The Fall of the Stars: Capítulo 1 - Bem vindo ao Titanic
- AngelDark

- 14 de jul.
- 41 min de leitura
Volume 2 : Enigma
Parte 1
Dentro do colossal "Titanic", um navio espacial construído recentemente no continente de Elysium, existia um refúgio para aqueles que garantiam o seu funcionamento: a sala de descanso dos trabalhadores.
Após longos turnos de serviço, os membros da tripulação convergiam para esse espaço, buscando descanso e tranquilidade. Apesar de ser um local destinado apenas aos empregados, a beleza do lugar era inegável. As paredes à direita, quando ativadas no modo espelho, revelavam paisagens exuberantes de planetas distantes e do próprio cosmo. Era como uma pintura de arte única, que apenas aqueles que ali estavam tinham a oportunidade de apreciar, permitindo que as mentes dos trabalhadores se desligassem da rotina e pudessem descansar tranquilamente enquanto admiravam o ambiente.
No entanto, naquele momento, a sala, geralmente movimentada com redes para dormir e malas, estava vazia e silenciosa. A maioria dos empregados estava cumprindo suas tarefas por todo o navio e só após a troca de turno poderiam voltar para descansar. O resultado era a sala vazia, exceto por duas pessoas: um homem alto de pele morena, cabelo liso e branco, que estava confortavelmente dormindo e roncando, quebrando o silêncio do lugar; e uma garota que se aproximava dele e o cutucava.
— Ei…
— Ronc!
— Ei…
— Ronc!
A garota parecia meio frustrada com a falta de resposta do homem, que não atendia ao seu chamado. Ela então começa a olhar em volta e decide desamarrar a rede onde o homem estava deitado.
— AI! QUE DROGA!
— ....
— Mas o que você acha que está fazendo, pirralha maldita?
— ...
— Você é muda por acaso? Merda, minha cabeça já não estava bem por conta de tanto que eu bebi ontem, droga.
— Quer que eu busque água?
— ENTÃO VOCÊ SABE FALAR?!
— ....
— Quer saber, esquece. Quem é você e por que me acordou?
— Já passou da hora de acordar. O pessoal da nossa equipe já foi.
— Bom, isso eu meio que percebi pelo silêncio, mas o que que tem? Por acaso você é uma daquelas certinhas que vai reclamar com os que não trabalham direito?
— Não… Eu queria ver aonde você iria trabalhar quando acordasse.
— ?, Não vai me dizer que… Pensando bem pela sua roupa, você é uma das novatas que foram mandadas do recrutamento para auxiliar o time de viagem, né?
— Sim.
— Tá, comecei a entender. Eu lembrei de você, você é a garota que foi movida do time dos novatos e colocada conosco porque o número tava ímpar. Aposto que todos esqueceram de você e por isso você não sabe onde é o seu trabalho, aí ficou me esperando pra me seguir quando eu fosse… Por que não foi com os outros?
— Eles estavam conversando em grupos, parecia que todos já se conheciam e eram amigos. Não achei certo me intrometer.
— Aí ficou esperando alguém sair sozinho, mas o único mané que ficou sozinho fui eu, que fiquei dormindo até tarde… Você é tímida demais, deveria ter só pedido ajuda pra alguém, sabia?
— …
— E lá vem o silêncio mortal de novo. Quer saber, esquece, melhor eu prestar algum serviço mesmo pra pelo menos deixar minhas imagens nas câmeras trabalhando, se não vou acabar sem salário esse mês também. Eu não vou saber explicar o seu trabalho, mas se quiser me seguir e ver o que eu faço, não vou brigar.
— Então farei isso.
— Você não é muito de conversar, né?
— …
— Tsk, tanto faz, meu nome é Chuya e o seu?
— … Meu nome é Miguel.
— Miguel? Hahahaha, que bizarro, mané, parece até nome masculino. Hahaha, seus pais estavam tentando te sacanear?
— …
— … Hum, quer saber, esquece, acho que não é da minha conta o seu nome.
Assim, os dois se arrumam e vão em direção ao Distrito 13, o Bar do Navio. A sala era enorme, como dois ginásios de futebol, e aquele era apenas um dos vários bares que existiam a bordo. Miguel e Chuya começaram seus trabalhos como mordomos, simplesmente levando bebidas e atendendo aos clientes do bar. O bar-cassino do Titanic era um reino de luzes e som, um santuário de prazer e opulência. Com suas paredes revestidas de ouro e lustres de cristal pendurados do teto, o ambiente emanava um ar de Las Vegas, um paraíso de jogos e diversão.
A música pulsava, engrandecendo o lugar e dando um toque único e luxuoso, com uma mistura de ritmos como jazz e clássicos de Hollywood, enquanto jogadores se reuniam em torno das mesas de jogos, disputando fortunas em cartas, dados e máquinas caça-níqueis. Assim como a mesa do bar principal, circular, encontrada no centro da sala, estava com algumas pessoas de peso conversando entre si ou com um dos gêmeos que serviam como bartender.
A garota, encarando aquilo tudo, apesar de parecer não mudar sua expressão neutra, arregalou um pouco os olhos enquanto movia sua cabeça rapidamente, olhando ao redor.
— Hum, já sei o que você está pensando, esse lugar é incrível, não é? "Como um lugar assim pode existir nesse navio?"
— Umu.
— Pois é, eu fiquei do mesmo jeito quando vi as plantas e acredite, esse aqui é só o começo. E pras pessoas mais normais tem outros bares e cassinos, para os mais "elevados" eles são ainda mais incríveis, embora, como essa seja uma viagem especial, todos os locais estão abertos a todos, por isso esse bar mais simples está mais vazio. Bom, tem um ponto bom e ruim disso, afinal, com menos gente tem menos chance de te dedurar por você beber no trabalho ou algo assim, mas as câmeras acabam focando mais em você, como têm que vigiar menos gente, uma luta, sacanagem.
A garota o olhou, parecendo que havia chegado a alguma conclusão, e assim voltou a olhar ao redor em silêncio.
— Hum…
— O que foi?
Eles olharam para o mesmo lado e viram uma confusão acontecendo. Um homem estava gritando com o croupier de sua mesa:
— Mas que história é essa? Eu não quero saber, quero o meu dinheiro.
— Infelizmente, isso está fora de questão. O senhor utilizou sua habilidade para conseguir vencer, logo, quebrou as regras do jogo.
— Não inventa, eu não usei merda nenhuma.
— Não adianta tentar esconder, nós temos vários leitores para vigiar, assim como câmeras que registram éter para ver se há alguma alteração no éter dos jogadores.
— Que merda, eu não concordei em ser vigiado.
— Não é algo exclusivo para o senhor, todos que decidem apostar passam pelo mesmo.
— Ah é? Então o que você vai fazer se eu me recusar a pagar as fichas que eu perdi?
— Não recomendaria isso.
— Isso não é você quem decide…
Antes de terminar de falar, Chuya foi até ele e o chutou na cabeça com força, acendendo seu cigarro. "Olhe as regras do quarto antes de dar uma de engraçadinho, amigo. Ao aceitar viajar nesse navio, tem que se lembrar que qualquer regra quebrada pode resultar em uma surra pelos funcionários."
Ele tirava o cigarro da boca e deixava a fumaça sair.
Um tempo se passa e Miguel volta ao lado de Chuya.
— O que foi, baixinha? — ele pergunta.
Ela aponta para a direção da confusão.
— Bom, foi apenas um idiota tentando ganhar vantagem usando sua habilidade Shaper, nada fora do normal.
— Shaper?....
— O que, você não sabe o que é um Shaper? De onde você é, garota?
A garota hesitou um pouco antes de responder e então, após considerar, responde:
— Gaia.
— Entendi. Bom, já que eu não vou poder te explicar detalhadamente sobre o trabalho, vou ser um bom veterano e te dar um tutorial de vida, mas você vai ficar me devendo essa.
A garota caminha ao lado dele em silêncio, sem mudar muito sua expressão, mas mexendo a cabeça como se concordasse com os termos.
