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The Fall of the Stars: Capítulo 1 - Retorno às Aulas

  • Foto do escritor: AngelDark
    AngelDark
  • 14 de jul.
  • 40 min de leitura

Volume 3 :  Sentido da Vida


Parte 1

 10 de Março de 19988, 10 anos antes do incidente na Torre Dates, corredores do laboratório Nova vida.

 O Laboratório Nova Vida era um famoso laboratório desenvolvido pela família Vrykolaka. Eles estavam estudando vários remédios para as doenças recém-descobertas no mundo, além de serem os responsáveis pela criação do B2, um substituto para o sangue humano para os vampiros. Isso trouxe uma paz momentânea para a guerra de séculos contra os seres imortais, embora nem todos os vampiros tivessem gostado ou aceitado a ideia de terem que começar a viver dependendo de um líquido estranho feito em laboratório.

No entanto, todos acabaram cedendo quando o lorde vampiro do norte e a rainha vampira do sul aceitaram a proposta, aproveitando o fim da disputa contra os humanos para também alcançarem a paz entre si. Afinal, não teriam mais tantas batalhas por áreas de caça com a nova invenção.

Aquilo ficou tão marcado na história que todo o continente de Alexandria enviou auxílio financeiro para as pesquisas do laboratório. Assim, diversas outras pesquisas foram feitas, embora secretas, com o objetivo de ajudar o mundo – ou era o que se espalhava.

Às 23:37 do dia 10 de Março

 Atenção! Isto é uma situação de emergência. Perdemos o controle da sala de controle e, logo, não teremos mais como lidar com a situação. Tendo em vista isso, repetimos o alerta para que todos os cientistas do prédio se movam temporariamente para o parque de recreio aos fundos, enquanto os especialistas chamados lidam com a situação.

O alarme ecoava, um lamento metálico que se repetia incessantemente. A pequena garota, encolhida no canto escuro, tremia de frio e pavor. Lágrimas geladas deslizavam por seu rosto, enquanto ela, em um esforço desesperado, tentava abafar os soluços.

— Eu... eu estou com medo 

A voz frágil da garota falava em meio ao silêncio. A garota sabia que suas palavras eram vãs, um apelo solitário no vazio. Ninguém viria resgatá-la. No entanto, o medo era uma onda avassaladora, impossível de conter, foi quando seus ouvidos captaram o som de passos, em um ritmo lento pouco a pouco se aproximando.

— Eu estou com medo... Susan, Karen... por favor... socorro... 

A porta rangeu, abrindo-se lentamente, como as mandíbulas de um monstro faminto. O terror a paralisou, o corpo da garota instintivamente se encolheu em um último esforço para desaparecer. Ali, na escuridão, seus sonhos se desvaneceram, consumidos pelo medo e pela solidão.

— Você está bem?

Foi quando então uma voz, inesperada, cortou o silêncio como um raio. Acalmando a garota, com o coração pulsando como um tambor, ela ergueu os olhos e acabou se deparando com um garoto, não muito mais velho que ela, que estendia sua mão. Seus olhos transmitiam uma calma que desafiava o caos ao redor, assim vendo o quão ela estava assustada o garoto puxava a pequena garota e a colocava em seus braços. 

— E-espera... eu não...

— Está tudo bem

O garoto com sua voz suave e calma falava.

 — Logo vai amanhecer, e deixar de estar tão escuro. 

Nos braços do garoto, a garota se permitiu sentir o calor da esperança. As palavras, antes presas na garganta, agora se dissiparam, substituídas por uma onda de alívio. Ao encarar o rosto do garoto, pouco a pouco seu medo desapareceu, e assim ela apoiava a cabeça em seu peito enquanto murmurava baixinho. 

  • O frio passou.

30 Anos depois.

Parte 2 

25 de julho de 20018

Dante estava sentado em um dos bancos da praça do colégio, observando as folhas das árvores, completamente desiludido com a realidade.

A praça do colégio babylon é um lugar enorme tranquilo e sereno, com muitos bancos e árvores que oferecem sombra e um ambiente natural para os alunos se relaxarem. A arquitetura da praça é uma mistura de antigo e moderno, com paredes de pedra do castelo e detalhes arquitetônicos tradicionais, combinados com tecnologia avançada, como iluminação LED e bancos com carregadores de celular.

A praça é um lugar popular para os alunos se reunirem e socializarem, bem como para estudar e relaxar. Os alunos podem jogar jogos de tabuleiro, ler livros, ou simplesmente conversar com os amigos. A praça também é um lugar popular para os professores realizarem aulas ao ar livre, existiam quatro delas por todo colégio, e eram grandes ao ponto de poderem se perder se adentrassem muito nelas, e aquele foi o lugar escolhido por Dante para passar o tempo enquanto pensava.

— Anna... constrói uma máquina do tempo. 

— Impossível. 

— Então me deixa usar a sua? 

— Tá me vendo com uma cabine telefônica azul ou um DeLorean, por acaso? 

— Droga... maldito Aleister, ele se aproveitou do fato de eu ter ficado vinte anos fora. 

— Tá louco? Faz as contas, nosso professor tem bem mais do que vinte anos. Se Aleister e Lilith tiveram mesmo um caso, foi bem antes de você ter partido. 

— Precisa mesmo jogar mais sal na ferida? 

— ...Não acha que a gente deveria ir atrás dos outros? Eles devem estar te procurando agora. Eu sei disso, mas precisava de um tempo a sós para refletir. 

— Sobre a professora? 

— Claro que sim! 

— Seu mentiroso, já esqueceu que eu sei o que você está pensando? 

— ...Se sabe, não pergunta.

Dante continuava olhando para o céu, pensando nos eventos da Torre Dates e no incidente do navio.

— Desse jeito não vai dar certo, eu tô fraco demais.

Dante falava abertamente, pensando na surra que havia levado na batalha contra Niklaus e no poder dos indivíduos que o conheciam, com quem ele acabou se encontrando após sua batalha contra Benedetta. Aquele grupo possuía um Ether descomunal e fora de série, e todos pareciam saber muito bem como usar seus poderes, principalmente a garota com a katana. Nem em um dia perfeito, se ele estivesse no máximo, teria confiança para derrotar alguém tão forte quanto ela. Se Niklaus também usou todo esse tempo para se fortalecer, vencê-lo agora, após vinte anos, seria pura insanidade.

— Que bom que derrotá-lo não é seu único objetivo... 

— É, também tem encontrar um Astreus específico que possa trazer Nero de volta à vida, mas como fazer isso sem qualquer pista? E mesmo que eu a encontre, como vou convencê-la? 

— Essa é uma boa pergunta...

A garota falava toda fofa, enquanto comia um pão de melão sentada nas pernas de Dante.

— Sério, você só vai ficar aí comendo e não dizer nada? 

— Ué, eu tô pensando também, sabia? 

— E EU SEI, consigo ouvir sua mente também, só que eu achava que você poderia parar um segundo de pensar se pão de melão é melhor que rosquinhas e ajudar com meu problema urgente aqui! 

— O meu problema também é urgente, sua carteira está ficando cada vez mais vazia e logo eu vou ter que começar a comer só um dos dois por dia! 

— Pera, você tá comprando com o meu dinheiro?!... Ah, esquece, quer saber? Que tal assim, me ajuda com isso e eu vejo o que posso fazer sobre o seu reabastecimento de doce, e ainda prometo que compro uma rosquinha no final das aulas, sendo assim, me ajuda! 

— ...Então tá bem!

 — Droga, eu sabia que não ia... Pera, tá bem? 

— Claro, se você vai comprar mais pra mim.

Dante começou a apertar as bochechas de Anna, enquanto ela fazia uma cara fofa tentando afastá-lo.

— Tá bom, desembucha. 

— Bom, sobre os Astreus, você já deve saber, mas cada Astreus é a própria essência de um conceito do universo, enquanto os Avatares se tornam a autoridade sobre esses conceitos quando fazem a fusão com eles. Também tem seres que nascem a partir desses conceitos, mas isso não importa. Se você quer realmente trazer Nero de volta à vida, o Astreus que você precisa encontrar é o Astreus da Morte, ou o Avatar dele, para ser mais específico.

