vão saber melhor o que fazer, e eu preciso voltar para o meu trabalho e descobrir o que está acontecendo.
— Tudo bem, mas tenha cuidado você também, as coisas parecem estar ficando complicadas.
O homem deixa a garota com eles e se separa. Luck começa a carregar a garota enquanto eles usam as escadas para descer para o andar de baixo, indo em direção aos quartos. Mas, como estava muito afastado, teria que fazer a volta pela garagem ou, ao menos, era o que ele estava apostando que aconteceria, já que nem ele nem Kurokawa dominavam bem aqueles corredores, o que poderia significar que estavam perdidos.
— Droga, devia ter perguntado para o cara se aqui levava mesmo até os quartos.
Então, eles passam na frente de um enorme armazém de bagagens e notam vários homens no chão, sangrando, enquanto um homem alto, de cabelos brancos e pele morena, segurava outro pelo colarinho e o socava.
— Vamos, diz logo onde vocês colocaram a pedra de teleporte?
Luck, vendo aquilo, para e começa a falar:
— Ei, o que está acontecendo aqui?
— Hum? Não é da sua conta, eu só estou tirando o lixo para fora, então vaza.
— Não parece que esses aí no chão estão conscientes, nem que esse cara espancado que você está segurando esteja a fim de falar.
— Exato, e assim como os que estão no chão, se ele não começar a falar, vai acabar morrendo, e acabou.
— ... Uma pergunta, você sabe sobre alguma coisa da van que explodiu lá do lado de fora ao se chocar com um prédio?
Chuya larga o homem no chão, tira o cigarro da boca e fala:
— Sei sim, fui eu quem causei aquilo. Por que? Tem algo a reclamar?
— Depende, tem algum motivo para você ter feito aquilo?
— Quem sabe, mas não vejo motivos de me explicar para um merda curioso.
Luck, então, coloca a garota nas costas de Kurokawa.
— Foi mal, Kurokawa, mas acho que você vai ter que ir na frente.
— Espera, Luck, nem sabemos os motivos dele, você não pode atacá-lo assim.
— É justamente por isso que eu vou atacar, se ele não quer contar por bem, vai contar depois que eu amassar a cara dele.
Do outro lado, uma garota loira vai até Chuya e começa a falar:
— Tem certeza que vai lutar com ele? Não era você quem disse que estávamos correndo contra o tempo? Pelo Ether desse cara, ele deve ser forte.
— O que é isso, Miguel? Primeira vez que decide falar tanto e tinha que ser justamente para me subestimar? Relaxa, eu vou acabar com esse maluco bem a tempo de evitar o pior cenário, então senta aí no fundo mais um pouco que eu já volto.
O Ether dos dois se chocava mesmo à distância, e Kurokawa começou a correr enquanto pensava:
"Isso não vai acabar bem, preciso encontrar Dante também, ou não vai ter ninguém para parar a loucura desses dois."
E assim, mais um combate se iniciava.
Parte 5
O navio Titanic, além de grande em largura, também tinha vários andares de profundidade. Entre alguns andares, foram colocadas barreiras extremamente resistentes e específicas, para impedir que o som das festas e bagunças de cima interferissem no descanso e na calmaria dos andares de baixo, onde ficavam os dormitórios. As camadas de barreira eram tão fortes nos andares seis e oito que nem mesmo as ondas de choque e o Ether das batalhas acima alcançavam. Assim, enquanto a batalha acontecia lá em cima, para os de baixo não parecia que estava acontecendo nada.
Existia um motivo para terem criado barreiras tão fortes entre esses andares. Normalmente, as coisas necessárias para conseguir criar essas barreiras seriam impossíveis de serem adquiridas por uma organização que criou o navio para fins de entretenimento, já que era uma barreira mais forte do que as de níveis militares. Mas, ao negociarem com os comandantes militares das forças armadas de Elysium, decidiram colaborar com o financiamento do navio, assim como com a construção da barreira, contanto que a Luminary Labs concordasse em usar o navio como transportadora pessoal deles. E assim, para testar o navio também, decidiram que iriam usar a viagem para transportar o criminoso mundial que havia sido recentemente capturado e condenado à prisão perpétua na prisão mais segura do mundo, Selene Hold, localizada na superfície lunar.
Atualmente, o criminoso estava sendo mantido em uma gaiola impenetrável no sétimo andar, entre as barreiras que dividiam os andares do navio, separando a superfície do profundo como se fossem mundos completamente diferentes.
Parte 6
Fundo do Navio Andares inferiores.
Algum tempo antes da confusão acontecer nos andares de cima, o grupo de Anna, Morgan, Leon e Nyan encontrou um corpo morto, preso na parede por vários tipos de estacas de metal em formato de cruz. Enquanto todos que viram a cena mostraram enjoo, por motivos óbvios, assim como sinais de desconforto, Anna reagiu de forma completamente inesperada. A pequena garota reagiu com um sorriso gentil e completamente destoante da cena. Ao se virar e olhar para seus companheiros com um olhar animado, ela foi recebida com olhares de julgamento e desconforto, não só de seu grupo, mas de todos os outros. A garota não entendia o motivo daqueles olhares. Ela voltava a olhar para o corpo e não entendia por que todos estavam agindo daquela maneira, mas, por algum motivo, ela sentiu um incômodo dentro da cabeça.
Alguns minutos se passam e finalmente os trabalhadores do navio aparecem para acalmar a todos e limpar a cena. Todos foram levados até um dos outros saguões, transformado em sala de espera às pressas, para poder manter todos os envolvidos e que viram a cena do crime em um mesmo lugar até que fossem interrogados pelos seguranças. Todos acabaram se espalhando pela sala; muitos ainda tentavam entender a cena que viram, enquanto outros já pareciam ter superado aquilo. Já Anna, que parecia ter sido a menos afetada ao ver aquilo, estranhamente começou a ficar pálida e se sentou no fundo, afastada. A garota não entendia bem; ela estava animada e enérgica antes, então por que sua mente estava ficando embaçada? Ela começa a pensar e vai percebendo que Dante também havia passado pelo mesmo; a mente dele, de vez em quando, também parecia desligar ou ficar extasiada, e ele desconectou do mundo, mas essa foi a primeira vez que ela passou por aquilo.