— Bom, como vocês de Gaia não estão ligados, vou ter que começar do começo, embora eu também não seja a melhor fonte de informação sobre o éter e essas coisas, mas em resumo, no nosso universo existe uma energia misteriosa chamada éter, a energia da alteração. Essa energia nasce da mudança, tudo que passa por mudanças naturalmente gera éter e esse éter, se controlado, pode ser usado para mudar o mundo à sua volta, criando seu próprio mundo pessoal, e nele a realidade pode funcionar de forma que suas leis governam e não as leis da física. Como isso funciona na prática, eu não tenho ideia, mas aqueles que possuem a capacidade de manipular o éter também ganham a capacidade de gerar fenômenos sobrenaturais, nossos poderes. Todos que têm essa capacidade são chamados de Shapers, que significa pessoas com poderes. Dentro dos Shapers existem três tipos de pessoas: os Magos, os Gifted e os Anômalos. Magos, como aquele cara que vimos agora há pouco, não nascem com poderes, mas através de muito treino ganham a capacidade de manipular o éter e gerar poderes sobrenaturais. Os Gifted, por outro lado, são pessoas que nascem com poderes, tipo eu. Eu não sei bem o motivo de algumas pessoas nascerem com poderes, mas de alguma forma parece que essa habilidade está conectada com a pessoa, como se fosse o destino dela ter aquele poder e por isso elas têm facilidade para usá-la. Já os Anômalos...
Ele então fica em silêncio e a garota começa a encará-lo.
— O que foi? Eu já disse que não sou o melhor para explicar isso. Bom, os Anômalos são algum outro tipo aí. Até onde eu sei, só existe uma diferença entre os Gifted e os Magos, que é o repertório de habilidades. Os Magos podem ter um arsenal de diversas habilidades diferentes, enquanto os Magos acabam sempre se especializando em uma. Um shaper até pode aprender magia, mas nunca vai virar um mestre em outro tipo de magia que não seja sua habilidade, assim como um mago nunca vai ficar tão bom em uma magia quanto o shaper que tem aquela habilidade. Para facilitar, digamos que existe um Gifted que tem habilidade de fogo, se ele treinar essa habilidade, ela pode chegar em 120%, mas independente de quanto esse Gifted treine outras habilidades, elas só ficarão em 80%. Mas um mago pode ter várias habilidades e se treinar todas elas, podem chegar em 100%, mas nenhuma habilidade dele chegará no 120%, e é por isso que dizem que não tem esse papo de gifted ou mago ser mais forte, todos têm potencial, depende mais do próprio shaper.
— Entendi.
— Olha que raro, uma resposta.
— .....
— E o silêncio voltou.
Enquanto ambos caminhavam, eles chegaram até o final da sala.
— Garota, tem mais uma coisa que eu preciso dizer, toma cuidado, nunca se envolva com o pessoal com emblema como aquele no ombro do cara no bar — ele fala, enquanto olha para o homem sentado sozinho.
— Por que você diz isso?
— Leve isso como pura intuição, mas eu acho que eles realmente são problema.
Parte 2
No banheiro de um dos quartos do Titanic, um homem limpava seu cabelo, retirando a tinta amarela dele, o fazendo voltar para a cor natural, um branco prateado.
— Klaus disse que eu deveria mudar a cor do meu cabelo até entrar no Titanic, mas não disse o motivo exato, que droga, por isso sempre digo pra esse idiota só me mandar em missões de combate.
Ele secava o cabelo enquanto saía do banheiro e caminhava para a cama, pegando sua jaqueta e óculos. Assim, se olhava no espelho uma última vez, quando então saiu do quarto e começou a andar pelos corredores.
— Ham, olha quem diria.
O homem parava, encarando uma garota à sua frente.
— Adam, é você?
— Então você também foi mandada para cá, Ceto?
Os dois se encaravam, mas enquanto a garota tinha um sorriso tranquilo no rosto, o homem a encarava com uma expressão agressiva.
— Me diga, sardinha, se você está aqui, também deve ter recebido ordens de Klaus, não é?
— O que você quer dizer com sardinha? Mas deixando isso de lado agora, sim, eu vim, nunca achei que a missão era tão importante que precisam enviar duas duplas.
— Ceto, como você é uma das novatas, pode não saber, por isso deixa eu te explicar, nunca na nossa história duas duplas da Horizon foram movidas para a mesma missão.
— Nossa, quer dizer que a missão dessa vez vai ser difícil a esse ponto?
De repente, uma outra figura aparece, indo em direção aos dois.
— Ceto, ignore ele, é perda de tempo.
— Senhorita Kali.
Os três se encaravam agora e, enquanto Ceto se mantinha sorridente e neutro, o éter de Kali e Adam entrava em completo silêncio, como se preparasse algo.
— O que foi isso agora, Kali? Não vai deixar minha kouhai me responder?
— Se ela te responder, você não vai deixar ela quieta nunca mais. Além do mais, se você não foi informado da missão, Klaus estava contando com isso. Te informar agora não mudaria nada.
— Hum, você fala igual à Lúcia, na verdade, parece bem mais com ela do que com a sua própria irmã.
Na mão de Kali, uma katana enorme, maior que seu próprio corpo, se formava.
— Que foi, magoei seus sentimentos falando do seu passado, Kali?
Nesse momento, Ceto se coloca entre os dois.
— Calma, calma, lembrem-se que estamos em missão, não temos tempo para isso. O que Klaus pensaria disso, Kali?
Kali então some com sua katana.
— Vamos logo, Ceto, não temos que perder tempo com ele.
Assim, Kali se vira e começa a caminhar, enquanto Ceto se vira para se despedir de Adam e a segue, deixando-o para trás.
— Hum, aquela idiota, ela não se importa com nada além da missão, mas agora estou curioso para saber qual é a missão delas. Droga, vou ter que pedir informações para Lúcia... Tanto faz, melhor só ir beber alguma coisa primeiro.
Ao entrar no bar, Adam caminha até o centro, sentando-se para beber algo. Enquanto bebia, pensava no que poderia ser tão importante para fazer Klaus enviar duas duplas até o navio e por que ele e Lúcia não foram informados sobre o que deveriam fazer, apenas enviados para lá. Isso era libertador, já que ele poderia fazer o que quisesse, assim como também inquietante. Enquanto ouvia, ele escuta um barulho na sala e nota a cena de um cara que estava fazendo confusão no cassino sendo jogado até a parede pelo chute de um dos mordomos. Ignorando aquilo, ele continuava a beber, até notar que o mordomo que havia chutado o homem anteriormente estava agora o encarando, mas antes que ele pudesse se virar para ver o que era, alguém se senta ao lado dele.
— Saco, preciso de alguma coisa pra queimar meus neurônios.
— O que é isso, garoto? Por acaso foi rejeitado ou algo assim? Deveria crescer mais antes de se jogar no álcool.
— Eu já devo falar antecipadamente, apesar do tamanho de anão de jardim, eu já sou adulto, apenas me meti na aventura errada e acabei nesse tamanho.
— Se for isso, está tudo bem, faz parte da aventura esse tipo de adversidade. Espero que consiga resolver sei lá o que tenha acontecido com você. Bom, vamos beber.
— Bora!
Os dois beberam e, ao virar o copo, o garoto ficou com uma cara enjoada, como se tivesse bebido a coisa mais nojenta de todas.
— Hahaha, o que foi, garoto? Essa sua cara foi realmente engraçada, por acaso nunca bebeu antes?
— É claro que bebi, mas bizarramente agora tem gosto de… eu nem sei, nunca bebi algo tão ruim, droga.
— Hum… acho que entendi, seu corpo passou por mais do que uma redução, pelo visto, ele foi completamente alterado e reestruturado de maneira que lembre seu antigo corpo, mas agora ele é algo novo.
— Eu sinto que já escutei isso, mas por que parece que todo mundo sabe sobre isso menos eu?
— Hahaha, relaxa, eu também só ouvi falar sobre casos assim e nunca nos relatos que ouvi a pessoa manteve sua antiga personalidade, então você até teve sorte.
— Acho que tem razão, nunca fui o maior fã de álcool, não vai me fazer falta.