— Eu sei sobre isso... mas será que ele realmente existe e será que já apareceu? 

— Ainda com esse papo de se ele existe? Por acaso não tá me vendo na sua frente? Tanto faz, bom, é melhor eu já ir avisando, primeiro, mesmo que o Astreus da Morte exista e seja ele quem você precisa, não é cem por cento de certeza que ele tenha vindo para o mundo humano, sinceramente é difícil ver motivos para um Astreus fazer isso, só os mais curiosos ou interessados no mundo humano fariam isso.

 — Faz sentido... 

— E segundo, existem formas de descobrir onde, se ele já apareceu e se ele vai aparecer, só não vai ser tão fácil colocar as mãos nas informações.

As palavras de Anna pararam de fazer sentido de repente, quando ela começou a morder e comer mais um pão de melão que estava carregando consigo.

— QUANTOS DESSES VOCÊ TEM, AFINAL? 

— Presta atenção! 

— OLHA QUEM FALA! 

— Bom, de qualquer jeito, não é difícil de pensar, muitas daquelas pessoas no navio pareciam saber que um Avatar de Astreus apareceria no navio, o grupo de Niklaus, de acordo com Sophie, também os mafiosos e, o mais importante, a Trono de Deus, eles não apenas sabiam que teria um Astreus lá, como sabiam da gente, antes mesmo de nós sabermos que íamos para lá, em outras palavras, eles devem registrar essas informações. 

— É verdade, então eles devem saber quem são os Astreus que apareceram até agora! 

— E de quebra, saber quem deve ser o próximo que vai aparecer. 

— Isso, agora só temos que dar um jeito de tomar essa informação, precisamos ir até um dos QGs do Trono de Deus. 

— Não vai ser necessário, esqueceu? O Trono de Deus foi gentil em mandar dois vigias para você.

E quando Anna aponta com o pão de melão para uma direção bem discretamente, e após se concentrar, Dante percebe que eram Yuki e Mirai que estavam observando tudo de longe.

— Há quanto tempo... 

— Desde o começo, realmente falta treino, hein? 

— Não enche... mas realmente vai ser difícil conseguir a informação. 

— Já sobre o outro problema é bem mais fácil. 

— O outro problema? 

— Se você tá fraco, basta treinar! Você está em uma escola para isso, não é? E você deu sorte, porque aquele seu professor parece bem mais forte do que aparenta. 

— ...Acho que não tem jeito.

E quando então uma garota vai se aproximando de Dante e, ao chegar à sua frente, faz uma reverência, levantando um pouco a saia e se abaixando um pouco, deixando Dante confuso.

— ...Eu te conheço? 

— Nossa, que maldade dizer isso logo no nosso reencontro, irmão…

— ...Que?

— To be continued…

Falava Anna observando a situação. 

— Acha que isso aqui é novela mexicana e ?!

Parte 3

Ginásio de Babylon

O ginásio ergue-se majestoso, uma fusão impressionante de ruínas antigas e tecnologia de ponta, ecoando a grandiosidade de um Coliseu Romano. As paredes de pedra milenares, resquícios do castelo que agora abriga o colégio, cercam um vasto espaço aberto, onde o chão de terra batida se estende como uma arena ancestral.

A luz do dia invade o recinto por altas arcadas, desenhando padrões dramáticos de luz e sombra na poeira levantada pelos alunos em treinamento. O ar vibra com a energia de seus poderes, manifestando-se em explosões de cores e formas, enquanto eles se movem com agilidade e força.

Detalhes tecnológicos mesclam-se à estrutura antiga: painéis luminosos projetam informações sobre as batalhas em andamento, como fichas dos alunos lutando, e dispositivos nas paredes monitoram e registram o desempenho de cada aluno.

Apesar da imponência da construção e da sofisticação dos equipamentos, o ginásio preserva um ar de rusticidade. O chão de terra, as paredes de pedra desgastadas pelo tempo e a ausência de um teto criam uma atmosfera que remete aos antigos jogos e competições, onde a força bruta e a habilidade se encontravam em um palco natural.

Ao redor, existiam grandes arquibancadas afastadas do solo, onde os outros alunos podiam ver as batalhas em andamento. Em uma dessas arquibancadas, estava o grupo de Luck, Kurokawa e Chuya, observando tudo com atenção, enquanto pareciam procurar por algo ou alguém. Então, Kurokawa começou a falar:

— Acho que ele não está aqui.

 — É o que parece! 

 Respondeu Luck, observando com atenção os combatentes e medindo a força da nova geração.

Algumas horas atrás:

Após o professor Ryunosuke aparecer na sala, ele disse que os alunos teriam o início das aulas livres para autoestudo e para conhecer melhor o colégio, caso quisessem, pois ele gostaria de confirmar algo com o professor da outra sala antes de começar. Então, saiu, dizendo que logo voltaria, deixando todos os alunos na sala confusos. Dante, sem pensar duas vezes, saiu sem dizer nada, enquanto Anna o seguia. Boa parte dos alunos repetiu o mesmo, deixando apenas o grupo dos novatos confusos sobre o que estava acontecendo. Foi quando eles perceberam que todos decidiram "matar aula". Ryunosuke voltou e viu a sala vazia:

— Isso é... sério?

Ryunosuke falou na frente dos alunos que decidiram ficar, sem acreditar que todos realmente decidiram sair e ir embora. Kurokawa, então, estendeu a mão e Ryunosuke deixou ela falar.

— Professor... mas por que o senhor saiu daquele jeito? Até eu confesso que fiquei meio confusa. 

— É que eu precisava de permissão para poder usar o campo dos fundos para um teste geral, mas se eu soubesse que seria assim, teria feito de outra forma...

Todos começaram a encará-lo, percebendo que Ryunosuke não parecia ter experiência como professor. "Ah, que droga, é por isso que eu não queria ser professor de adolescentes, nessa idade eles só sabem fazer o que querem, se aquele idiota do meu pai não tivesse usado a minha doce Megu como chantagem..." Todos estavam apenas observando o professor anterior se contorcendo com a cabeça em cima da mesa, enquanto murmurava baixinho coisas completamente estranhas, fazendo com que sua visão sobre ele mudasse completamente, e todos que ainda estavam lá pensaram: "Quem é esse pervertido degenerado?" Então, Ryunosuke levantou a cabeça e, encarando todos, falou:

— Está tudo bem, está tudo sob controle. 

  • "Mentiroso" um pensamento coletivo surgiu na mente de todos novamente.

— Então, faremos assim: a primeira missão de vocês será se dividirem e irem em busca dos outros que se separaram. Eu também vou procurar em seguida. Levem todos em direção ao campo dos fundos, lá continuaremos nossas aulas. Cada grupo terá que encontrar apenas um, depois disso tragam-no até o local.

Presente: 

"— Você encontrou ele, Chuya?

Kurokawa se virou, procurando por Chuya para ver se ele havia avistado algo. Então, deparou-se com Chuya, com os braços cheios de comidas, como um espectador de futebol assistindo a uma partida no domingo, com várias comidas compradas de algum vendedor andando pelas arquibancadas do estádio.

— Você ao menos estava procurando? 

— Asha ashasadhahaha 

Ele falava com a boca cheia, mas em sua cabeça queria dizer: "Sim, e eu não achei nada". 

— Entendi, então continue procurando. 

Ela falou para animá-lo, mas com a certeza absoluta de que ele não estava realmente procurando. 

— Então, Luck, pelo visto o Dante não está aqui. Consegue pensar em mais algum lugar onde ele estaria? 

— Tem mais algumas possibilidades. 

— Espera, vocês dois, aquelas ali não fazem parte da nossa sala?

Assim, eles começaram a se aproximar da confusão. Lá no centro, havia duas pessoas discutindo. Tentando ver o que era e quem estava brigando, eles se espremeram no meio da multidão até chegar na frente e perceberam que um grupo de três alunos estava discutindo com Mio. 

— Não escutou? Não queremos alunos problemáticos da turma -13 enquanto estamos tendo aula. Aberrações como vocês só vão atrapalhar os treinos. 

— Hum, se a sua concentração de barata não deixa você se concentrar só por eu estar andando aqui, não vai ser uns minutinhos de treinamento que vão te salvar.