— É verdade… nossas personalidades também são baseadas em nossos corpos, assim como a dor vem após a perda de adrenalina quando sofremos um acidente… acho que nós estamos…
A garota falava pausadamente, como se aos poucos estivesse perdendo a consciência. Naquele instante, as antigas memórias de Anna haviam percebido a realidade do que estava acontecendo: efeitos colaterais de sua fusão, mas agora efeitos que ela mesma não havia previsto. Anna acreditava que, por mais que ela e Dante acabassem se tornando pessoas novas, isso não afetaria suas personalidades por conta de eles manterem suas memórias. No entanto, durante a fusão, até mesmo suas personalidades foram misturadas, seus sentimentos e suas memórias, e, sem que eles percebessem, partes dessas memórias e sentimentos sumiram. O motivo de eles não terem percebido e ainda se comportarem como quando eram antes da fusão era que seus corpos ainda estavam imersos em adrenalina e emoção da nova vida e do novo mundo, mas, à medida que eles iam relaxando e se acostumando a esses novos corpos, essa adrenalina iria abaixando. Eles estavam aos poucos deixando de ser quem eram. Nem Anna havia previsto isso, nem ela sabia o que isso significaria para ela. A animação de ver um corpo e se animar com a aventura que ela tanto esperava, só para ter essa animação e empolgação freadas pela reação apática e desconfortável de seus amigos, foi o suficiente para forçar seu corpo a perder a adrenalina que sustentava sua personalidade. Assim, ela ia perdendo a consciência e, mesmo se forçando a não demonstrar, não conseguia impedir de sentir medo.
— Eu… eu não vou morrer agora, vou?…
Assim, Anna fechava seus olhos e seu corpo caía no chão. Alarmadas, as pessoas correram até ela. Nyan, sem entender, passou à frente e começou a tentar fazer os primeiros socorros com sua habilidade.
— Mas o que é isso agora? Vamos lá, depois de toda aquela animação, não vai desmaiar assim. O que eu vou dizer para o Dante e os outros se você morrer agora?
Enquanto isso, correndo pelos corredores de cima, Dante, empolgado atrás da garota que acreditava estar escondendo algum segredo, sentia uma pontada fria no coração e para de repente, enquanto Mio, que estava o seguindo, para ao seu lado.
Décimo segundo andar, Parte Superior do Navio.
— O que foi agora? Não vai me dizer que perdeu as forças?
— Não é isso… é um desconforto no peito…
— Desconforto? Você não vai ter um ataque cardíaco logo agora, né?
— Tá louca… até parece que eu iria morrer de um jeito tão… droga…
Dante caía para o lado, se apoiando na parede, suando muito e respirando pesado. Assim, ele começa a sentir o corpo estranho e a confusão de antes, que sentiu enquanto estava começando a relaxar no saguão, vêm com mais força. Ele mal estava vendo o corredor à sua frente, apenas escutando Mio ao seu lado.
— Ei! Nada de morrer por ataque cardíaco logo agora. Eu já disse que a minha missão depende de que você viva, né? Se for para morrer, pelo menos seja depois da missão acabar, em uma briga com a Bea.
— Hehe… então não importa se eu vou morrer depois, né?… Não que eu ache que você esteja errada pensando assim.
Mio, preocupada, vai até ele para ajudá-lo, apoiando seu braço em volta de seu pescoço, mas é quando ela toca nele que percebe que seu corpo estava gelado, muito mais que o normal, e extremamente pálido, e suando muito.
— É sério, garoto, você tá bem?
— Eu acho que o problema não sou eu… droga, Anna, vê se não morre logo agora, eu não sei o que vai rolar se você morrer.
— Quem é Anna?
— Outra baixinha que eu conheço, igual à sua amiga.
Mio começava a puxá-lo, tentando levá-lo até a enfermaria ou algum quarto para poder fazer alguma coisa, mas continuava tentando mantê-lo acordado, conversando com ele, já que não sabia o que poderia acontecer se ele apagasse logo agora.
— Ah, é? E como essa garota é? Ela é esquentadinha como a minha baixinha?
— … E você pode chamar ela assim?!
— Não se ela escutar; acho que eu morro igual você, por isso vamos manter isso como nosso segredinho, certo!
— Hahaha… eu realmente não devia rir agora, acho que tô sem ar nos pulmões, tá tudo mais embaçado ainda… eu tô com tanto sono.
— Ei, ei, nunca contaram que é rude dormir enquanto tá conversando com uma garota? Você ainda nem me respondeu.
— … acho que é verdade, o escolhido do universo não pode ser tão rude com as damas.
— Agora sim.
— Mas, infelizmente, mesmo que você me pergunte, eu acho que também não sei dizer, eu não parei de verdade para tentar entender ela.
“Tudo aconteceu tão rápido, e mesmo que agora ela fosse alguém tão importante, eu a ignorei. Acho que não queria pensar nela, talvez porque ela era como um lembrete de que tudo aquilo foi real, mas isso não foi certo. Ela não tinha culpa e ainda me ajudou, mas mesmo assim eu…”
— Eu não entendi bem, mas acho que é realmente complicado. Sendo assim, acho que você precisa se desculpar com ela, não é?
— … acho que é verdade.
— Sendo assim, você não pode morrer ainda. Garantia de ir até ela e assim pedir desculpa.
— Eu vou lembrar… obrigado.
— Ei… ei! Eu já disse para você não dormir!
A garota tentava acordá-lo desesperadamente, mas mesmo assim Dante também perdia suas forças e apagava.