— Acho que você ainda não entendeu, a questão aqui é que esse não é mais o corpo que você conhecia, ou seja, suas comidas favoritas, o braço dominante, a sensação que você sentia ao colocar sua cabeça na cama, todas essas coisas agora mudaram e é como se você estivesse dentro de um corpo completamente novo, por isso várias coisas, como a sua língua, mudaram e as sensações que você sente também.
— Só pode ser brincadeira, quer dizer que se eu comer uma pizza agora, ela pode ter o gosto mais horrível que eu já senti?
— Basicamente.
— DROGA!
— Relaxa, tampinha, isso também tem seus pontos positivos, mas acho que são melhores experimentados por conta própria, só que como estou vendo que seu dia não está sendo fácil, vou dizer um desses benefícios. Você sabe o que gera éter, né?
— Claro, a alteração.
— E você é o caso mais extremo de humano alterado, não esqueça que seu corpo foi alterado desde o menor átomo, ou seja, nesse momento sua reserva de éter deve ter ido para um nível anormal.
— Isso pode até ser verdade, mas eu não sou um novato, eu sei que o importante em uma batalha não é a quantidade de éter.
— Você está certo, mas apesar de não ser o determinante na batalha, não é algo que alguém jogue fora.
Dante o encarou, percebendo que o que ele estava falando não estava errado, Niklaus, além de ter habilidades incríveis e até fora do normal com a espada, também tinha uma quantidade exuberante de éter.
— Mas e aí, escritor de rodapé, como você conseguiu essas marcas de pé na sua camisa?
— Uma maluca me deu uma voadora.
Parte 3 –
No oitavo piso do navio, em uma das salas dos fundos usada para guardar bagagens, estava reunido um grupo de homens armados usando terno e gravata, enquanto carregavam pacotes e caixas grandes de armas e munições para alguns caminhões de entrega que serviam para os trabalhadores levarem coisas do fundo do navio até a parte da frente. No entanto, nenhum dos homens ali eram trabalhadores; pelas vestimentas e armas, era claro que eram clandestinos do pior tipo para se encontrar em uma viagem.
— Isso ainda faz parte do trabalho?
— E o que está parecendo para você?
— …
A dupla estava parada na frente dos homens suspeitos, que apontavam vários rifles e armas de fogo para eles, quando um homem começou a se mover até eles, usando uma pistola e um conjunto de roupas brancas bem mais imponentes.
— Parece que você está sem sorte, Chuya.
— Não me diga! Eu comecei a suspeitar quando seus homens começaram a apontar suas armas para mim, Barone!
— ... Ele tem razão.
Enquanto trabalhava com Miguel, Chuya foi enviado pelo bartender do cassino para pegar alguns pacotes na parte de trás do navio, onde ficavam as bagagens e o armazém. Ao chegar lá, Chuya e Miguel se depararam com Barone e os homens da família Salazar, uma família extremamente influente em todo o continente Elysium, liderada por 12 famílias principais e um chefe central que comandava tudo.
— Não comece a falar só para dizer o óbvio e zombar de mim, pirralha. Quer saber, esquece. Estou esquentando minha cabeça com a pessoa errada. Ei, Barone, diga a verdade: o que está acontecendo aqui? Mesmo que sua família tenha comprado alguns ingressos para participar da viagem nos leilões, duvido que eles dessem permissão para você embarcar com tantos membros.
— Que coisa a se perguntar, Chuya, ainda mais quando você me ajudou a trazer tantos deles.
— O que?
— Não lembra da grana extra que você ganhou me ajudando a trazer a bagagem extra...?
— Espera... naquele dia...
Flashback Dia da grande viagem:
Durante as preparações finais para o Titanic zarpar, enquanto as figuras públicas que foram convidadas a participar esperavam no parque principal da Cidade de Metal, aqueles que conseguiram comprar ingressos das variadas formas diferentes que eles estavam sendo vendidos conseguiram embarcar antecipadamente no navio. Os ingressos davam permissão para levar um total de até 100 pessoas por ingresso, sejam acompanhantes ou empregados. No entanto, era proibido pessoas da mesma família ou publicamente relacionadas entrarem, mesmo tendo dois ingressos, pois seria visto como uma tentativa de burlar a regra. Também havia regras ainda mais rigorosas para as bagagens, até porque era possível comprar qualquer coisa desejada no Titanic. Logo, levar coisas demasiadas era visto como desnecessário, além de que tudo passava por uma análise minuciosa e detalhada para evitar problemas.
— Então, Chuya, acredito que já tenha se decidido.
— Bom, você sabe como eu sou, não gosto de decepcionar os meus amigos.
— Esse é o meu garoto. Mas como vai fazer para conseguir colocar as minhas cargas lá dentro?
— Calma lá, Barone, você sabe como funciona: eu não faço perguntas demais e você faz o mesmo. Aposto que você não quer que eu fique xeretando essas suas bagagens suspeitas.
Embora eu tenha quase certeza de que ele está tentando levar para o espaço o contrabando de droga para conseguir escapar da ronda que farão na Cidade de Metal para acabar logo com a proliferação do Medusa. Os dois se encaram por um tempo, então dão um aperto de mão firmando o acordo
. — Pois bem, não irei mais atrapalhar e deixarei o resto com você, Chuya. Assim que o carregamento estiver lá dentro, vá até meu quarto e eu irei dar o pagamento.
Presente:
— Acho que sua própria regra quebrou para o seu lado, amigo.
— Merda, então você trouxe dentro daquelas cargas...
— Exato, eu trouxe o resto da minha família. Mas isso é só o começo, trouxemos também um cristal de teleporte.
— O que? Mas o que você está armando, Barone? Não vai se safar se fizer uma confusão aqui.
— Acha mesmo isso? Pois nós não achamos.
— Nós?... Não me diga que... quem mais está vindo, Barone?!
— Você já deve ter entendido. Se não, não perguntaria isso.
Chuya começou a suar frio, um medo subia e percorria sua espinha. O pensamento de que tudo aquilo era sua responsabilidade acelerava seu coração e o deixou momentaneamente sem fala. Miguel ficava apenas o observando, vendo-o fazer uma expressão completamente nova.
— Homens, levem a garota no carro, vamos usá-la para saber sobre os horários dos trabalhadores e os locais internos do navio.
— Barone, desgraçado, ela não tem nada a ver com isso.
— Sim, isso é verdade, mas o que mais poderia acontecer? Essa garota estava destinada ao problema e à desgraça no momento em que começou a se relacionar com você.
Ao escutar aquilo, Chuya abaixou a cabeça enquanto mordia o lábio, e os homens de Barone capturaram a garota e a levaram até o carro. Enquanto o motor do carro era ouvido e se afastava e o cheiro do cigarro de Barone impregnava aquela garagem velha, o suor de Chuya pingava indo direto ao chão e sua mente viajava prevendo o pior cenário que aconteceria assim.
— Espero que entenda, Chuya, não era nada pessoal com você, eu realmente te considerava um amigo, mas sabe como é, os problemas da família sempre vêm antes do pessoal.
— Tsc... pelo menos eu não vou estar aqui para ver o pior cenário acontecendo, e ser responsabilizado por ele.
— Hahaha, está vendo? Era por isso que eu te adoro, garoto, você deveria mesmo ter largado essa vida de trabalhador para o Zoldy e vindo se juntar à minha família.
— Será que ainda tenho tempo?
— Infelizmente, não. Nessa situação não tem como confirmar sua lealdade. Se eu fosse o comandante da operação, até conseguiria dar um jeito mexendo em uns pauzinhos, mas logo logo o chef vai estar chegando, e quando ele estiver aqui, eu não quero que a minha cabeça rode por causa de detalhes.
— Entendi, então o próprio Stefan vai estar aqui... realmente não tem jeito.
— Que bom que você entende, garoto. Mas me diga, tem algo que deseja como último pedido? Pode ficar tranquilo, eu irei te dar uma morte rápida e indolor, os outros apenas estão apontando as armas, pois sabem que não podem baixar a guarda com um shaper.