Todos gritavam, vaiaram e assobiavam, como se quisessem incitar a briga. Kurokawa olhava para os outros dois com uma cara de quem não estava entendendo nada. 

— Espera, mas aquela é realmente a Mio... aquela Mio do navio? 

— Hum, as pessoas que encontram com ela daquele jeito têm sempre esse choque 

Beatrice, que estava junto com as pessoas observando ao lado deles, falou, escutando Kurokawa. 

— Beatrice? Espera, como assim "daquele jeito"?

 — Pode me chamar só de Bea, é mais fácil de pronunciar... Acontece que a Mio tem dois modos, o modo normal e o modo "problemas financeiros". Nós temos muitos problemas para conseguir dinheiro, já que acabamos exagerando e quebrando muitas coisas durante as missões, o que faz com que muitas vezes chegamos no limite. Sempre que a situação está assim, a Mio fica super séria e focada no trabalho, super cuidadosa com tudo para conseguir dinheiro para comprar as coisas que ela gosta. 

Beatrice falava enquanto focava seus olhos em Mio, esperando o inevitável acontecer. 

— O problema é que ela só fica assim em situações de emergência, quando realmente estamos a um passo do completo fracasso. Quando conseguimos sair o mínimo que seja dessa situação, ela volta para seu estado normal, que basicamente... 

O garoto, sentindo-se ridicularizado, foi na direção de Mio e a puxou pelo braço. "Sua inútil idiota, sabe com quem está falando? Eu sou membro da família Vryk-" Antes que ele terminasse de falar, com um soco de direita na cara dele, ela o lançou contra a parede dos fundos, que quebrou, fazendo um enorme buraco. "Quem perguntou?" Assim, Beatice começou a caminhar para frente, indo para o lado de Mio, sabendo que os dois amigos do garoto jogado pela parede iriam atacá-la agora. 

— ...que basicamente é tão esquentada quanto eu... 

— Tá falando isso de quem, Bea? Por acaso tá querendo brigar também? 

— E depois que ela começa, ela perde completamente as rédeas. 

Assim, os amigos do garoto correram até as duas, invocando espadas e tentando cortá-las. Mio passou por debaixo de um dos garotos, enquanto Bea saltou por cima, chegando atrás deles. Ambas se viraram e os chutaram da arquibancada para baixo do coliseu. 

— Sinceramente, Mio, você com certeza tem alguns parafusos faltando, sabia? 

— Que logo você quer falar isso de mim, maldita? Tá querendo apanhar também, Bea? 

— Viu só? 

Kurokawa, Chuya e Luck ficaram de queixo caído, não conseguiam acreditar na mudança radical que Mio havia passado. Ela estava tão irritada que Bea parecia dócil. 

— Pensando bem, Bea sempre foi mais calma, era como um vulcão ativo que podia explodir a qualquer momento, mas enquanto não fosse provocada, ela parecia calma, mas já a Mio parece que... 

— O que você tá falando sobre mim aí, Kuro?

Kurokawa se assustou, vendo-a encarando-o, e nem percebeu que ela tinha falado seu nome de forma mais simples também. Então, se perguntou se foi assim que Beatrice acabou ganhando o título de Bea também. 

— Calma todos aí, vocês sabem que é proibido lutar fora da área de luta do coliseu, então o que acham que estão fazendo?

Assim, todos ficam quietos quando, de repente, um homem de cabelo amarelo e rabo de cavalo entra naquele local. As pessoas ao redor começam a se afastar dele e cochichos baixos começam a ecoar: "é o professor Rendal", "Droga, sabia que ele iria aparecer quando o queridinho do Nicolas foi socado na cara", "Ele fica o protegendo só porque são da mesma família". Rendal dá uma olhada ao redor e todos ficam quietos. Ele entra no buraco da parede e ajuda Nicolas a sair. Este havia acabado de recuperar a consciência, mas estava com a cara amassada e o nariz roxo do soco de Mio. Então, olhando-a com lágrimas nos olhos, ele fala:

— Professor, ela me agrediu com uma arma, além de ter quebrado as regras sobre luta, violou a regra de uso de arma em local proibido. 

— Isso é verdade? 

— Rendal fala, encarando Mio. "Eu falei, lá vai ele protegendo o queridinho de novo" mais uma fofoca ecoou entre os alunos.

Assim, Mio o encarou diretamente, olhou para Rendal e falou: 

— Quem diabos é você mesmo? 

Todos no recinto quase caíram, sem acreditar na resposta de Mio. Bea a puxou para perto e então falou: "Ele é um professor". Assim, ela voltou a encará-lo, como se tivesse algumas dúvidas. 

— Hummm, esquece, eu não lembro. De qualquer jeito, eu não fiz o que ele disse, apenas o soquei na cara, além do mais, como ele quer julgar alguém quando os amigos dele acabaram de tentar nos cortar? 

— Mas aquilo não fui eu e eles não acertaram, talvez eles só quisessem afastar vocês de mim ou levá-las até a arena, mas vocês os golpearam também. 

— Não f***. 

Todos novamente começam a cair com o linguajar de Mio, que parecia piorar a cada segundo. 

— Eu não sei o que aconteceu e talvez eu precise punir todos, até mesmo Nicolas, sobre esse incidente, mas uma coisa que não posso deixar passar, mocinha, é você com essa atitude na presença de um professor, principalmente se realmente tiver usado uma arma em local indevido, sabendo como isso é terminantemente proibido. 

— Ei, Bea, eu tô morrendo de sede, quer comprar um refrigerante pra mim, não? 

— Tá louca, compra você. 

O professor se irritava cada vez mais, percebendo que estava sendo ignorado. 

— Tá bom, faremos assim: vamos descer lá embaixo na arena agora, e vamos lutar. Se você conseguir me golpear com um soco com tanta força que eu acredite que o dano infligido em Nicolas realmente foi um soco, eu deixo essa passar, se não, eu aproveitarei que estamos na arena e já aplicarei a sua punição. 

Todos começaram a ficar sem acreditar e mais cochichos eram ouvidos: "O quê? Ele não pode estar falando sério? Um professor desafiando uma aluna, isso já passou dos limites, não?". Vários cochichos seguindo essa linha de raciocínio eram ouvidos quando, de repente, Rendal os encara e todos voltam a fazer silêncio. 

— Então, garota, o que me diz?

Kurokawa, preocupada, respirava fundo, tentando ir lá para pará-los antes que fizessem alguma loucura, quando ela nota Luck já correndo na direção de Mio, mas só para um grito ser ouvido vindo do teto, fazendo um buraco nele e caindo entre Mio e Rendal. 

— ESSA PROPOSTA EU ACEITO!!!

 Um homem alto, de mais de 2 metros, porte físico elevado, cabelo branco e óculos com as quinas pontudas, usando um sobretudo preto com detalhes vermelhos por dentro mostrando seus músculos, falava, encarando Rendal, e assim mais cochichos eram ouvidos: "Espera, aquele?! É o demônio da violência Sakata Kintoki!". O garoto emanava agressividade, encarando o professor nos olhos, sem demonstrar hesitação. Assim, Mio começa a se aproximar e salta na direção dele. 

— Kin!!! Você veio me salvar, né? 

Mas quando ela se aproxima, Kintoki lança um chute contra a cara de Mio, lançando-a em alta velocidade na direção da arena. 

— CLARO QUE NÃO, IDIOTA!!!

"Não veio????" Todos ao redor começam a ficar completamente confusos, tentando entender o que estava acontecendo, afinal. Todos, exceto Bea, que apenas continuava encarando Kin.

— Já que é você quem vai lutar, acho que não precisa de ajuda. Sendo assim, vou comprar alguma coisa pra comer. 

Assim, ela caminhou para frente, indo em direção a Kurokawa, Chuya e Luck, e olhando para Chuya, falou:

 — Onde você comprou tudo isso? 

— Ah?, foi no cara ali na entrada. 

Chuya falava, tentando entender a situação.