No meio do escuro, Dante e Anna se viram perdidos em meio a pensamentos: “Talvez eu devesse ter tentado conversar mais com ela”; “Talvez eu devesse ter tentado perguntar o que ele estava sentindo”; “Por que eu acabei só afastando ela?”; “Talvez eu tivesse medo de ele me culpar e me rejeitar”. Assim, ambos ficaram com medo; se eles morressem logo agora, não poderiam mudar isso. Eles queriam tanto evitar esses arrependimentos, eles queriam tanto ter dado a oportunidade de se conhecerem de verdade. “Eu queria ter me apresentado”, ambos pensaram juntos antes de, pôr fim, apagarem e assim suas mentes se silenciaram.
Fundo do Navio, Andares Inferiores (3º Andar)
De volta aos quartos dos hóspedes, todos estavam sentados ao redor da cama de Anna, com expressões estranhas e tristes. O segurança que os interrogava era o mesmo que os encontrara quando foram teleportados para dentro do navio. Entendendo a preocupação deles com a amiga, decidiu deixá-los retornar aos quartos para que ela pudesse descansar, contanto que ele os acompanhasse para interrogá-los sobre seu envolvimento ali. Embora já soubesse que não tinham ligação direta devido ao tempo em que estiveram separados e ao tempo do assassinato não coincidir, ele anotava tudo o que diziam no caderno e olhou para aquela que parecia ser a líder do grupo, por ser a mais velha.
— Vocês já a trataram, não é mesmo?, Sei que ela continua gelada e não quer acordar, mas nada indica que ela esteja realmente morrendo. Então, por que essa expressão?
—… Eu não sei mais. Quando vi o corpo dela gelado e pálido no chão, lembrei-me de que ela poderia ser só uma criança, e comecei a me sentir mal.
— Como assim?
Morgan tomou a frente na conversa e começou a falar.
— Nós esquecemos de algo óbvio, talvez por causa do jeito que ela falava ou por termos visto o caso de Dante, que pareceu ter diminuído e ficado como uma criança. Mas nada indicava que o mesmo se aplicava a ela. Nós simplesmente assumimos isso como verdade. No entanto, agora, olhando para trás, quando ela acordou fora da torre, ficou animada ao ver as folhas das árvores e o céu azul. Quando olhou pela janela do navio e viu as estrelas, seus olhos brilharam como se estivesse vendo um sonho. E mesmo quando viu o corpo, parecia verdadeiramente animada com a chance de viver uma aventura, e nós respondemos com julgamentos e olhares estranhos, porque até aquele momento estávamos tratando-a como se fosse igual a nós.
— Espera, então ela não é? Ela é mais nova?
— Essa é a questão… nós não sabemos. Não perguntamos, julgamos com nossas ideias e decidimos as coisas, mas nem sequer tentamos perguntar. A garota estava nos seguindo e agindo como se já fossemos amigos, mas nós a ignoramos.
— Entendi.
O homem se levantou e foi até a porta, caminhando sem dizer nada.
— Aqui vai um conselho de alguém mais velho: arrependimentos sempre existirão, não importa o que façam. Apenas lembrem-se de que o importante não é não errar, mas sim garantir que se aprende com os erros.
E assim o chefe dos Seguranças sai da sala.
Leon se levantou em seguida, indo até a porta, e Morgan se virou para falar com ele.
— Para onde você vai?
— Tem um assassino no navio, não é? Se eu o capturar, talvez consiga uma boa recompensa."
— Vai mesmo sair assim enquanto ela está nesse estado?
— Lamento dizer, mas não sou tão empático quanto vocês duas. Uma garota que nunca vi na vida pode estar morrendo ou não, sei que isso deve ser triste para vocês, mas não me tornei um santo para ficar sofrendo só por causa disso.
Morgan se levantou irritada, mas Nyan a puxou pelo braço, com uma expressão de quem queria detê-la.
Mudando o campo de visão para o segurança que havia interrogado a todos, que acabara de chegar ao local onde o assassinato tinha ocorrido.
— Senhor Danael, bom trabalho, senhor.
Danael, o segurança chefe, começou a encarar mais uma vez a cena do crime.
— Então... o que descobriram sobre a vítima?
— Senhor, ela era Emília, a sobrinha de Barone, um dos oficiais da família Salazar.
O homem colocou a mão na frente do rosto enquanto a outra segurava seu caderno. Graças à sua habilidade, bastava segurar o caderno e pensar nas palavras para que elas fossem automaticamente escritas, sem a necessidade de abri-lo.
— Foi por isso que eu insisti tanto para impedir a subida desses idiotas no navio. Sinceramente, onde os supervisores estavam com a cabeça?... falando no diabo, já relataram para eles? Tiveram alguma resposta?
— Sobre isso, senhor... perdemos o contato. Não sabemos dizer exatamente o motivo, mas parece que as transmissões foram cortadas. Não conseguimos falar com a Superfície nem mesmo com os outros QGs pelo navio.
— O quê? Logo numa hora como essas? Droga! Não tem o que fazer. Enviem alguns homens até a parte da frente, no décimo quarto andar do navio. Eles têm uma lacrima de comunicação de emergência.
— Mas, senhor?! Tem certeza sobre isso? Foi-nos dito para usá-la somente em último caso, já que ela consome muito éter dos motores do navio e precisamos diminuir o tempo da viagem.
— Pelo visto, você não está entendendo o quão complicado isso pode ficar, né? Na nossa frente está o corpo de uma parente de um dos grandes da família Salazar. Mesmo que não seja ele, Stephan não vai deixar passar em branco. Aquele obcecado por família pode até mesmo autorizar Barone a começar uma confusão aqui em cima. Se uma guerra começasse no navio, seria péssimo, não só pela briga, mas porque teríamos uma péssima coordenação com os comunicadores quebrados, e com o fato de as barreiras dos andares de cima dividirem o navio de forma tão perfeita que eles nem saberiam que uma guerra está rolando aqui embaixo. Vamos aproveitar que Barone ainda não desceu para descobrir o que aconteceu com sua sobrinha antes que seja tarde.