— Está tudo bem, eu entendo... último pedido é?, esse seu cigarro está me tentando já faz um tempo, eu sei que você sempre tem os importados, então que tal dividir com o homem morto? Após escutar o último pedido de Chuya, Barone caminhava até ele e colocava o cigarro na boca de Chuya e acendia, deixando seu amigo fumar por uma última vez.
— Foram bons dias de aventura que tivemos juntos, Chuya.
— Eu digo o mesmo.
O silêncio dominava a sala, assim como a fumaça do cigarro. Logo tudo ficava escuro, iluminado apenas pelo pequeno brilho da parte queimada do cigarro, enquanto os dois puxam o ar. Mas então, em seguida, Chuya, que começou a expelir o ar, encheu toda a sala de fumaça, fazendo todos perderem a visão.
— O que é isso?
Assim, agora não era apenas o brilho do cigarro que iluminava no escuro e na fumaça, como também uma lâmina de chamas que se formava e, em segundos, cortava todos os soldados, incluindo Barone, que estavam dentro da garagem. Em seguida, como um flash, o mesmo cortava a parede e, em alta velocidade, saía deslizando e surfando pelo chão em uma prancha de fumaça, seguindo um fio quase invisível, mas que agora ia tomando uma cor alaranjada ao se aquecer. Ele atravessava as ruas mais rápido que os carros, mais rápido que as motos, tão rápido que dificultava o enxergar a olho nu, enquanto mantinha sua forma segurando sua lâmina, vendo o fim de sua linha: uma van de carga se movendo em alta velocidade.
— Achei você...
Ao mesmo tempo, dentro do automóvel, no campo de vista de Miguel:
— Acho que ele terminou de conversar.
— Que susto, essa garota estava tão quieta que comecei a achar que era uma boneca ou algo assim.
— Ei, cara, não é hora para isso, olha lá atrás, tem algo nos acompanhando!
— O que?
Assim, Miguel tira o cinto, abre a porta e coloca a cabeça para fora. Os homens, tentando ver o que estava os perseguindo, demoraram para responder, mas quando viram, começaram a puxá-la de volta, mas nesse mesmo instante todos foram cortados por uma lâmina de calor e rapidamente Chuya tira Miguel de dentro da van saltando para fora. Ao pousar, ele larga a garota ao seu lado e tira o cigarro da boca, deixando a fumaça escapar, enquanto atrás de ambos a van com o piloto agora morto se chocava com um prédio e explodia.
— Pois é, Barone, você meio que estava certo no fim, qualquer um que se envolve comigo só pode esperar fumaça e desgraça.
Alguns minutos se passam.
— Afinal, como você percebeu que eu estava chegando, garota?
— Eu senti que o fio que você colocou em mim estava começando a aquecer.
— O que! Você percebeu quando eu coloquei? Mas você nem reagiu, eu achei que... espera, o quanto desse resultado você já tinha previsto e quando exatamente?
— ...
A garota voltava para seu habitual silêncio.
— Esquece, eu ainda não sei por que eu tento.
— O que você vai fazer agora?
— Não é óbvio, eu tenho que acabar com a raça dos homens de Barone e limpar toda a sujeira antes que eles tragam os figurões da família até o navio, senão o pior resultado não vai poder ser evitado.
— Pior resultado?
— Sim... eu ser despedido…
Parte 4
Em outro cassino, no salão de jogos, um jovem ruivo acompanhado de uma garota de cabelos pretos e olhos azuis se aproximavam da mesa de pôquer.
— Agora sim, esse é meu tipo de jogo.
— Você disse a mesma coisa nas últimas duas vezes.
— É que eu tô numa maré de azar, mas relaxa, o contador já vai virar, assim como a minha sorte.
— De qualquer forma, não acha que deveríamos ir atrás do Dante? Ele parecia bem mal depois daquilo. — Kurokawa, você é gentil, mas não precisa se preocupar tanto com o Dante.
— Mas você que...
— É, eu tava, mas aquilo foi mais um problema meu, eu me desesperei por não saber como reagir. Eu sabia como Dante se importava com a Nero e, quando eu passei por algo assim, eu...
— Você passou por algo assim?
— ..... tsk, bom, acho que não custa falar, talvez isso te dê algo diferente pra pensar do que ficar perdendo tempo pensando no maníaco.
Flashback de Luck:
Quando Luck era criança, ele vivia em meio à pobreza, mas isso estava longe de o incomodar. Várias vezes ele era espancado por outros bandidos e moradores que não gostavam da cor vermelha de seu cabelo por o destacar e o fazer parecer especial, mas isso não o incomodava. Mas quando chegava em casa e via sua irmã doente, tossindo e mal tendo forças para poder sair da cama, isso o cortava mais do que faca. Todos os dias Luck saía para roubar comida remedio e trazer para sua irmã, já que o dinheiro que sua mãe ganhava com os trabalhos noturnos mal dava para eles sobreviverem, mas ele não deixava sua irmã descobrir. Não importava o quanto ele se machucasse, quanto sua mãe voltasse mal vomitando e se cortando na frente de sua irmã, tanto Luck quanto sua mãe se esforçavam para parecer apenas mais uma família feliz e tranquila. Aquele havia sido o destino deles por nascer no Terminal Cinza ou talvez por seu pai tê-los abandonado no dia de seu nascimento e nunca mais ter voltado. Sua mãe tentou ao máximo sustentar os dois, mas no Terminal Cinza, os trabalhos que alguém sem habilidade podia fazer eram limitados. Lá era como um ponto esquecido por Deus, um buraco cheio de favelas e prédios altos onde as leis quase não existiam. Várias organizações criminosas e suspeitas podiam agir com liberdade por lá e era onde a maioria das mercadorias ilegais de grandes empresas ficavam. E como era o local onde os quatro grandes reinos se encontravam, não tinha um domínio real de nenhum deles. Se qualquer um dos reinos começasse ações para a tentativa de tomada de poder do local, poderia ser visto como uma invasão de território e, por isso, nenhum deles tentava, deixando a cidade que havia sido construída por lá sob o comando de Zefar, o atual monarca do Terminal Cinza, que alcançou o poder e estabeleceu contatos com várias pessoas influentes dos quatro reinos para conseguir uma proteção de qualquer tentativa de revolução ou tomada de poder interna ou externa. Várias pessoas ao redor do mundo se beneficiam com isso, uma vez que com isso podiam ter um local fora da visão da lei para atuar, mas quem mais sofria com isso eram os próprios habitantes do Terminal.
Certo dia, enquanto a mãe de Luck foi ao trabalho, sua irmã piorou muito da doença e Luck, desesperado, tentou roubar mais remédios, uma vez que os de casa já haviam acabado, sentindo-se completamente em desespero.
— Droga, por que logo em uma hora dessas? Droga, droga, droga!
Ele correu até um homem que vendia medicamentos roubados dos postos dos guardas e, perdido no desespero, o atacou, tentando roubar os remédios à força. Mas o homem, que já estava esperando o garoto voltar, junto de vários outros homens contratados para impedir que seus remédios fossem roubados, o pegaram e começaram a espancar o garoto. Mas Luck não se rendia, sempre que caía, se levantava, movido pelo desespero e determinação. Ele se recusava a cair, sabendo que perto de suas mãos estava a salvação de sua irmã. Aquela foi a primeira vez que aconteceu: de forma inconsciente, após ele continuar levantando e golpeando os bandidos, ele ativou sua habilidade e uma estranha máquina de jackpot feita de éter apareceu em cima dele.
— Que porcaria é essa? Ei, você não disse que o garoto era um shaper? Droga!