Rendal então caminhou em direção ao garoto que havia feito um buraco no teto e, encarando-o, falou: "Destruição de propriedade da escola e falta de respeito com um superior... parece mesmo que vocês da classe -13 não sabem se comportar. Sendo assim, eu aceito essa sua proposta idiota, garoto, vou aproveitar para te usar de exemplo e dar uma lição em todos os idiotas dessa classe." Enquanto ouvia aquilo, um sorriso enorme aparecia no rosto de Kintoki, enquanto Mio, saltando, voltava para o andar de cima. Kurokawa correu até ela, enquanto Rendal e Kintoki saltavam para o andar de baixo.

— Mio, você está bem? 

— Hum? Ah, tá tudo bem, foi mal por antes, Kurokawa, é que às vezes eu deixo o sangue subir à cabeça e acontece isso. 

— Ela falava, agora com o jeito de falar totalmente diferente e bem mais calmo, voltando a ser a Mio que eles lembravam. 

— Eu não sei o que é mais assustador, essa mudança de personalidade gritante ou o fato de você ter sido lançada contra o chão com aquela força e ter voltado aqui sem nenhum arranhão. 

Chuya falava, encarando Mio. 

— Esquece isso, vamos lá pegar alguns assentos, o Kin vai lutar, vocês não vão querer perder isso. 

Assim, todos correram até as arquibancadas, tentando pegar um local com a melhor vista para poderem assistir aquilo, sem nem mesmo acreditar: um aluno lutando contra um professor ao vivo. Assim que Mio, Luck, Kurokawa e Chuya se sentaram, trazendo uma pilha de comida, Beatrice se aproximou, colocando toda a comida que trouxe em uma cadeira e se sentando ao lado de Kurokawa.

— Ainda bem, eu não perdi a luta. 

— Ei, Bea, eu também tô com fome, esse refrigerante que você trouxe é meu, né? 

Ela começava a se esticar por cima de Kurokawa para pegar um pouco de comida, enquanto a esmagava com seus seios. 

— Anda logo e pega alguma coisa, desse jeito você vai matar a Kuro. 

Beatrice falava, passando comida para ela. 

— Ah, foi mal, Kuro. 

— T... t a... tá tudo bem... 

Kurokawa, morrendo de vergonha e aceitando que agora havia virado a "Kuro" para as duas, dizia, enquanto tentava se acalmar.

Assim, na arena, tanto o professor quanto Kintoki se encaravam de frente e depois davam dez passos para trás, antes de finalmente darem a largada para o começo da batalha. "É sério, vamos ver o demônio violento da classe -13 em ação, dá pra acreditar?" Mais fofocas eram ouvidas quando Kurokawa finalmente pergunta: 

— Mas afinal, o que é isso de classe -13? 

E Bea responde: 

— Você não sabe?..... basicamente é a nossa classe. 

Kurokawa fala com uma expressão de quem já deveria esperar aquela resposta, assim, Mio começa a explicar.

— A sala -13, ou a sala dos loucos desajustados, é a sala criada para os estudantes problemáticos do colégio. Normalmente, em todos os anos, há indivíduos que acabam causando problemas e, às vezes, afetando negativamente o aprendizado de outros alunos, seja por sua personalidade, seja pelo fato de serem aberrações que aprendem sem treino ou pessoas com habilidades tão bizarras que não dá para enquadrar em um ano correto.

Luck então começa a falar: 

— Isso deve ser recente, porque vinte anos atrás não tinha. 

— Se é recente ou não, eu não sei, não tem como eu saber de coisas de vinte anos atrás.

Quando então finalmente os dois na arena terminam de dar seus passos e se viram, prontos para começar, todos ficam em silêncio, concentrando-se ao máximo para ver quem seria o primeiro a se mover e qual seria sua velocidade, mas ambos ficam parados, se encarando, quando Rendal fala: 

— Toda aquela pinta de corajoso para agora hesitar? 

— Hesitar? Professor, do que está falando? Acha mesmo que eu tomaria uma atitude tão covarde?

 — Então, o que está esperando, um aviso de que já começou? 

— Não, óbvio que não, é que sabe, eu tenho um costume para que as lutas não sejam entediantes e acabem em um único golpe, eu sempre deixo meu adversário fazer o primeiro movimento.

Assim, Kintoki estica os braços, deixando a guarda completamente baixa, como se estivesse o convidando a atacar. 

— Então vamos lá, professor, cai dentro, use o seu melhor!

O professor ficou completamente irritado ouvindo tamanha provocação sem sentido. 

— Por acaso está querendo que eu te mate? 

Em cima da arena, nas arquibancadas, Mio começava a rir: "Ele realmente falou isso para o professor". E Bea, sem parar de comer ou prestar atenção no campo de batalha, falava: 

— Você sabe que ele não tem escolha, foi a restrição autoimposta que ele colocou na habilidade dele. 

— Eu sei disso, mas hahahaha. 

Kurokawa ficava completamente perdida no que elas estavam falando quando Luck fala:

— Você que era do primeiro ano não devia saber, mas a restrição auto imposta é um tipo de regra pessoal que cada usuário coloca em sua habilidade para aprimorar os efeitos da habilidade ou de algum fator dela.

Chuya, ao lado, ouvindo aquilo, reagia: 

— Você fala como a sua, que explica sua habilidade para o oponente?

 — Exato, a dele deve ser outra coisa, como provocar seu inimigo ou deixar ser atingido primeiro, algo do tipo, eu não sei quais os benefícios isso garante, mas uma restrição tão arriscada com certeza vai dar um benefício poderoso, afinal, deixar ser atingido por um ataque, dependendo do inimigo, ele pode acabar morrendo no primeiro golpe.

  • "Esse cara deve confiar muito na resistência ou sua habilidade deve impedir que ele morra de primeiro golpe... não, entre essas, faria mais sentido se fosse o primeiro caso, já que, se fosse o segundo, o bônus que ele receberia do primeiro golpe seria desperdiçado.

Assim, Rendal, enfurecido, jogou sua espada longe: "Tá bom, garoto, vou realizar seu pedido, só evite morrer, eu não quero encher nenhuma papelada." Assim, de repente, folhas de papel começaram a aparecer em volta de Rendal, formando uma lança de paladino enorme, seu corpo se encheu de Ether e ele falou: 

— Só para saber, seria uma escolha mais sábia se desviar, saiba que esse ataque pode até mesmo perfurar um tanque militar anti-shaper, sendo assim, se não desviar, vai virar queijo suíço, pirralho!

De repente, enquanto o Ether de Rendal emanava, Kintoki fazia uma cara estranha, com a boca aberta. 

  • 'Sabia, esse garoto é só papo furado. Farei ele perceber o quão forte é meu ataque, deixando ele desviar e perfurando a parede reforçada de Aerium atrás dele, assim ele não terá escolha a não ser admitir o quão errado estava. E se ele não admitir, irei atacá-lo com meu golpe e perfurar sua perna, aqui nessa escola com os habilidosos Shapers médicos, uma perna ou duas sendo perdidas não será um problema.'

Assim, ele começou a correr em alta velocidade. Luck e Chuya são os primeiros a notar o quão forte era aquela técnica, pela massa de Ether que se movia, empurrando a lança, mas Kintoki, com os olhos cobertos de sombra, não se move, e o golpe continua até que colide diretamente com ele. Uma explosão acontece, enchendo o campo de batalha com uma cortina de areia. Assim que ela começa a abaixar, ninguém acredita no que está vendo: a lança de Rendal não havia perfurado o corpo de Kintoki, mesmo atingindo-o diretamente. Rendal se assustou e então Kintoki falou: 

— Que porcaria... 

Kintoki falava com uma cara cheia de agonia. Rendal, tentando manter a pose, falou: 

— É isso mesmo, e se você não pedir desculpas, vai sentir muito mais dor se eu começar a levar a sério! 

— Então é isso, como eu imaginei, é realmente muito frustrante.

Assim, Kintoki segurou a ponta da lança de Rendal com a mão e o puxou para perto. 

— É uma tremenda porcaria frustrante, saber que estão me comparando a um mísero tanque anti-shaper!!!!

Assim, Kintoki acerta um soco no peito de Rendal, jogando-o vários metros de distância, atravessando as paredes da arena. 

— Se já percebeu a verdade, é melhor parar de pegar leve, maldito! Vamos com tudo, pois na sua frente está simplesmente o homem que vai superar Deus!!!! Hahahaha! 