— Mas e sobre os hóspedes que viram o corpo?
— Isso já não tem mais o que fazer. Óbvio que vai influenciar negativamente a visão da viagem, mas nosso dever não é com isso, e sim com a segurança de todos. Deixe que a equipe de marketing se vire com isso depois. Por enquanto, só garanta que todos estejam bem e relate para os superiores e pergunte como devemos agir com Barone a partir de agora.
— E o senhor, o que vai fazer?
— Eu? Não é óbvio? Vou encontrar esse assassino que nos deixou com as mãos cheias de trabalho.
Assim, o grupo se separou e cada um foi realizar sua missão. Danael continuou ali sozinho por um tempo, analisando o corpo da vítima minuciosamente enquanto ele era cuidadosamente retirado pelos legistas. Ele observava a forma como ela foi pregada na parede, os outros machucados que ela podia ter pelo corpo, os itens usados para prendê-la naquela posição. Assim que a desceram, ele prestou mais atenção em suas roupas, na expressão do corpo e em outros detalhes à medida que ele observava as pistas eram anotadas em seu caderno. Depois de analisar tudo, Danael saiu indo até o QG mais próximo. Chegando lá, usou seu crachá para requisitar um dos computadores e começou a procurar mais informações sobre a vítima. Então, um homem loiro de olhos azuis, usando uniforme de segurança, apareceu ao seu lado e ficou lá, observando-o. Danael percebeu e rapidamente o observou com um pouco de atenção, voltando em seguida para sua pesquisa.
— Ah, senhor… eu…
— Não precisa se apresentar. Me ajuda pegando o computador do lado e descobrindo mais informações sobre uma mulher chamada Benedetta. Acho que ela pode ser outra das quatro usuárias de clarividência do continente.
O garoto ficou confuso, sem entender nada.
— Espera, o quê? Mas o que isso tem a ver com o assassinato? Achei que estava tentando encontrar o assassino.
— E eu estou… Ah, acho que você é do tipo que é melhor mostrar antes. Isso vai poupar tempo depois.
— Mostrar o quê?
O homem virou para ele.
— Primeiro, você, Alphonse, um dos novatos que vieram no recrutamento de última hora para o navio. Você estava servindo como ajudante geral no QG, mas como agora estamos com falta de comunicação entre os QGs e eu assumi o papel de encontrar o assassino, você foi designado para ser meu parceiro. Segundo, sobre o assassino, como já deve saber, a vítima em questão era Emília Genovesi, a sobrinha de Barone, um dos oficiais da Família Salazar. Acontece que aquela morte não foi uma simples coincidência, foi um crime de vingança. Seria muita coincidência para começar, o assassino ter escolhido logo ela, ainda mais, o assassinato dela foi feito de forma lenta e brutal.
— Eu ouvi que ele a perfurou com várias estacas de metal até a morte.
— Errado, veja se escuta até o final. Inicialmente, as estacas pareciam ser sim a causa da morte, mas isso está incorreto. Acontece que, se você olhar com mais atenção, verá que o pescoço dela estava com marcas vermelhas e quebrado. O assassino a sufocou até a morte.
— Espera, então por que as estacas e todo o resto?
— O assassino queria mandar uma mensagem. A forma como o corpo dela foi deixado, é a mensagem: "tente me encontrar". Foi algo deixado propositalmente para Barone por vingança. Não é só isso, as estacas usadas também têm um significado. Na internet, eu descobri que é algo que os justiceiros idiotas do continente Elysium costumam usar. Eles acreditam que a prata em forma de cruz purifica os pecados, assim eles matam com elas para limpar os pecados dos assassinos. Mas Emília nunca se envolveu com nenhum assassinato, ela estava limpa, já chequei toda a sua ficha. Além disso, observar as mãos dela me deu toda a informação que eu precisava. Sendo assim, aquilo não era para purificar ela, mas sim seu sangue, o sangue de sua família. Por isso, o verdadeiro alvo do assassino é Barone. Agora, eu precisava descobrir como o assassino descobriu que Barone estaria nessa viagem. Afinal, o nome daqueles que compraram os ingressos não foi revelado, diferentemente dos nomes dos passageiros públicos.
Pesquisando, eu descobri que um grande movimento de várias famílias ligadas ao submundo fizeram movimentos após a previsão da Santa Martha. Só há um problema nisso: apenas o Trono de Deus tem acesso a essas previsões, mesmo que seja público o momento em que a santa as tem, já que os sinos do Vaticano são tocados. Ainda assim, ninguém além deles deveria saber o teor da previsão. Foi quando eu cheguei no nome Benedetta. De acordo com as informações, ela era uma garota órfã, filha de um antigo magnata rico. No entanto, a garota foi considerada um símbolo de má sorte após supostamente ter causado a morte de seu pai ao usar seus poderes.
Durante uma entrevista, ela pulou no pai gritando que ele iria morrer. Após a morte dele, ninguém da família quis ficar com a garota, sendo rejeitada e abandonada por sua mãe, assim como os demais membros de sua família que começaram a ver como um monstro, como consequência ela foi deixada nas mãos de um orfanato. Pouco tempo depois, a Família Salazar oficialmente a adotou e a tornou parte de sua família. Desde aquilo, os movimentos da família foram os melhores, eles sempre estiveram um passo à frente da polícia e de outros shapers enviados para pegar suas cabeças. E para piorar, alguns membros se deixaram ser presos para conseguir a anistia de oficiais que os entregavam. E como se soubessem o que os juízes iriam determinar, aqueles que se entregavam eram sempre os que cometeram crimes que não dariam pena capital de morte, apenas alguns anos na cadeia. A resposta mais clara e óbvia: Benedetta com certeza deve ser um dos cinco clarividentes do continente e ela deve ter previsto ao mesmo tempo que Santa Martha, o que fez com que a família tivesse que se mover e comprar ingressos para o Titanic.