A máquina girou e, como se quisesse conceder um milagre ao garoto, a combinação foi feita. Então, o garoto começou a emanar um éter descomunal e agressivo. Sem entender, ele mais uma vez levantou e atacou os homens à sua frente, mas dessa vez foi ele quem acabou de pé, com os punhos encharcados de sangue, enquanto os homens ao seu redor estavam caídos no chão. O homem segurando os remédios os largou pelo chão e correu, desesperado e com medo do garoto. Luck, sem pensar duas vezes, pegou todos e correu desesperado de volta para sua casa, sentindo que finalmente podia ter um raio de esperança, principalmente agora que era um shaper. Sua vida, sem sombra de dúvidas, iria mudar. Mas no caminho até sua casa, ele viu algo que não esperava: sua mãe estava sendo arrastada por homens que nunca viu antes. Ele correu até ela para ouvir o que eles diziam e, quando chegou perto o suficiente, derrubou os frascos de remédio no chão. “Triste, do jeito que ela era bonita, poderíamos vendê-la no leilão por um ótimo preço, mas ela tinha que ficar contra-atacando e se sacudindo. Agora, só temos mais um cadáver para enterrar e mais uma ronda atrás de bons escravos para fazer.” O garoto perdeu seu chão. Ele queria sentir raiva, queria chorar, mas o excesso de informações rápidas só o fizeram congelar ali. Ele demorou alguns minutos até vê-los largar o corpo sem vida de sua mãe no caminhão. Naquele momento, o mundo do garoto voltou a girar e, cercado de fúria, ele correu na direção dos homens, mas ao tentar atacar, o homem de terno que o viu chegando puxou uma arma de sua cintura e atirou sem piedade no garoto.
— Que merda é essa agora? Um garoto tentando nos roubar? É por isso que eu odeio esse lado da cidade.
Sem saber quem era o garoto ou o que ele queria, eles subiram no caminhão, deixando-o ali à própria sorte. E enquanto seu sangue se espalhava, começava a chover e o garoto ia aos poucos perdendo a consciência.
Alguns dias depois.
Luck acordava enfaixado, em uma tenda desconhecida, sem lembrar do que havia acontecido, mas com um som forte dentro da cabeça que parecia que o deixaria louco. Ele respirava pesado, ficava ofegante e, à medida que sua memória voltava, ele começava a vomitar.
— Ei, pirralho, que ideia é essa de vomitar na cama dos outros?
Luck olhava ao redor e seus olhos se arregalaram de confusão e choque ao notar que o homem à sua frente era um dos guardas contratados pelo vendedor de remédios contra quem ele havia lutado. O garoto se jogou para trás no reflexo, com medo do que ele iria fazer, mas o homem calmamente caminhou até uma cadeira ao lado dos panos velhos que ele chamava de cama e acendeu um cigarro.
— Acha mesmo que eu vou fazer alguma coisa? Se eu quisesse você morto, só tinha que te deixar para morrer lá no meio da rua.
— Então por que... por que você me salvou?
— Por que?... Vai saber, talvez eu quisesse retribuir o favor, já que você também não me matou naquela hora, ou apenas uma fagulha de pena brotou em mim e eu percebi que não me sentiria bem deixando um pirralho de merda como você morrer. De qualquer forma, os remédios que eu usei em você eram seus, já que conseguiu roubá-los, então não me custou nada fazer isso.
O garoto então se levantava para cair no chão, mas se forçava, se apoiando onde podia para ficar de pé.
— Pra onde você vai, pirralho?
— Eu preciso... cof... ir até a minha irmã.
— ... faça como quiser, você já não deve morrer mesmo do jeito que está agora, então a minha responsabilidade acabou.
— Onde está o resto dos remédios?
— Naquela bolsa ali na porta, pegue logo e desapareça.
O garoto, sem olhar para o homem, fez como havia sido dito. Demorou horas para ele fazer uma viagem que normalmente demoraria minutos, uma vez que ele vivia caindo e tropeçando por causa de seus machucados, mas mesmo assim ele se recusava a parar ou ficar caído. Seus olhos já mal enxergavam o caminho por estarem cobertos de lágrimas, e ele precisava caminhar apenas usando suas memórias para saber onde estava. Depois de muito esforço, ele finalmente chegou em casa, apenas para vê-la quebrada e vazia. Então, ele caiu de joelhos no chão, novamente perdido, quando um homem atravessou a porta.
— Luck, então era você mesmo!
Luck se virou para o homem com uma feição de desespero e agonia, perdido sem saber o que fazer.
— Eu sinto muito, a sua irmã... ela morreu.
Luck saltou na direção dele, puxando-o pela camisa enquanto caía.
— ONDE ELA ESTÁ? CADÊ A MINHA IRMÃ!
— Luck, calma, me escuta, naquele dia, Felicia estava tossindo tão alto que todos se preocuparam, um médico foi chamado e tentou socorrer sua irmã, mas no meio do tratamento chegou a notícia que sua mãe havia morrido e que você havia sido baleado. Foi quando, então, a tosse de Felicia parou e, somente depois do médico sair da casa com o corpo dela nos braços, fomos informados que ela não havia resistido.
Luck largou a roupa do homem, sem forças, olhando para baixo, começando a bater sua cabeça contra o chão em desespero, tentando se forçar a sentir algo. Ele gritava um grito cheio de dor e sofrimento.
Presente:
— Mas o que aconteceu com você depois daquilo?
— Isso é história para outro dia. O importante é que eu fiquei mal, mal ao ponto de cair tão baixo que eu duvidava que seria capaz de voltar a subir, mas foi quando aquele cara apareceu.
— Aquele cara?
— O Dante, sorrindo como um idiota, ele chegou lá e me desafiou para uma luta, dizendo que se eu vencesse, eu deveria ir até Babylon com ele para estudar.
— Por que?...
— Porque se eu vencesse, ele queria que eu ficasse mais forte e então lutasse contra ele de novo. Hahaha, idiota não acha?
— ...
— Mas foi esse idiota que me salvou, por isso, se ele cair, tão baixo ao ponto de se perder, eu quero estar ao lado dele para trazê-lo de volta.
— Entendi.
— Mas vai ser difícil, pois aquele idiota é resiliente que nem erva daninha, então duvido que esse dia chegue logo.
E foi quando Luck e Kurokawa escutaram uma explosão do lado de fora. Eles correram até lá para ver o que havia acontecido e lá perceberam que uma van havia colidido com um prédio e explodido.
— O que aconteceu aqui?
As pessoas se amontoando em volta não sabiam dizer, mas os trabalhadores começaram a aparecer para acalmar a todos e fazer eles voltarem para dentro, enquanto arrumavam tudo, dizendo que apenas foi um acidente de trabalho, mas sem vítimas. Enquanto todos se acalmavam e voltavam, Luck tomava outra direção.
— Luck, para onde você vai?
— Colocar meu nariz onde não fui chamado. Ele estava mentindo, tinha um pouco de éter distorcido saindo do carro, provavelmente fizeram ilusão em larga escala para nos impedir de ver os corpos queimados dentro do carro. Mas imagino que pessoas estejam morrendo nesse navio, sendo assim, eu quero saber o porquê e, dependendo desse porquê, talvez eu tenha que socar algumas pessoas.
Parte 5
Caminhando no corredor entre os quartos dos hóspedes, uma garota de cabelo amarelo, agora vestindo roupas casuais de uma colegial comum, sorria como se estivesse no meio de uma aventura, enquanto era seguida pelo grupo de Morgan, Nyan e Leon.
— Ei, pirralha... o seu nome é Anna, não é?
— Eu já disse, "pirralha" é a mãe. Não fique se prendendo ao meu tamanho, para começar. Assim que meu éter voltar ao normal, meu corpo também deve voltar à sua estrutura normal.
— Eu não perguntei isso, tsk. Quer saber, vamos tentar de novo... Anna, por que decidiu vir com a gente e não com o Dante e seus amigos quando nos separamos?
— Ah, é sobre isso que você quer falar? Bom... não tem um motivo em especial, é só que senti que o Dante estava querendo ter um momento sozinho.
— Como assim? Ele saiu sorrindo e rindo.
— O seu nome é Morgan, né, garota? Sendo sincera, é difícil de explicar. Nesse momento, eu meio que estou ligada a ele, de forma que consigo saber o que ele está pensando ou sentindo, mesmo estando longe, e, por isso mesmo ele fazendo aquela cara, eu sabia que ele estava com vontade de ficar sozinho.
— Sinceramente, tudo o que você fala me confunde... mas dessa vez não foi algo tão estranho, esse tipo de conexão, eu já vi casos assim nas minhas missões.