Kintoki gritava seu discurso cheio de arrogância, sem hesitação, enquanto seu Ether, enorme como um oceano, afastava as pessoas das arquibancadas para trás. Assim, Rendal aparece, saindo de dentro do buraco, completamente cheio de areia e com a boca melada de sangue. Os dois se preparavam, se encarando, como se agora a luta a sério realmente fosse começar, quando então alguém aparece ao lado de Kintoki, dá dois toques no ombro do garoto e, quando ele se vira, é socado no estômago. Assim, Kintoki começa a cair e Ryunosuke o segura. 

— Beatrice, Mio, Kurokawa, Luck e Chuya, todos da classe -13, fora, a aula de vocês é no campo atrás da escola. 

Todos encaravam, sem acreditar na tranquilidade com que o homem fez aquilo. Assim, ele olha para Rendal e fala: 

— Ah, verdade, foi mal, meus alunos acabaram causando problemas, né! Eu prometo que compenso outra hora. 

Assim, ele começa a se virar, olhando para seus alunos, e, assustados, todos começam a correr, indo para fora do ginásio. Assim, ele se vira uma última vez para Rendal, antes de desaparecer, assim como havia aparecido misteriosamente: 

— Verdade, esqueci de comentar, você é novo, então não deve saber, mas não subestime os alunos da classe -13, professor. 

Assim, ele desaparecia, deixando todo mundo completamente confuso, mas com a certeza de uma coisa: que com certeza era melhor não se envolver com a classe -13 de novo

Parte 4 

Parque de Descanso 

— Deixa essas piadinhas e fala logo, como assim "minha irmã"? E que história é essa de reencontro? Eu não lembro de já ter te visto antes. 

— Acho que ela tá falando de quando você viu ela na sala de aula. 

Anna se aproximou, ainda comendo seu pão de melão, quando, de repente, ele acabou e ela fez uma cara de surpresa e tristeza em seguida. 

— Obrigado, Anna, essa informação teria sido bem útil há poucos segundos atrás. 

Dante falou, completamente envergonhado, percebendo que realmente havia visto a garota em sua sala.

 — Bom, seja como for, antes de tudo, acho que preciso me apresentar, meu nome é Vivian Scarlune, prazer em conhecê-lo, oni-chan! 

Dante fez uma cara estranha, ouvindo aquilo e olhando para ela. 

— O que foi? Será que eu fiz algo errado? Tinham me contado que meu irmão era um otaku sem salvação, então eu achei que isso o deixaria feliz. 

— O que foi que falaram de mim enquanto eu estava morto... 

Anna então, ainda com a cara triste, voltou para o banco e se encolheu, falando: 

— Não parece que eles mentiram muito. 

— Anna, de que lado você está?! E por quanto tempo vai ficar triste só por causa de um pão de melão?

 — Hahaha, vocês são realmente engraçados, bem o que eu esperava, ainda mais do meu maninho, o último sobrevivente dos anormais. 

Dante notou que, apesar de estar calma e rindo, a pressão do Ether de Vivian ia lentamente mudando. 

— Então, maninho, sem mais atrasos, me deixe matar logo essa curiosidade, eu realmente preciso saber da diferença que existe entre nós.

 A garota falou, com um sorriso gentil e calmo no rosto, mas Dante sentia outra coisa, o Ether roxo esquisito que vinha dela mostrava que, apesar da aparência, ela era o tipo de pessoa que jamais deveria ser subestimada. Assim, ele saltou, se colocando em posição. 

  • 'Se eu vacilar e não levá-la a sério, minha cabeça rola.'

 — Tá bem, maninha, eu aceito esse seu desafio, mas se eu vencer, tem algo que eu vou querer saber. 

— Hum, à vontade, se vencer, pode me perguntar o que quiser.

Assim, Dante e Vivian se movem, indo na direção um do outro. De repente, Vivian começa a moldar seu Ether, virando uma enorme tesoura que assume um formato físico. Ela divide ambas as lâminas e dispara vários cortes na direção de Dante. Dante salta e esquiva, e atrás dele, as árvores caem, sendo cortadas apenas pelos cortes de ar de Vivian.

  •  "Isso é perigoso, acho que ela está tentando me analisar."

Vivian junta sua tesoura novamente e a joga no ar. Em seguida, salta em cima dela, usando-a como uma prancha e seguindo na direção de Dante. Dante, vendo aquilo, começou a correr, tentando despistá-la por dentro da floresta, mas ela continuava o perseguindo. Assim, ela foi se aproximando cada vez mais, e Dante começa a se abaixar, assim os círculos mágicos aparecem em seu braço e ele desviou por baixo da tesoura, colocando o pé no aro do cabo e puxando a tesoura para trás, fazendo com que Vivian fosse direto para frente, indo de encontro com a árvore. Mas Vivian dá um mortal no ar, voltando a encarar Dante, agora com a íris de seus olhos completamente vermelhos e um sorriso aterrorizante na face. 

— Tá, agora essa cara combina mais com esse seu Ether.

 Dante deixa sua aura de Ether vermelho sair, e assim ambos continuam se encarando. De repente, a tesoura na mão de Dante começa a se mexer, abrindo e fechando violentamente sozinha.

"Não é bom deixá-la longe de sua mamãe por muito tempo." 

De repente, a tesoura emana várias lâminas roxas em volta dela, como espinhos, cortando a mão de Dante e o fazendo soltar. Assim, Vivian salta, segurando sua tesoura e balançando-a tão rápido que corta um pouco do abdômen de Dante. 

— Já te disseram que você é assustadora, maninha? 

— Umu. 

Ela respondeu com um sorriso fofo e, assim, moveu sua tesoura, movendo a parte onde Dante estava segurando para a boca. Assim, ela lambe o sangue de Dante na tesoura e seus olhos brilham ainda mais fortes. De repente, a visão de Dante fica embaçada, e o mesmo se sente fraco, assim como seu sangue continua a descer de seu machucado.

  •  'O que tá rolando? Isso já devia ter se regenerado.'

Assim, Vivian salta em sua direção e Dante não consegue se esquivar, sendo cortado no braço e logo em seguida lançado contra uma árvore atrás dele. Ela então move sua tesoura, indo para cima dele com uma investida, usando-a como se fosse uma lança. 

— Se não fizer nada, você vai virar espetinho, irmãozinho. 

— Droga... Liberar Arquivo: Segundo Modo: Deus da Velocidade

 Assim, as partes vermelhas do cabelo de Dante brilham, enquanto dois pares de chifres em sua testa começam a pegar fogo. Ele então se abaixa, chutando a perna de Vivian, fazendo-a cair, mas antes de atingir o chão, Dante salta, pega uma pedra, vira para a direção dela e, com o braço direito cheio de círculos mágicos que giravam, lançava a pedra, que acelerava e assim a atingia, lançando-a vários metros, atravessando as árvores, até parar ao colidir com um grande carvalho antigo. Dante se levanta, olhando para ela com a mão direita fazendo um sinal de pistola. Assim, ele dispara uma certa quantidade de Ether, com fragmentos de metal que ele reuniu do ar e concentrou em um único ponto, assim após ser disparado atravessa vários círculos mágicos, fazendo com que o disparo acelerasse toda vez que passava por um círculo diferente. Assim, ele a atinge com tudo, fazendo-a atravessar o velho carvalho. Assim, ele começava a respirar pesado quando Anna chega até ele. 

— Idiota, o que você tá fazendo? Tá tentando matar ela? 

E quando Dante percebe o que fez, começa a correr na direção da garota, junto de Anna.

  • "Droga, eu também não sei o que aconteceu, mas por alguns minutos meu cérebro desligou e eu agi por instinto, como se estivesse enfrentando algum monstro perigoso ou..."

Assim que eles chegavam até ela, a garota lentamente ia se levantando, seu braço deslocado era facilmente colocado no lugar, seus arranhões e cortes rapidamente desapareciam e assim ela o olhando com um sorriso no rosto fala

— O que foi? Ainda nem começamos

assim dante percebe porque seus instintos reagiram daquela maneira 

  • “Porcaria, agora eu lembrei.... tinha logo que ser a droga de um vampiro”.