— Incrível, o senhor conseguiu pensar em tudo isso só nesse pouco tempo desde o assassinato.
— Sem exageros, garoto. Ainda não chegamos no importante. Sabemos porque Barone está no navio e, através da internet, sabemos o momento em que ele tomou essa decisão, mas com tão pouco o assassino não deveria ter como saber que ele começou a mover sua família para vir especificamente para o Titanic, a menos que também pudesse ver o futuro. Foi quando eu percebi que a única forma seria se a própria Benedetta o tivesse informado.
— Mas por que ela faria isso? Ela não é parte da família?
— É isso que eu quero saber. Por isso pedi para você pesquisar sobre ela também. Há alguma peça faltando.
Alphonse então foi até a mesa ao lado e começou a investigar, mas virou uma última vez.
— Verdade, mas o senhor não me disse como sabia o meu nome e que eu fui encarregado de ser seu parceiro?
— Seu nome está no seu crachá, no peito direito. Seu rosto é novo, mesmo que eu tenha memorizado o rosto de todos os antigos seguranças. Você estava parado ao meu lado, suando de nervosismo, parecendo querer falar algo, mas hesitante, pensando se poderia me atrapalhar.
— Conseguiu só com essas informações? Incrível.
Os dois continuaram investigando o máximo possível, mas muitas informações sobre Benedetta pareciam ter sido propositalmente apagadas, talvez em uma tentativa de esconder a existência dela. Mesmo assim, não foi o suficiente: eles encontraram uma foto dela no banco de dados e Danael a observou com cuidado. Então, ele percebeu que já a havia visto antes na lista de passageiros.
— Ela está aqui dentro?...
Os dois se levantaram e Danael assumiu a frente, avisando a todos no QG para procurarem a garota da imagem que ele compartilhou.
— Senhor, você não acha que foi ela, né?
— Eu não acho nada, só me baseio em fatos. E o fato agora é que essa garota é uma pista crucial para encontrarmos o assassino.
Parte 7
Na sala de Transmissão, que ficava no centro do Navio, uma pilha de corpos caídos se estendia por toda a sala, enquanto, olhando para uma parede cheia de monitores transmitindo todas as câmeras espalhadas pelo Titanic, estavam três mulheres de cabelo branco. Observando toda a confusão transmitida, tranquilamente, principalmente a garota com roupas que lembravam as de uma pirata com uma longa cauda de tubarão e olhos vermelhos no meio das duas.
— Dá para acreditar? Eles estão se aproveitando da gente ter cortado as transmissões do navio para fazerem o que querem.
A da direita, uma garota com uma aparência que lembrava a de uma vampira nobre e orgulhosa, de cabelos brancos e olhos vermelhos, chapéu e roupa de caçador, respondeu:
— Ceto, isso não importa. Será mais benéfico para nós de qualquer maneira se eles fizerem confusão e não perceberem que estamos aqui.
— Eu sei disso, Lucia, só acho engraçado como as coisas desandaram com o apertar de um único botão, não concorda, Kali?
Ceto falava agora com a garota na esquerda, que se mantinha quieta, apenas observando as transmissões na tela, em uma específica que mostrava a batalha entre Beatrice e Hinata.
— Ah, é verdade. A baixinha ali é sua irmã, ela está lutando com uma das mafiosas que estão tentando tomar o navio ou algo assim, ela é bem animada, né?... E falando em animação, dá para acreditar que Adam também já está lutando contra um desses tais mafiosos? É inacreditável, por isso nunca contam o plano para ele, sempre faz o que dá na telha e se preocupa depois com as outras coisas.
Lucia olhava para a câmera de Adam com uma expressão descontente, já que seu parceiro parecia mais interessado naquela briga de bar do que em terminar sua missão.
— Esqueça ele de qualquer forma, é bom que ele seja mais um chamariz para nós. De qualquer forma, já encontrou o alvo, Ceto?
— Sim, já achei os dois. A prisão fica lá no sétimo andar, já a garota está sendo movida dos andares superiores para os inferiores, parece que ela está inconsciente agora, talvez a fusão esteja começando a acontecer.
— Devo interpretar que toda essa confusão está sendo causada por ela?
— Mais ou menos, não sei dizer se são os poderes de Astreus dela, ou se a própria garota agiu para as coisas acabarem dessa maneira, também há a possibilidade de serem ambos os casos.
— Em todo caso, então nos dividimos assim: Ceto, você continua aqui e impede a retomada da sala de transmissão, lembre-se de que não podemos deixar eles conseguirem se conectar com a superfície; Kali, deixe de ficar observando sua irmã por agora e vá até a prisão, deve ter vários guardas na sala da jaula, mas você deve dar conta, a sala é feita de Obsidium, então deve ser capaz de aguentar você lutando a sério, só não vai exagerar e fazer com que a gente acabe no espaço; e eu vou até a garota, assim que todos tivermos o que viemos buscar, nos encontraremos na parte esquerda do décimo andar. Ceto, quando for a hora, dê o aviso pelos interfones, mas lembre-se de usar só na hora certa, pois todos no navio irão ficar sabendo.
Kali saiu em silêncio da sala após Lucia ter terminado de falar. Lucia se virou para Ceto, pensando se Kali havia escutado, mas Ceto apenas fez um sinal indicando não ter ideia, ainda assim, sem muito tempo para desperdiçar, Lucia decidiu confiar e também foi embora, deixando apenas Ceto para trás observando tudo o que acontecia atentamente.
— Bom, vamos ver o que acontece agora… e você, Scarlune Dante, não me diga que vai passar a viagem toda dormindo sem participar da brincadeira?