E foi quando eles ouviram um grito, e começaram a correr rapidamente até o local.
— Mas que merd-
— É isso que eu estava esperando, agora sim a aventura pode verdadeiramente começar! Sinceramente, vocês, humanos, nunca me decepcionam.
Enquanto Anna sorria, todos fixavam seus olhos na direção da parede da sala, sem saber como reagir àquilo. A última coisa que todos queriam ver em uma viagem em uma aeronave fechada era um cadáver pregado na parede, cheio de metais em forma de crucifixo pelo corpo e com dois deles prendendo-o com os braços abertos na parede e pés em posição de cruz, juntamente com um recado de sangue ao lado do corpo dizendo "Tentem me encontrar". Anna se aproximava do corpo, analisando minuciosamente cada detalhe, e assim dizia:
— Isso é... empolgante.
Entrelinhas 1
— Yo, pois bem, a partir de agora eu serei a sua narradora.
— Que? Vocês estavam esperando a Anna aparecer para conversar com vocês? Mas de que Anna vocês estão falando? Meu nome não é esse, meu nome é Alpha, lembrem-se bem dele.
— Não gostei, isso vai deixar tudo mais confuso. Que ousadia desse pessoal aí no fundo, a maior parte está entendendo. Sabiá? Que tal se esforçar um pouquinho mais? De qualquer forma, melhor eu não continuar conversando com vocês ou essa parte que não entendeu vai colapsar de vez e olha que eu vim aqui para ajudar. Bom, como vocês viram, o primeiro dia a bordo do Titanic está sendo dureza, e acredito que muitos devem estar confusos sobre o que está acontecendo com quem, principalmente por não terem visto como as coisas chegaram ao ponto atual. Bem, relaxem que eu vim dar uma mão na roda e deixar vocês verem como a situação chegou nesse ponto para o grupo dos protagonistas estar tão dividido assim, mas é melhor se esforçarem. Aqueles que não confiam em suas memórias, pegue um bloquinho de notas e reveja as partes de 1 a 4 se precisar, pois a aventura que o Enigma preparou dessa vez vai fazer a brincadeira na torre parecer café com leite. Ops, acabei dando spoiler demais. De qualquer forma, não precisa se preocupar demais comigo, me considerem uma colega leitora que facilita a sua vida. Afinal, a fofa sem igual Alpha está louca para ver tudo que vai acontecer.
— Pois bem, para começar, acho melhor voltarmos para o começo do dia, logo após a chegada de Dante e seus amigos no navio espacial.
Parte 6
Algumas horas atrás, minutos depois da chegada de Dante e os outros no navio Titanic.
Finalmente, após todos se levantarem da pilha que haviam formado ao serem teleportados, eles começaram a se encarar, ficando perdidos em meio àquela situação.
— Caralho, eu ouvi falar que estavam mesmo projetando uma nave espacial em Elysium, quem diria que ela ficaria pronta em 20 anos.
Morgan assumiu o centro da sala, ainda suando frio.
— Isso não é nada bom, se formos pegos, seremos presos com certeza.
Ao escutar aquilo, todos perceberam: naquela situação, todos ali eram penetras no navio. Ser preso poderia até mesmo ser o melhor dos resultados caso fossem pegos, mas Morgan decidiu falar assim para não deixar ninguém desesperado com a verdade.
— Não acho que não ser pego seja mais uma opção.
Anna, caminhando, falava enquanto se dirigia para o meio da sala. Assim, vários guardas invadiram a sala e começaram a cercá-los, apontando suas armas, enquanto um homem de terno, óculos pretos e dispositivo de comunicação em um dos ouvidos entrava em seguida na sala, encarando-os.
— Percebemos o uso de uma habilidade de distorção no espaço, agora relatem quem são e o que vieram fazer, e claro, nem devo precisar dizer, mas todos estão temporariamente presos por invasão.
O grupo se encarava, percebendo que o pior cenário os alcançou bem rápido, mas Dante, sem se abalar, se virou para o homem e falou:
— Isso vai ser um problema, não estou afim de ser preso agora.
— Hum, acredito que nenhum criminoso esteja afim disso, mas essas são as regras.
— Hum, então tudo que eu tenho que fazer é achar um jeito de burlá-las. Se eu deixar de ser um criminoso e virar um passageiro, nenhuma regra estará sendo quebrada, não é?
— Hum, e como você faria isso? Se acha que pode comprar uma passagem agora só por ser rico, saiba que não será fácil assim.
— Relaxa, até porque eu estou mais vazio que sacola voando no ar, mas que tal me dar um telefone ou chamar um membro da família Scarlune?
— Por que eu faria isso?
— Hum, vou deixar aqueles malucos me salvarem dessa vez.
O homem não sabia como reagir, mas parecia curioso com a certeza no rosto de Dante de que nada aconteceria se ele fizesse isso. Os Scarlune eram conhecidos por serem loucos sem empatia, que dificilmente mudariam sua trajetória programada para salvar alguém, por isso ele decidiu acatar o pedido e um Scarlune foi constatado pelo comunicador em seu ouvido.
— É um garoto de cabelo preto com detalhes vermelhos, mede cerca de 1,60 e-
— Isso aí é informação desnecessária.
Todos ao redor de Dante precisaram se esforçar para não rir da resposta imediata que Dante deu, visivelmente incomodado, principalmente depois dele ter feito toda aquela pose anteriormente e passado tanto um ar de confiança.
— Só precisa dizer para quem quer que seja do outro lado da linha, "o C02 está vivo".
O homem ficou sem entender, pensando se isso podia ser uma espécie de código, mas hesitante, falou e, do outro lado da linha, a resposta imediata foi:
— Liberte-os, acrescente-os à minha lista de passageiros, a minha ainda estava longe da cota mínima.
— Sim... mas...
O homem ainda parecia incomodado, querendo saber o que havia acabado de acontecer, mas exatamente como o garoto havia previsto, agora eles estavam praticamente livres e eram passageiros. Se ele os incomodasse ainda mais, seria ele quem teria problemas.
— Está certo, eu vou soltá-los, mas ainda farei um interrogatório com cada um deles, preciso saber o porquê apareceram aqui, mesmo que não sejam presos, dependendo da resposta, serão responsabilizados.
— Bom, com isso a gente se vira.
Assim, o tempo passou, um a um foram levados até uma sala fechada, onde passaram por um interrogatório, e tiveram que repassar todos os acontecimentos e como acabaram chegando lá. Mas ao usarem a carta da Lord Demônio Alaya, o guarda logo percebeu que seu caso não daria em lugar nenhum, afinal, todos sabiam da personalidade de Alaya e de como ela era capaz de fazer esse tipo de coisa sem motivos, sendo assim, só restou a ele libertar todos e deixá-los ir até onde ficariam seus quartos na viagem.
Ao entrar no quarto, os olhos de todos se arregalaram em admiração. O espaço era maior do que imaginavam; o quarto principal era como uma sala enorme que se conectava com os quartos separados de cada um, com paredes altas e janelas que mostravam o cosmo. A decoração era um equilíbrio perfeito entre elegância e modernidade, com móveis de design sofisticado e acabamentos em tons neutros, emanando elegância e a riqueza daqueles que normalmente pagariam para poder se hospedar ali.
— Eu não acredito que tenhamos nos safado tão fácil assim.
— Hum, hum, hum. O que foi, senhorita Morgan? Está surpresa com as capacidades manipulativas que o homem destinado a sobrepujar todos os outros possui?
Morgan, ouvindo aquilo, ignorava completamente, olhando ao redor dos quartos.
— EI, NÃO ME IGNORE!
Luck coloca a mão no ombro de Dante em solidariedade, mas ao mesmo tempo com uma cara ;de decepção por notar que algumas coisas não mudaram tanto em Dante, principalmente algumas que ele torcia para que tivessem acabado.
— Luck, que cara é essa? Por que sinto tanto desgosto no seu olhar?