Parte 4 

30 Anos Atrás. 

O garoto com a pequena garota nos braços caminhava pelo laboratório escuro e destruído, cheio de garras e amassados, como se uma grande fera tivesse andado por aqueles corredores escuros. Assim, ele continuava caminhando, enquanto a garota se apertava contra ele, ainda com medo de sequer olhar para os lados. Depois de alguns minutos caminhando, os dois chegaram até uma ala aberta. Lá havia algumas árvores e brinquedos de criança, como um parquinho infantil, embora estivesse no subterrâneo de um laboratório. Assim, o garoto continuou a caminhar até chegar em outros três que pareciam estar o esperando.

— Tinha que ser o Dante, sempre o último a chegar. 

— Cala boca, Sanemi. Ele, pelo visto, encontrou alguém que estava perdido. O que você fez em todo esse tempo? 

— Ah, e como sempre, lá vai a Lin, protegê-lo. Zero surpresas. O que vocês têm a dizer sobre isso, Nero, Saito?

Dois dos quatro garotos esperando que estavam conversando eram Sanemi Scarlune e Lin Scarlune, e os outros eram Nero Scarlune e Saito Scarlune. Todos estavam investigando até pouco tempo e se separaram para cobrir mais áreas, quando Dante, o atrasado, chegou. Todos já haviam se reunido. Sanemi era um garoto impaciente e estressado, por isso acabou gritando com Dante sem pensar duas vezes, mesmo notando que ele estava carregando uma garota. Pela aparência, Sanemi devia ter uns oito anos, tinha cabelos brancos e olheiras completamente escuras, o cabelo era bagunçado e grande e lembrava a juba de um leão, e seus olhos eram completamente vermelhos. Já Lin era uma garota de aparência jovem também, por volta dos oito anos, cabelos castanhos e maria-chiquinhas com dois laços amarelos amarrando seu cabelo. Ela usava uma blusa branca com mangas, mas com detalhes nos ombros que os deixavam à mostra. Nero era uma garota de cabelo preto liso e longo e um laço vermelho no cabelo, uma katana, e transmitia um ar frio, como de quem tinha poucos amigos, também por volta dos oito anos. Já Saito era um pouco mais velho, tendo uns dez anos, tinha cabelos pretos, usava um headset nos ouvidos e vivia com as mãos nos bolsos, usando uma camisa preta com o nome "humano" cortado. Assim que Dante se aproximou, Saito foi até ele e retirou os fones um pouco.

— Vai levar ela até as outras crianças? 

— É o que eu pretendo. 

Assim, Sanemi interrompeu a conversa dos dois. 

— Tem certeza sobre isso, Dante? Não precisa ser um gênio para saber que algo errado está sendo feito nesse laboratório. 

— E quem somos nós para julgar alguma coisa? Lin falava com uma cara triste e desanimada, olhando para a garota. 

—Nós não somos diferentes dela, na realidade, se você olhar para esse parque, talvez eles sejam mais normais. 

Scarlune não veem os pais, são criados por empregados e forçados a fazer missões de caçadores desde os cinco anos, jogados para ver se conseguem sobreviver ou não, e aquele grupo em especial era chamaso de geração anormal, simplesmente porque nenhum deles morreu nem perdeu algum membro nessas diversas missões suicídas para qual eram enviados. 

— Eles vão continuar nos jogando nessas missões suicidas até um de nós morrer, para que a morte de um de nós ensine aos outros como somos fracos. Esse tipo de jeito de criar alguém, isso... 

— Isso é monstruoso? Sério que vai dizer isso, Lin? Se olha no espelho, o que você acha que é? Já viu crianças como você antes? 

— Sanemi!, já chega com isso! 

Saito aumentou seu tom de voz de repente.

— Você sabe que eu tô certo! 

— Seja como for, não temos alternativa. Deixá-la aqui ou levá-la conosco seria suicídio, não temos muitas escolhas. Afinal, dessa vez eu acho que todos sentiram, dessa vez é possível que todos nós morramos. 

Quando Dante falou isso, todos ficaram quietos, se encarando, sem conseguir negar. Seus pais... não, seus responsáveis sempre faziam com que eles fizessem as missões mais loucas, como lutar contra bandidos, matar goblins, matar lobos gigantes, sempre coisas que pareciam que iriam matá-los. Mas comparado a isso, essa missão os deixava tão desconfortáveis que não tinha como as crianças não acharem que foram abandonadas, deixadas para morrer, uma vez que não havia ninguém que realmente se importasse com eles, ninguém para fazer carinho em suas cabeças, para jantar junto. Tudo que aquelas crianças conheciam era a sala de aula e de treino, e as pessoas que cuidavam delas por ser seu trabalho. 

— Fale o que quiser, se já tiver desistido, só morra de uma vez, mas não importa o que eles digam, eu não vou morrer, eu não vou morrer até alcançar o meu objetivo. 

Nero, com uma cara cheia de ódio e determinação, falava encarando os outros garotos. Assim, Dante correu, saltando com a garota até o fundo do parque, onde havia escadas que levavam ainda mais fundo, descendo-as enquanto carregava a garota com uma mão no ombro agora. A garota ficava com vergonha de dizer que podia andar agora, então, quando eles chegaram no chão, ela saiu de perto do garoto e começou a caminhar, mas com medo e hesitante. Dante, achando que ela devia ter ficado com vergonha de ser carregada até onde estavam seus amigos, se aproximou e deu a mão a ela, e ambos foram caminhando de mãos dadas. Enquanto andavam, a garota falava: 

— Você não tem medo...? 

— De quê? 

— De morrer... 

— Talvez eu tenha, mas se eu parar por causa do medo, aí sim eu vou morrer. 

A garota não sabia dizer o que ele estava dizendo, mas ele tinha um olhar meio vazio, e sua mão, apesar de calma e não tremer como a dela, continuava fria e suando, assim ela percebe:

  •  'Ele também tá com medo.'

 Assim, eles chegaram até o local aonde os cientistas estavam mantendo as crianças, mas antes de chegar na entrada, a garota o parou e disse que podia ir o resto sozinha. Dante, imaginando que ela devia ter vergonha de aparecer sendo levada por alguém, disse que entendia e se virou, mas antes de ir, a garota puxou sua camisa e falou: 

— Ah... eu... qual é o seu nome? 

— ...Meu nome é Dante, Dante Scarlune

— O meu é Velvet, Velvet Twelve. 

— Entendi, espero que possamos nos ver de novo algum dia, Velvet. 

Assim, o garoto sorriu antes de começar a correr, indo direto para a saída. Sem olhar para trás, ele subiu as escadas, pensando se um dia iria realmente reencontrá-la. Assim, ele subiu até a saída e os outros ainda estavam lá o esperando.

— Bom, agora que voltou, acho que devemos ir.

Saito falava e, assim, todos reunidos começavam a caminhar até uma das entradas. Os corredores estavam completamente quebrados.

Os longos corredores do laboratório subterrâneo, destruídos por uma fera desconhecida, com garras enormes e fortes, eram um espetáculo assustador. Os fios pendurados no teto, faiscando e causando desconforto, e o sangue espalhado pelo chão criavam uma atmosfera de terror. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pelo som das gotas pingando do teto e pelo crepitar dos fios elétricos, assim como pelos passos das crianças, o que tornava o ambiente ainda mais assustador.

Os corredores eram longos e sinuosos, aumentando o medo e a ansiedade, principalmente pelo fato de não saberem quando a criatura que eles buscavam iria aparecer, mas, mesmo assim, reunindo sua coragem, eles continuavam a caminhar. Lin se agarrava ao braço de Dante, enquanto Sanemi parecia incomodado, mas não reclamava, por saber que isso poderia atrair o monstro.

Assim, enquanto caminhavam pelos corredores, Sanemi via algo do outro lado de uma das janelas, observando uma sala estranha. 

— Que merda é essa? 

Sanemi, então, chutou uma porta que se abriu com um rangido agoniante, revelando uma sala repleta de tubos de ensaio com líquidos coloridos e brilhantes. No centro, um corpo boiava em um tanque, com fios e tubos conectados ao seu corpo. 

— Parece algum tipo de experimento 

Observou Lin, cobrindo o nariz com a mão. O cheiro de produtos químicos era forte e nauseante. Dante se aproximou, examinando os monitores que piscavam com informações incompreensíveis. Diagramas complexos e fórmulas químicas se alternavam na tela, mostrando dados sobre o corpo no tanque.