Parte 8
Cassino de Ouro: 15º andar, Cidade Aérea, Térreo
De volta ao cassino, Adam e Lucian continuavam seu confronto em meio ao caos, com várias explosões e tiros acontecendo ao redor. Seguranças até tentavam se aproximar dos dois, mas não podiam fazê-lo descuidadamente, pois sempre que se moviam por alguns segundos, os guardas e seguranças perdiam completamente ambos de vista. Assim, seria perigoso demais continuar a aproximação. Adam, com os braços em pose de boxeador, se abaixava e continuava a socar Lucian que, como um poste de aço, recebia os ataques, mas continuava avançando para atacar. Após levar vários socos, tão pesados que a pressão e o impacto quebravam as paredes atrás de Lucian, Lucian limpou o sangue saindo de sua boca enquanto seu éter azul emanava de seu corpo. Adam, vendo aquilo, parou por um momento, sentindo que havia entendido a habilidade de Lucian.
— Nessa você realmente me pegou de surpresa, hein? Um gifted com a habilidade de conversão de dano.
A habilidade de Lucian convertia o dano recebido em mais força, sendo um verdadeiro tanque. Ele conseguia acumular uma grande quantidade de dano do inimigo e, assim, somar sua força com a do oponente. Ao ativar o modo de retribuição, seu corpo tinha um aumento enorme na massa muscular, assim como seu éter, revelando sua forma de ataque.
— Agora você vai receber tudo em dobro.
— Ha! Manda o seu melhor.
Lucian, em alta velocidade, moveu-se como um meteoro em direção a Adam, socando-o e enfiando sua cabeça no chão. Depois, agarrou a perna de Adam, arremessando-o de um lado para o outro, jogando-o para cima e aplicando um suplex com toda força, fazendo-o cair três andares, até o décimo segundo. Logo após, retirou-o do chão, agarrou sua cabeça com a mão e saiu correndo para frente, arrastando a cabeça de Adam contra a parede, até disparar seu éter pela mão diretamente na cabeça de Adam e explodi-la. Enquanto Lucian recuperava o fôlego, assistia às chamas onde Adam havia sido jogado. Então, cuspiu no chão e virou-se, arrumando a camisa, mas quando estava prestes a sair, Adam, saindo das chamas com a testa ensanguentada, caminhava para fora das chamas rindo.
— Hahahaha, isso não foi nada mal, touro selvagem, realmente me assustou.
Lucian voltou seu olhar para ele, preparando-se para o contra-ataque, mas foi quando Adam começou a retirar seus óculos quebrados do rosto, jogou-os para o lado e, sorrindo com seus dentes pontudos, também começou a elevar seu éter. Lucian percebeu que, apesar de todos os golpes dados, a única parte minimamente machucada de Adam era sua testa, que arranhou um pouco com o último golpe. No momento em que se perdeu em pensamentos, Adam saltou com tudo em sua direção, com seu punho coberto de chamas, e acertou o peito de Lucian com um soco, emanando uma descarga de chamas que atravessaram Lucian, queimando e pulverizando sua roupa, assim como tudo no corredor atrás dele. A explosão queimou e derreteu tudo ao redor, até que os sprinklers de incêndio foram acionados, encharcando o corredor de água. Adam saltou para trás, começando a ficar encharcado de água, enquanto seu braço continuava envolto em chamas, que nem se abalavam com a água caindo sobre ele.
— Vamos lá, me ataca de volta com esse dano de agora. Aposto que se fizer isso, deve conseguir quebrar um braço ou dois e, quem sabe, me fazer bons hematomas.
Adam falava com um sorriso no rosto, encarando seu inimigo, mas de repente Lucian começou a balançar até cair para frente, morto, mostrando a enorme queimadura nas costas, assim como a do peito, no lugar onde Adam havia acertado. No entanto, apesar de ter ganhado, Adam mudou totalmente a expressão de um sorriso animado para uma cara entediada, aproximando-se do corpo de Lucian até tocar em sua nuca, como se quisesse confirmar se ele estava morto ou não. Então, olhou para cima, para um dos sprinklers derramando água em sua direção, e disse:
— Droga… eu exagerei de novo.
Sem mais nada para fazer ali, Adam começou a caminhar para outro local, indo para o elevador do andar, e esperando ele chegar enquanto continuava sendo molhado pelos sprinklers. Assim que o elevador chegou ao andar e se abriu, uma garota albina o encarava, e então observava a destruição ao redor. Adam, vendo que ela se pôs entre ele e o elevador, começou a olhar a garota, sentindo que já a tinha visto em algum lugar.
—... Eu te conheço?
Mas automaticamente ele recebeu um chute no queixo e voou para os andares de cima. Atrás da garota, havia uma mulher de óculos, cabelos pretos com detalhes azuis, segurando uma prancheta, enquanto do outro lado havia um garoto de cabelos pretos espetados. Ambos sorriam ao vê-lo e, enquanto a mulher de óculos ajeitava os óculos, empurrando-os para trás, a garota saiu de dentro do elevador e falou.
— Vocês vão por aí, eu vou cuidar desse idiota primeiro.
Assim, o elevador se fechou e ela começou a saltar de piso em piso pelo buraco que Adam havia formado ao ser chutado para cima, direto no décimo quinto andar de volta. Enquanto começava a cair, Adam pensava: “Esses idiotas amam ficar me movendo de lugar”. E quando ele voltou a sorrir, olhando para baixo e vendo Levy na superfície esperando-o, pousou perto dela.
— Eu lembrei de você, é uma das que estava na lista de aviso para termos cuidado.
— Lista de aviso, é? Vou adorar saber mais sobre isso depois.
— Foi mal, gracinha, mas não sou do tipo que conta segredo de amigos.
Mas no momento em que Adam terminou de falar, Levy chegou na frente dele com as mãos nos bolsos e começou sua sequência de chutes, começando com um na cabeça, fazendo-o cair para o lado, logo seguida de um no estômago, lançando-o para o ar, depois saltando em sua direção e acertando mais um no estômago. Adam voltou a cair, mas dessa vez prendeu a queda no andar e se puxou para cima.