Todos estavam finalmente se acalmando e relaxando quando uma garota entra no quarto. Seus cabelos eram brancos, ela usava uma calça vermelha e tinha olhos vermelhos que apontavam traços de alguém albino. Ela começou a olhar nos olhos de cada um até que seus olhos se cruzaram com os de Dante. Um choque foi sentido pelos dois, e então ela caminhou até ele e se curvou um pouco, como um mordomo faria para seu chefe.
— Vejo que está bem. Vim para confirmar as notícias e relatar o que descobri para o resto da família.
— Ah… espera, por que está se curvando assim? Você também é uma Scarlune, não é?
— Sim, o senhor não deve me reconhecer, já que me uni à família nesses vinte anos em que esteve fora. Meu nome é Levy Scarlune, me uni à sexta casa após Charlos ter me encontrado.
— Entendi, mas sério, por que todo esse formalismo? Eu odeio isso e Se somos Scarlune, você deve estar na mesma patente hierárquica que eu, então pare com isso, é estranho.
— Não, não estamos. O senhor é da terceira casa e atualmente o único da geração Abnormal que sobrou.
— O quê? Espera, o que você quer dizer com isso?
— Há 14 anos, durante a noite da lua escarlate, todos da geração Abnormal, assim como o líder da primeira, quarta e nona casa da família Scarlune, além de mais de 100 outros membros, morreram.
Todos entraram em choque. Para o grupo de Morgan, Leon e Nyan, aquilo já era uma história velha e comum. Todos se lembram daquela noite, já que, além dos citados, milhares de outras pessoas normais morreram naquele dia, assim como uma cidade inteira foi abandonada e passou a ser conhecida como cidade fantasma. Mas ainda assim, eles ficaram em choque, pois não conseguiam nem imaginar o que estaria se passando na cabeça de Dante naquele momento. Depois de tudo o que ele passou após a morte de sua prima, agora ele descobre que uma parte enorme de sua família estava morta, sem saber quem ainda podia estar vivo. Tudo o que eles conseguiam pensar era: "Isso é cruel". Mas então Dante volta a falar, como se tivesse processado o que acabara de ouvir.
— Caralho, quer dizer que o inimigo era forte assim? Eu preciso lutar com ele também, aposto que tem uma puta recompensa pela cabeça dele!
— Sim, o senhor imaginou corretamente.
Todos caíram para trás, exceto Luck e Anna. Nenhum dos outros esperava aquela reação e aquele sorriso. Dante parecia nem ter se incomodado com a notícia e ainda queria lutar contra a coisa que matou todos, mas não por vingança, simplesmente por dinheiro. E o mais absurdo de tudo, a garota de cabelos brancos que havia relatado tudo, apenas aceitou aquela reação calmamente e ainda respondeu a Dante instantaneamente, como se já esperasse por ela.
— O que foi, pessoal? Escorregaram ou algo assim?
Kurokawa passou à frente e, sem aguentar mais, começou a se intrometer na conversa.
— Você não deveria estar mais preocupado ou triste? Seus familiares morreram.
— Pois é.
— "Pois é", essa é sua única reação? Não devia começar a se desesperar, perguntando se seus pais estão bem ou algo assim?
— Nah, isso é secundário. Afinal, mesmo que estivessem, eu nunca me encontrei com eles, por que faria diferença agora?
Mas Levy, ouvindo aquilo, se intrometeu.
— Sim, os pais de Dante estão vivos, e acho que agora entendo suas confusões. Acontece que a família Scarlune é composta e criada de forma diferente das demais, é normal esse tipo de reação do senhor Dante. Na realidade, se ele tivesse reagido de outra forma, teria sido estranho. Os Scarlune crescem separados dos pais, criados por empregadas e serviçais, e raramente se encontram com seus familiares, somente acontecendo nas grandes reuniões de família que acontecem na mansão principal.
Kurokawa sentiu uma dor no peito ouvindo aquilo e continuou discutindo:
— Mas por que agir assim? Não faz sentido, porque os pais abandonaram seus filhos dessa forma?
— Porque eles têm seus sonhos para alcançar!
— O quê? Por um motivo desses, isso não faz sentido!
— Talvez para alguém de fora, mas os Scarlune têm cravado em seu código genético apenas e somente uma coisa que se repete em todas as gerações: a vontade de ter e realizar sua ambição. Isso se repete desde Daemon Scarlune, o primeiro Scarlune que ainda era um humano quando nasceu. No entanto, ele tinha uma ambição, a de se tornar imortal, e para isso ele caminhou, viveu, estudou, foi o mais longe que qualquer humano para alcançar seu sonho até o ponto onde perdeu sua humanidade e se tornou outra coisa. Desde essa época, os Scarlune acabam carregando dentro de si essa determinação inabalável para realizar seus sonhos, independente dos sacrifícios e meios, mesmo que tenham que passar por cima das pessoas e até da moral ética, por isso eles não têm tempo para perder com trivialidades como apego familiar, mesmo que seja por seus próprios filhos.
Todos, ouvindo aquilo, relembraram do óbvio, não era à toa que os Scarlune eram categorizados no livro do mundo como monstros de classe S.
— Então, senhor Dante, como pode imaginar, após voltarmos para a Terra, teremos que fazer uma nova reunião familiar, já que as coisas mudaram drasticamente com seu retorno.
— Não dá para fingir só por um tempo que eu ainda estou morto? Se possível, quero evitar essa reunião mais um pouco.
— Infelizmente, não. Agora que está vivo, teremos mais um candidato ao trono da família, algo que precisa ser resolvido urgente, já que todos ficam jogando essa responsabilidade nas costas um dos outros e ninguém quer assumir de vez essa responsabilidade.
— Eu também não quero!
— Eu sei, mas talvez com seu voto agora finalmente consigamos eleger alguém e acabar com as dores de cabeça, além de que, mesmo que eu não relatasse sua volta, assim que você pisasse no colégio, seus irmãos perceberam e relataram no meu lugar.
— Entendi, então está sendo decidido na base do voto... ESPERA, O QUÊ!? Como assim, irmãos? Irmãos de quem? Eu tenho irmãos e no plural?
Assim, alguém correndo chega na porta, chamando por Levy com uma cara preocupada.
— Pois bem, deixarei para explicar mais em outra hora, devo voltar para meus serviços. Sinto muito por não poder ser mais útil agora.
Dante a encarava, pensativo:
Eu realmente não a entendo. Mesmo entre os Scarlune não há essa coisa de formalismo e, além disso, parece que ela me respeita muito, mesmo sem nem mesmo me conhecer. A única coisa que eu posso pensar é que esse respeito e adoração deve ser algo ligado à ambição dela, seja o que for. Bom, vou perguntar isso quando a vir novamente, agora estou cheio de perguntas para fazer.
Enquanto chegava na porta, Levy parou e então falou antes de atravessar a porta:
— É verdade, eu não cheguei a perguntar, mas naquela missão a senhorita Nero foi com você, como havia sido relatado. Ela por acaso também sobreviveu e está em outro lugar?
— Não... a Nero morreu, foi assassinada por um cara chamado Niklaus.
— Entendo, irei pedir para que um dos grupos de Shapers sob meu comando, assim que possível, voltarei ao seu lado para que compartilhemos mais informações.
Assim, após falar, ela saiu do quarto, no entanto, ninguém na sala reparou, pois, após ela dizer "entendo", a garota emanou um éter tão pesado e forte que fez todos ali paralisarem, como se ela tivesse caído em meio a uma fúria descomunal. Mesmo ainda falando calmamente e formal, pelo éter já dava para ver o ódio que ela sentia, era forte a ponto de fazer todos pararem de respirar. Assim, ninguém escutou as palavras que ela disse em seguida e somente alguns minutos depois que ela saiu que todos voltaram ao normal.
— Aquela garota... é forte.
Assim, alguns minutos se passaram enquanto todos se dirigiam para o saguão daquele lado do navio para se informar sobre quanto tempo ainda levaria a viagem e mais informações sobre o que eles podiam fazer durante ela, mas ninguém falava muito, pois ainda pensavam na gigantesca força da garota que sentiram.
O saguão do navio era enorme, um espaço amplo e elegante, onde os hóspedes podiam se reunir, relaxar e obter informações. O design era uma mistura de modernidade e retrofuturismo, com móveis confortáveis, iluminação suave e detalhes em metal e vidro.