 — Aqui diz que é um clone

 Disse Dante, franzindo a testa. 

— Basicamente, eles estavam brincando de Deus aqui. 

Nero falou, observando os monitores também. A cada sala que exploravam, o laboratório se tornava mais perturbador. Encontraram salas com máquinas complexas que pareciam gerar órgãos e tecidos humanos, incubadoras com fetos em diferentes estágios de desenvolvimento, e até mesmo clones de animais, alguns com mutações grotescas. 

— Este lugar... é monstruoso 

Disse Lin, assustada, ainda agarrada a Dante. 

— Mas quem são esses caras? O que eles estavam tentando fazer aqui?

 Enquanto avançavam pelos corredores escuros e úmidos, a sensação de que estavam sendo observados aumentava. Sombras se moviam nos cantos das salas, e o silêncio era interrompido por ruídos inexplicáveis, como sussurros e passos distantes. 

— Saito, você sabe de algo? 

Perguntou Sanemi, olhando para um dos tubos enquanto pensava

  •  não estamos sozinhos

— Tudo que eu sei é que foram eles que produziram aquele sangue artificial para vampiros. 

— Artificial? Será mesmo ou será sangue de clone que eles estão servindo? 

Assim, eles sentem uma sensação de frio percorrendo suas espinhas. 

— Precisamos encontrar essa criatura logo e dar o fora daqui 

Disse Saito também, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. Dante, então, encontra uma foto em uma das salas. A mesma estava melada de sangue, mas ainda dava para ver quem estava na foto. Parecia ser Velvet e outras crianças, todos pareciam bem próximos, como se fossem família ou o que ele achava que deveria ser uma família. Ele continuava vendo-as sorrindo e, quando percebe, chama a atenção dos outros. 

— Ei, vejam isso. 

Todos se aproximam em volta dele, observando a foto que Dante havia encontrado. Assim, enquanto a analisava com atenção, percebiam que, ao lado dos cientistas no fundo da foto das crianças, estava um dos doze Lordes Demônios, a rainha vampira Carmilla, deixando todos confusos. 

— Por que tinha uma vampira aqui? 

— Espera, calma, faz sentido ter uma vampira aqui se eles produzem produtos para vampiros, né? 

— Mas, entre todos, por que logo a rainha vampira, que ainda é uma Rainha Demônio? 

E, então, todos escutam os passos atrás deles. A criatura finalmente os havia encontrado, e a caçada começava.


Parte 5

30 Anos Depois

Dante encarava sua "irmã", que o encarava em resposta do meio das sombras das árvores. Poucos segundos após se levantar, seu corpo já estava completamente curado de todo o dano recebido. Além disso, através de uma magia, sua roupa rasgada aos poucos se consertava, fazendo com que ela voltasse completamente ao seu estado original antes de todo aquele confronto. 

— Para alguém que ainda quer lutar, você está desperdiçando muito éter com bobagem, ou será que não me acha forte ao ponto de precisar se preocupar com a economia de éter? 

— Hora, hora, maninho, quer dizer que eu não posso nem me preocupar em ficar bem vestida na frente do meu irmão ou será que você estava querendo ver a Vivian sem roupa… ah, o oni-chan é um pervertido

. Ela respondia calmamente, sem qualquer sinal de preocupação, mesmo depois de receber ataques de Dante lutando a sério. E para Dante, o mais preocupante naquele momento era o fato de sua mente ainda estar tonta e sua visão embaçada, e principalmente nos machucados pelo seu corpo que pareciam ainda não estarem se curando. Vivian, sorrindo de um jeito fofo, abre sua tesoura transformando em duas espadas novamente e continua o encarando. 

— Agora que você sabe que não vai me matar fácil, já está na hora de parar de pegar leve. 

— Do que você está falando? Como assim eu estou pegando leve? 

Dante falava, observando com atenção para onde a voz de Vivian vinha, mas pouco a pouco deixando de enxergar. 

— Eu assisti à sua luta no navio. Eu sei que era você. Naquela hora, você estava usando uma katana, não é? 

No confronto transmitido, Dante realmente utilizou uma katana durante seu combate. No entanto, nunca foi seu estilo de luta, e o mesmo sabia que não tinha nenhuma técnica de espada. Quando um amador tenta inventar moda e usar uma espada sem prática, pode até funcionar e causar danos em outro amador ou em uma criatura irracional. No entanto, quando usado contra outro lutador experiente, as várias brechas que ele poderia não intencionalmente mostrar poderiam custar sua vida. Assim, Dante não estava interessado em usar a katana novamente, mas Vivian, vendo aquilo como um insulto, salta em sua direção realizando um corte.

— Se não usar a katana agora, vai morrer! 

Dante, no desespero sem saber o que fazer, se prepara para devolver o ataque com um chute, concentrando todo seu éter em sua perna, já esperando que acabaria sendo cortado, mas se esforçando para impedir um dano letal. Assim, ambos atacam com força total em uma velocidade que já não podiam mais parar ou retroceder, apesar de verem que podiam ter feito a escolha errada. 

Assim, o choque dos ataques estava para colidir quando um homem aparece entre os dois, pegando e parando as lâminas de Vivian com uma mão, enquanto segurava o chute de Dante com a outra. 

O impacto de éter é dispersado por uma aura rapidamente emanada do homem no meio dos dois, que os faz quase voarem para longe, mas os segura puxando pela perna e a tesoura. Vendo o homem, Dante fica impressionado, percebendo que ele não havia nem sequer se arranhado mesmo segurando ambos ataques com as mãos limpas. 

O homem então larga os dois e ajeita seus óculos, empurrando-os para trás. Assim, Vivian, encarando-o com uma cara assustada e suando frio, fala: 

— Maninho Blade… o que você está fazendo aqui?

 — Não é óbvio? Fui convocado por uma sala de aula que relatou mais problemas vindos de sua classe. Na hora, eu automaticamente percebi que você poderia estar envolvida. 

— O que eu não fiz… 

— Vivian, eu já sei que você não estava envolvida naquele incidente em específico, mas isso é porque você estava causando confusão no parque de descanso quando deveria estar no meio da aula. Estou errado? 

—… umu

. A garota, encurralada pelas palavras do homem, simplesmente fez uma cara triste e aceitou as broncas como se não tivesse poder algum de resposta. Dante nem conseguia acreditar. Toda a aura que Vivian emanava havia desaparecido e agora ela se comporta realmente como uma simples garota assustada, ouvindo as reclamações do homem, quando então, de repente, uma pequena garota de cabelos escuros meio roxo, pele pálida com um tom puro e olhos brilhantes, mas meio magra, apareceu saindo de trás do homem e falando: 

— Por favor, Mestre Blade, acho que o senhor já falou o suficiente. De qualquer forma, a Senhorita Vivian se controlou para não acabar fazendo muita confusão e também precisamos ir logo até o local da reclamação. 

Assim, Blade para de brigar, ajeita seus óculos, empurrando-os para trás, e diz que deixaria passar dessa vez, mas que Vivian deveria deixar de perder tempo e ir logo até a aula. Vivian aceita sem fazer qualquer reclamação. Finalmente, o homem muda seu campo de visão, olhando para Dante. 

— Já você… bom, não acho que devo me surpreender. Como imaginei, obviamente meu irmão mais velho seria só mais um Scarlune inconsequente.

 — O que você quer dizer com isso? Está me comparando com eles? 

— Quer dizer que estou errado? Tudo que vejo é mais um ser egoísta que faz o que quer sem pensar duas vezes antes. 

—… pode até ser, mas…

 Os olhos dos dois se cruzam por um instante e Dante perde toda a vontade de falar

Os olhos de seu "irmão" passavam uma seriedade diferente. Ele não era como os Scarlune com quem ele estava acostumado a encontrar, mas havia algo a mais, tinha algo que fazia Dante não querer conversar mais, algo que o estava fazendo suar frio, também algo que o fazia incomodado e só querer sair logo dali. 

— Seja como for, irmão, seja bem-vindo de volta à terra dos vivos. Só tente não me dar mais trabalho e se esforce para não ficar no meu caminho. 