— Isso é tudo que pode fazer?
Mas quando ele a procurou, Levy já estava ao seu lado, chutando a parte de trás de sua cabeça, depois, com as mãos no chão, devolvendo com outro chute na parte da frente. Adam se levantou com sangue saindo de seus ouvidos e nariz, mas antes que pudesse limpar, Levy apareceu em sua frente e começou mais um combo de chutes, acertando cada lado de sua cabeça, deixando Adam sem espaço de reação.
Essa idiota está fazendo meu cérebro balançar dentro do crânio, já que não consegue fazer dano no exterior.
Adam expandiu seu éter e liberou uma enorme carga de chamas, criando uma explosão em área, enquanto Levy saltava para trás. Mas sangue começou a sair da cabeça de Adam, agora pelos olhos, enquanto ele olhava sorrindo para Levy.
— Você é realmente diferente, mas não ache que vai me ganhar com esses truquezinhos de artes marciais. Com chutes leves assim, você não tem como me derrotar!
—... Então você quer que eu chute com mais força?
Adam demorou para reagir, mas Levy, em alta velocidade, mergulhou nas chamas, segurou-o pelo braço enquanto falava.
— Preciso que você não saia voando, não quero atingir alguém por acidente.
Assim, enquanto o segurava pelo braço, ela encheu sua perna de éter, que virou chamas vermelhas. Então, ela o chutou com mais força ainda, tão forte que Adam vomitou sangue e todas as chamas ao redor se dissiparam. Assim que ela retirou sua perna, o estômago de Adam estava roxo e queimado, e ele começou a cair de joelhos, olhando para cima enquanto ela o encarava do alto. Então, Levy disse:
— Tá bom agora? Ou ainda mais forte?
— Hahahaha, tá bom, talvez eu tenha te subestimado, mas agora que me animou assim, vê se não me decepciona e me deixa brincar com tudo.
Os braços de Adam se encheram de éter e se cobriram de chamas. Ele deu o primeiro soco e Levy facilmente desviou, mas um enorme buraco se formou no prédio atrás dela.
— Vamos continuar, caçadora branca, vamos nos divertir ainda mais.
Adam continuava com uma incessante chuva de golpes, enquanto Levy continuava a se esquivar. No entanto, tudo ao redor deles começava a queimar e derreter.
— Logo não vai ter para onde fugir.
— Isso já está ficando problemático.
Assim, a troca de golpes continuou, e Levy, saltando para trás dele, tirou a mão do bolso, revelando um pirulito, e o colocou na boca. Sua perna voltou a queimar com uma chama carmesim, e Adam se virou com tudo para golpeá-la. Ela se abaixou e subiu com um chute novamente, acertando o queixo de Adam. Ele deu um mortal para trás, voltou ao chão e foi na direção dela com raiva. Dessa vez, em vez de desviar, Levy usou os braços para direcionar os socos de Adam para um lado específico, acertando na parte de trás dele, saltando e acertando com um chute o topo da cabeça de Adam, fazendo-o bater a cara no chão. Nesse momento, Adam retirou a cabeça com tudo do chão e novamente tentou socá-la, mas Levy, já pronta, chutou o cotovelo de Adam, novamente direcionando o golpe dele. Nesse momento, a carga de chamas foi para cima e bateu em uma barreira azul, fazendo Adam perceber que estava em um tipo de jaula.
— Esse poder é seu?
— Não.
Adam começou a olhar ao redor e notou a garota de cabelos pretos e prancheta em um dos prédios afastados, percebendo que o éter vinha dela.
— Você tem bons homens.
Levy se virou no ar e acertou um chute bem no meio da cara.
— Tá cego, idiota? Ela é obviamente uma garota.
Assim, os golpes continuam em sequência, enquanto Adam continuava a se levantar, indo até ela cheio de queimaduras e lesões, mas rindo alto e alegremente com a batalha animada. Enquanto no prédio afastado, a garota e o garoto que acompanhavam Levy atentamente falavam enquanto assistiam.
— Esse cara também não é normal, nunca vi alguém levar tantos golpes da capitã e continuar de pé.
— Isso não importa, estou mais preocupada com o fato de não podermos sair daqui agora. Pelas informações que a sala de transmissão nos enviou, ele é um dos meliantes suspeitos causando confusão, mas ainda tínhamos que lidar com a Família Salazar e os outros fazendo baderna. Mas não vai dar para fazer muito sem sair daqui.
— Acha que a Mio e a Bea conseguem dar conta?
— As novatas? Nem ideia, a capitã disse que elas tinham potencial, por isso queria trazê-las e testá-las, mas do nada ela só pediu para elas ajudarem o outro Scarlune, do nada.
— O que foi, tá com ciúmes? Sabe como a capitã se importa com os Scarlune.
— Que? Ciú... Kaiser, cala a boca e morre.
— Qual é, Yuri, todo mundo já estava sabendo que você estava afim da capitã.
De repente, os dois sentiram uma nova colisão de éter vinda de outra parte do navio e se assustaram.
— O que foi isso agora, Yuri? Mas que porcaria está acontecendo nesse navio, afinal?
— Eu não tenho ideia. Enquanto as transmissões estiverem sendo cortadas, vai dificultar bastante descobrir.
Parte 9
Área de Segurança Máxima (7º andar)
Um homem foi jogado através do corredor contra uma enorme porta que se abre, colidindo com uma jaula enorme, parecendo um cofre de banco blindado. Atravessando a porta, uma mulher de cabelos brancos, carregando uma katana maior que o próprio corpo em comprimento, com roupas pretas e vermelhas, caminhava calmamente para dentro da sala. Lá dentro, havia vários guardas e cavaleiros, assim como, sentada na frente do cofre, uma mulher cabelo preto com detalhes vermelhos e vestido, que se levantava e ia ao encontro da outra.