As paredes eram adornadas com painéis de vídeo que exibiam imagens do universo e da nave, criando uma atmosfera futurista e inspiradora. Era um local enorme e, mesmo assim, eles sabiam que existiam mais cinco lugares como aquele pelo navio. Olhando ao redor, havia vários atendentes à disposição para ajudar os hóspedes, fornecendo informações sobre a nave ou o voo, ou simplesmente orientando sobre os serviços disponíveis. Morgan assume a frente e vai conversar com a atendente, enquanto Dante se afasta um pouco, indo até uma parte onde podia ver o teto transparente do navio para observar as estrelas. Ele voltava a sentir sua cabeça pesada com a chuva de informações e com o fato de ainda não ter processado tudo que aconteceu na Torre Dates.
Acho que preciso ficar um pouco sozinho
Ele pensava olhando para cima e começava a caminhar, prestando atenção em uma estrela roxa e bonita em específico que havia avistado. Assim, enquanto andava sem olhar para frente, o mesmo acaba batendo de frente com uma garota que vinha contra ele olhando para o outro lado. A colisão não foi forte ao ponto de ambos se separarem, então Dante começou a olhar para frente e, pela primeira vez em muito tempo, teve que descer seus olhos para ver a outra pessoa com quem havia colidido. Ele então se afastou, enquanto a garota continuava ali parada, encarando-o agora. À primeira vista, enquanto Dante a olhava, sua impressão podia ser resumida em agressividade. A garota parecia uma adolescente rebelde e punk que emanava perigo. Os outros, vendo aquilo, foram observar, enquanto alguns seguravam os risos. Dante percebeu isso e voltou a olhar para ela, sem entender o porquê eles estavam rindo, mas foi quando ele percebeu: se ele agora era considerado baixo por ter perdido sua altura, a garota em sua frente era minúscula. Assim, ele não se conteve e acabou deixando sair:
— Quem é a anã de jardim?
A veia na cabeça da garota inchou e seus olhos liberaram uma pressão assassina. Quando Dante percebeu, a garota já estava voando em sua direção com uma voadora de duas pernas, jogando-o contra a parede do outro lado. Todos ouviram a explosão do impacto e começaram a cercar a garota, enquanto os companheiros dela a seguravam e pediam para ela se controlar. Ela gritava, arrastando-os como um caminhão puxando vários carros presos a ele com corrente. Ela ia na direção de Dante, que recobrava a consciência.
— Quem você chamou de anã mesmo?
Dante suava frio ao perceber na bomba com que ele havia mexido. Uma palavra errada agora e ele receberia outro daqueles chutes e seria mandado para fora do navio, quando então uma outra garota se aproxima e dá um soco na cabeça da baixinha violenta.
— Bea, o que eu já disse? Está querendo ser suspensa? Já esqueceu que estamos no amarelo? Eu decidi te trazer porque você disse que ia se esforçar para não causar confusão, então dá para controlar esse pavio curto.
— Mas ele que...
A garota foi se acalmando e respirando fundo. Assim, ela voltou a encarar nos olhos de Dante e perguntou:
— Meu nome é Beatrice Dragonroad, qual o seu?
— Scarlune Dante...
— Pois bem, Scarlune, assim que descemos dessa espaçonave, vamos terminar de discutir sobre a minha altura, até lá, torça para não se encontrar comigo de novo.
Assim, a garota se virou e começou a ir na direção da saída da sala, enquanto a outra correu na direção dela.
— Droga, Bea, onde você vai agora?
A confusão ia passando e todos voltavam a ir para seus lados quando o grupo de Dante chegava até ele rindo.
— Meu deus, eu me segurei muito para não rir, a briga dos gnomos foi incrível! Ei, Dante, quanto tempo mais pretende ficar aí?
Luck, que chegou primeiro, falava encarando Dante que ainda estava no chão.
— Ei, Luck... é melhor não lutar com ela.
— Por que isso do nada?
— Eu sei que normalmente eu receberia esse golpe por zoeira, mas dessa vez foi diferente, aquela garota...
Dante falava enquanto esfregava a parte do corpo onde havia sido atingido, e Luck percebe como a parte da frente de Dante havia ficado roxa.
— Esse navio está ficando cada vez mais interessante, não é?
Os dois se olham e riem, quando Dante finalmente se levanta e começa a caminhar até uma direção e Luck vai na oposta. Morgan, que havia terminado de falar, grita perguntando para onde eles iriam agora, e ambos respondem que iriam passar o tempo. Kurokawa, preocupada, vai atrás de Luck para saber o que ele estava pensando e Anna fica junto do grupo de Morgan e assim eles se dividem e cada um segue sua direção.
Entrelinhas 2
— Yo, isso foi assustador, não é? Mas agora vocês sabem como a situação chegou ao ponto onde paramos, como eles se separaram para cada lado. Bom, atualmente temos cerca de quatro mil e cento e oito passageiros, e dentre todos esses podemos ter um assassino em série, assim como uma família de mafiosos começando a agir para tentar uma tomada de controle. Muitas coisas parecem ainda estarem no começo, mas quanto mais eu me pergunto sobre qual delas Alaya estava tão interessada em ver nosso grupo de protagonistas se envolvendo, bom, assim como vocês, acho que só vou poder descobrir lendo um pouco mais.
A bela garota virava mais uma página de seu livro enquanto sorria animada com o que estava por vir.
Parte 7 Presente. Alguns minutos após a colisão da van com o prédio, uma garota loira caminhava com a cabeça ensanguentada. Ela saía do local da confusão e seguia em uma mesma direção, até que perdeu as forças e caiu inconsciente no meio da estrada.
Algumas horas se passam com ela caída ali, até que alguém caminhando por perto sente um éter fraco e vai em sua direção.
— Ei, você está bem? Que isso, sangue? Droga, preciso levar ela até o pronto-socorro.
Enquanto mexia no seu corpo, o jovem percebeu algo relativamente errado naquela situação: a garota caída realmente estava ensanguentada, mas ao mesmo tempo sem nenhum arranhão. A única resposta para aquilo só podia ser:
— Esse sangue… não é dela?
Parte 8
Em outro dos quartos, havia um grupo diferente se reunindo para discutir algo. Na frente do quarto, servindo como guarda, havia um homem e uma mulher usando roupas brancas que pareciam de freira e padre. No entanto, o homem era alto e musculoso, e dava mais a impressão de ser um lutador forte e experiente do que de um padre, assim como a mulher passava uma sensação de perigo e ameaça ao invés da sensação acolhedora que deveria passar. Já dentro do quarto, havia uma mulher sentada em uma poltrona no centro do quarto, rodeada de várias outras pessoas com uniformes diversos que lembravam os dos dois de fora. A mulher no centro tinha cabelos longos e loiros e uma aparência angelical, serena e bela, e após observar todos ao seu redor com atenção, começou a falar:
— Pois bem, nós, do Trono de Deus, usaremos a viagem nesse navio para realizar uma reunião com as filiais do mundo todo para discutirmos de uma vez sobre o grande desafio que a humanidade enfrenta nesses últimos 20 anos.
À medida que ela falava, sua voz não só era escutada por todos naquela sala como também por várias garotas ao redor do mundo em diversas salas de reunião diferentes. Todas tinham o mesmo símbolo na testa e, assim que ouviam as palavras da mulher, repetiam para os demais da sala, fazendo parecer que era ela quem estava conversando com todos ao mesmo tempo.
— Chegou a hora de decidirmos como iremos tratar os Astreus e seus avatares a partir de agora.
Informações Disponíveis Na Biblioteca de Babylon :
Dragonroad: A Família Dragonroad é a atual monarca e líder da capital de Varka, uma cidade cheia de Dragões, uma espécie milenar de seres vivos com a aparência de dragões fictícios, mas que também podem assumir uma aparência humanoide. Desde o incidente do Rei Carmesim, seu irmão mais novo, Wise, comanda a capital e a terra dos dragões até que um dos descendentes do rei possa assumir o trono por direito.



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