Assim, ele se virava e começava a caminhar para a saída, embora desse uma pequena olhada para o lado, observando Anna, que parecia se esconder atrás de Dante, enquanto a garota que o acompanhava fica se aproximando de Dante e então sorri antes de se apresentar. 

— Meu nome é Audrey Willians, prazer em conhecê-lo Mestre Dante.

 Ela estava somente parada na frente dele, o olhando dentro dos olhos enquanto se apresentava. Ela não sorria demais, não parecia fazer uma cara triste, ela não tinha uma expressão diferente, seu corpo era como o de uma boneca delicada, ela não se mexia, ela mal dava sinais ou deixava transparecer qualquer sinal de vontade, ainda assim, do jeito que ela ficava, era como se provocasse, era como se estivesse pedindo para ser tocada. Saindo do local na entrada, Blade chama por Audrey, que se vira dizendo que esperava poder se encontrar novamente com Dante, então partia indo até onde Blade estava. Um tempo depois que ambos saíram do parque, finalmente a pressão se dissipou e eles respiraram bem fundo.

— Tá certo… é melhor voltarmos para a sala. 

— Já vai desistir do combate? 

— Já consegui o que queria, agora entendo mais profundamente quem é você. Deixamos a brincadeira para outra hora.

Assim, Dante se levantava e, junto dela, ia até a saída, dirigindo-se até sua sala. No caminho, continuavam a conversar, enquanto Anna, continuando a fazer uma cara desanimada por algum motivo, os acompanhava sem falar nada.

 — Aquele cara… também é meu irmão?

 — É sim, nossos pais tiveram nós dois enquanto você esteve fora, se bem que Blade nasceu quando você ainda estava por aqui, eles simplesmente não te contaram. 

— Entendi. 

—… e aquela garota, quem é? 

— Tem algum motivo especial para perguntar? 

—… por quê? 

— Se não tiver, prefiro me abster de responder. 

— Então eu tenho. 

— Qual? 

— Aquela garota… ela me deu medo, muito mais medo que você, ou até mesmo Blade. 

— Então você também sente… 

— Você também? 

— Todo Scarlune parece sentir algo quando a encara, é simplesmente esquisito, até onde eu sei não tem bem um motivo para nos sentirmos assim. Ela era a filha de um mercador que estava tentando começar uma colaboração com a nossa família para conseguir criar filiais em reinos que só os estudantes de Babylon e os Scarlune têm acesso. Nessa decisão de união, ele fez uma proposta de casamento usando a filha de 12 anos, obviamente nenhumScarlune aceitaria isso.

Dante olhava e concordava. 

— Claro. 

  • afinal esse é um dos poucos lados bons da família, eles abominam forçar os outros a destinos fixos, todo Scarlune nasce destinado a ter sua ambição, para isso é necessário que o Scarlune tenha total liberdade desde a infância, logo, forçar amarras a um Scarlune o fazendo ter um casamento arranjado seria impensável. 

— Mas as coisas mudaram quando o mercador veio no dia seguinte e apresentou sua filha, todos os Scarlune reagiram a ela, era como se ela escondesse algo, provocasse, ninguém sabia como reagir aquilo, mas não podiam esconder seu interesse querendo saber o porquê daquilo, eles concordaram em trazê-la para a família, mas ela só se casaria com aquele que ela conseguisse conquistar o coração, ou seja, não seria algo obrigatório.

— E esse foi o Blade? 

— Não… eu acho. 

— Que? 

— É meio estranho, eu não sei bem o que eles têm, mas a garota ficou bem próxima de Blade desde o dia que soube da ambição dele. Antes disso, ela era como uma boneca que não fazia nada que não fosse mandado e fazia tudo que fosse pedido sem hesitar, mas do nada, certo dia depois que escutou que a ambição de Blade era de se tornar o novo chefe da família, ela passou a segui-lo para todo lugar, e ele que parece sempre tão frio e reservado parecia ter se aproximado dela, embora ninguém saiba de verdade o que rola de verdade na relação deles.

— Rapaz, o mais assustador dessa história foi descobrir que tem algum louco o suficiente para ter o desejo de virar o líder como ambição, mas sobre a garota, ela deve só estar fazendo isso por interesse, não? Talvez o pai dela tenha pedido para ela se aproximar do líder da família.

 — Não nego que é uma possibilidade, na verdade todos pensaram assim, mas isso foi rejeitado, afinal, Blade está por último nos candidatos a chefe. 

— Que? 

— Para se tornar chefe, uma das principais regras é que o sangue Scarlune esteja com maior quantidade de pureza para que ele continue forte nas próximas gerações, ou seja, tem que ser um primogênito ou alguém que possua mais de duas características de raças diferentes.

— Características de raça? 

— Espera, você não sabe mesmo disso? 

—.... 

— Sério?... 

— O que foi? Eu nunca liguei muito para os Scarlune, sabia. 

— Tanto faz, como você sabe, os Scarlune são uma bagunça de raças diferentes, em poucas palavras somos mais como sombras de humanos fingindo ser humanos. Mas por causa dos outros genes que carregamos em nosso código genético, os Scarlune herdam como efeito de linhagem características de outras raças contidas no nosso DNA, como no meu caso, eu não sou uma vampira, também não sou de fato um meio vampiro, sou um Scarlune com o código genético de um vampiro desperto, ou simplificando, uma sombra de um vampiro imitando um humano. 

— Tá complexo, mas acho que estou entendendo, continue. 

—… tá, bom, quanto mais fatores genéticos um Scarlune tiver, mais significa que seu sangue é puro, tipo o antigo líder que parecia ter herdado características de seis raças diferentes em seu corpo. 

— É verdade, o Ubel Scarlune, tinha um corpo estranho, muitos estavam até acostumados com o fato dele às vezes deixar de ser humano. 

— Oh, então você chegou a conhecer o antigo líder. 

—.... você não? 

— Bom, de qualquer forma, Blade só carrega traços de humano, e para piorar, não é um primogênito, o que meio que impossibilita dele ser o próximo líder mesmo que todos só desejem passar o cargo para alguém. 

— Entendi, logo não faria sentido ficar ao lado dele se o interesse dela fosse apenas ganância. 

— Exato. 

— Falando nisso, quem são os maiores candidatos a novo líder da família então? Soube pela Levy que estão decidindo por votação. 

— Atualmente são, Levy, Solomon, Augustos, Minerva, Dorian, Hans, Luvia, Erika, Eurice, e Você, mas não significa que os outros estejam totalmente fora da corrida, apenas que aqueles que mais atendem os requisitos estão sendo mais votados. 

— Alguém me tira dessa lista agora. 

— Vai ter que fazer isso você mesmo quando voltar. 

Assim, enquanto voltavam, eles acabam avistando um garoto no meio dos corredores procurando algo na lixeira. Dante começa a caminhar até ele enquanto Vivian e Anna continuam paradas. O garoto era meio gordinho, com o cabelo curto e usando óculos, ele parecia muito desesperado procurando algo quando Dante, que chegou perto, perguntou.

— Perdeu alguma coisa?

O garoto nervoso salta para trás sem perceber e, suando muito, completamente em pânico, começa a falar: 

— Ah, não, não precisa se preocupar comigo.

 Assim, ele respirava e se acalmava. 

— Apenas acabei deixando algo cair e estou em uma jornada à procura, não quero atrapalhar, então pode seguir sua trajetória sem medo. 

— Hum, esse jeito de falar, acho que já vi isso. 

O garoto continuava encarando os lugares do chão enquanto ia se afastando, e mesmo sem saber o que era, Dante decide ajudá-lo. 

— Quer saber, talvez eu também tenha perdido uma coisa por aqui, então, se não for atrapalhar muito, acho que também vou procurar. 

— Mas… 

— A verdade é que já que estou procurando o que eu perdi, pode ser que eu ache o que você perdeu também, sendo assim, que tal me dizer o que é que está procurando e eu digo o que eu perdi para você? 

Dante falava sorrindo, olhando para o garoto, e o garoto agradecia a ajuda do novo amigo.

Parte 6

No fundo da escola, Ryonosuke, com a mão no rosto, visivelmente irritado, ficava pensando em como iria torturar os cinco alunos que estavam faltando.


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