— Você é a Kali, estou certo? Já ouvimos falar dos seus atos de terrorismo.
— E você é a Mordread? De acordo com o que fui instruída, uma tal de cavaleira santa chamada Mordread estaria aqui.
Todo o lugar foi dominado por um profundo silêncio. A sala de Obsidium era escura e fria, suas paredes refletindo a luz fria das poucas lâmpadas pelo chão. A porta de entrada atrás de Kali era uma colossal placa de metal reforçado interiormente de Obsidium também. Já em sua frente, atrás de Mordread, havia a jaula de Obsidium projetada para conter os criminosos mais perigosos e poderosos que seriam movidos até Selene Hold.
O ar estava carregado de tensão, um silêncio opressor quebrado apenas pelo batimento cardíaco acelerado dos guardas e cavaleiros assustados ao redor. A temperatura fria da sala ia esquentando à medida que uma das lâmpadas no teto começava a piscar. Todos na sala, mesmo sendo fortes o suficiente para serem contratados para proteger o cofre virtualmente indestrutível, hesitavam em falar, como se esperassem um aviso de que a batalha havia começado.
Assim, o homem que havia sido lançado contra o cofre começou a cair. No segundo em que seu corpo tocou o chão, ambas sacaram suas espadas e elas colidiram. Toda a sala tremia e o ar empurrou as portas, fechando-as por dentro. Os seguranças começaram a atirar na direção de Kali, que saltou para frente, jogou a bainha de sua espada e, agora segurando-a sem bainha, a encheu de éter e, no mesmo segundo, realizou diversos cortes de ângulos totalmente diferentes.
No momento em que todos viram aquilo, um sentimento de medo primordial tomou conta de todos, como se fossem formigas prestes a serem esmagadas por um pé gigante, sem qualquer chance de contra-atacar.
Assim, os cortes no ar voaram em todas as direções. Mordread usou sua espada para bloquear os cortes que vieram até ela, enquanto os guardas, cavaleiros e seguranças da sala acabaram completamente em pedaços. No entanto, demorou alguns segundos até que os pedaços dos corpos percebessem que estavam cortados e então caíssem. Antes disso, Mordread e Kali já estavam uma em cima da outra, com mais uma troca de espadas. Ambas mantinham seus olhos abertos enquanto se moviam e cortavam, sabendo que a mínima piscada de olhos poderia custar sua vida. Mordread, então, liberou seu éter e raios vermelhos percorreram seu corpo. Nesse segundo, ela desapareceu do campo de visão de Kali, aparecendo atrás dela e realizando mais um corte, que foi bloqueado pela espada de Kali, que a posicionou durante esses segundos de atraso, como se já soubesse onde ela iria atacar. Assim, dessa vez foi Kali quem apareceu atrás dela, realizando um corte que jogou Mordread para o outro lado da sala. Mordread se chocou com a parede e seu corpo foi arremessado para frente em seguida. Assim, um corte de ar em cima dela a mandou contra a parede outra vez. Mordread se levantou irritada, cuspindo sangue, estendeu sua espada para cima e assim um fogo carmesim emanou de sua lâmina.
— Pulverize Ignis!
Uma rajada violenta carmesim emanou de sua espada e encheu aquela sala, queimando e pulverizando tudo, até mesmo o corpo dos soldados caídos, e enchendo tudo de fumaça. O silêncio voltava enquanto Mordread continuava observando ao redor, esperando por algum movimento, imaginando se Kali novamente havia conseguido se esquivar. No entanto, saindo da fumaça, Kali caminhava com a testa sangrando.
— Acho que ela tinha razão, esse lugar deve aguentar.
Assim, Kali, pela primeira vez desde o início da batalha, deixou sua aura de éter sair, dissipando toda a fumaça da sala e congelando Mordread.
— Divida este mundo e o próximo: Rashomon.
Um ataque tão forte e rápido que tudo pareceu estar em câmera lenta. Kali apenas balançou sua espada enquanto tudo ao seu redor estava em preto e branco e em câmera lenta. Assim, tanto Mordread quanto o cofre contendo o criminoso e até mesmo a sala de Obsidiana são cortados ao meio. Embainhando sua espada no meio do escuro, o único brilho visível era o vermelho que emanava agora dos olhos de Kali.
Parte 10
Área de Diversão: Parque Aquático (10º andar)
Kurokawa, sem nem sequer saber para onde estava indo, chegou ao parque temático.
— Droga! Luck, que ideia é essa? Eu nem sei como voltar para os quartos agora.
De repente, a garota que ela estava carregando começou a tossir. Então, ela a colocou deitada sob uma sombra.
— Não vai me dizer que ela está piorando logo agora? O que eu deveria fazer? Pensa, pensa.
E então ela escutou o barulho de uma arma sendo engatilhada atrás de sua cabeça.
— Droga, aquele cara me alcançou? Ou a companheira dele?
— Deixe essa garota aí e suma daqui agora!
Kurokawa relaxou, concentrou-se e começou a pensar. Assim, ela começou a sentir o cano da arma, percebendo que ele havia se aproximado demais de sua cabeça. Kurokawa estava com medo, não sabia se daria certo, mas não queria mais vacilar, não queria repetir o que aconteceu na torre, deixar as pessoas morrendo à sua frente sem fazer nada. "Eu não vou deixar as coisas acabarem do mesmo jeito." Assim, Kurokawa respirou fundo e, mesmo tremendo, empurrou sua cabeça contra a arma com força, jogando-a para trás, deixando o atirador confuso por alguns segundos. Então, levantou-se, deu uma rasteira, desequilibrando-o, e saltou para cima dele, segurando suas mãos contra as costas e movendo a arma para uma área onde não atingiria ninguém, imobilizando-o.
— Agora vamos tentar de novo: quem é você e qual sua ligação com aquela garota?
— Você não entende, não temos mais tempo. Eu preciso matá-la agora ou então vai ser tarde demais e todos nós vamos morrer.



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